12/06/2016 17h35 - Atualizado em 12/06/2016 17h35

Atores que se casaram de palhaços celebram 25 anos de grupo teatral

Grupo de atores tem nome inspirado no Palhaço Tenorino,criado em 1991.
Dinho e Marília se conheceram após a criação do grupo e casaram

Do G1 AC

Atores se casaram vestidos de palhaços em 1997  (Foto: Dinho Gonçalves/Arquivo pessoal )Atores se casaram vestidos de palhaços em 1997 (Foto: Dinho Gonçalves/Arquivo pessoal )

Um amor que surgiu nos palcos durante apresentações de teatro, um casamento com os noivos vestidos de palhaços, além de um grupo que leva o nome de um personagem icônico da década de 90 no Acre, Palhaço Tenorino. Há 22 anos, o teatro uniu Dinho Gonçalves e Marília Bonfim.

Sempre muito atuante no cenário teatral do Acre, o paulista Gonçalves, em 1991, escolheu a capital acreana para criar um grupo de teatro em que pudesse agregar artistas locais. Porém, não imaginava que conheceria a mãe de seus filhos durante as falas encenadas.

Marília entrou no grupo quando tinha 16 anos, mas começou a namorar com o ator apenas aos 19, quando o sentimento se fortaleceu e ultrapassou a amizade. “A gente se conheceu no grupo, tínhamos uma relação normal de aluno e professor, depois é que a gente começou a ficar mais amigo mesmo e começamos a namorar”, conta a atriz.

O namoro durou quatro anos até que, em 1997, o casal resolveu se casar. Porém, o casamento de dois artistas não poderia ser com pouca criatividade. Imersos no mundo do teatro, os dois se casaram vestidos de palhaços em um cartório de Rio Branco. O evento, na época, foi acompanhado por vários meios de comunicação.

“O juiz autorizou o casamento. Na época, foram muitos canais de televisão, depois teve só uma benção de um padre. Somente 5 anos depois é que a gente oficializou o casamento na igreja mesmo”, relembra.

Juntos, o casal teve dois filhos, José Neto, de 12 anos e Mariana, de 2. Além disso, mantêm o Grupo do Palhaço Tenorino (GPT), que atualmente conta com dez artistas e 11 montagens. Uma delas é encenada apenas pelo casal e remete ao personagem infantil que é constante na vida dos atores: o palhaço.

GPT A Menina e o Palhaço (Foto: Arquivo Pessoal)Atores encenam peça 'A Menina e o Palhaço' juntos  (Foto: Arquivo Pessoal)

‘A Menina e o Palhaço’
Encenada desde 2001, a peça “A Menina e o Palhaço” traz a delicada e divertida relação entre uma menina tristonha e um palhaço cheio de conflitos e como eles descobrem, na recém-descoberta amizade a força para seguir em frente. O espetáculo é um diálogo apenas feito com o casal, que inclusive já inspirou uma exposição.

Dinho e Marília são os únicos que estão no grupo desde a formação original. Apesar da química no palco e na vida pessoal, Dinho acredita que a diferença entre Marília e ele é o que faz o grupo dar certo.

Ele diz que não gosta de atrasos e que abomina falta de compromisso. Ele deixa claro que não ser avisado de algum problema é uma coisa que acaba o tirando do sério, situações que sempre acabam sendo suavizadas por Marília, quem o ator considera uma espécie de mãezona do grupo.

"Quando alguém está pisando muito na bola, nem vem falar comigo, vão todos atrás dela e ela quem conversa comigo", comenta Dinho, que também se diverte com a situação.
Marília concorda com o parceiro e diz ainda que considera o grupo como uma segunda família. Ela destaca ainda que a discrepância entre eles é o que equilibra as questões no trabalho e também na convivência do dia a dia e revela ainda que os dois não se veem sem fazer teatro.

“Acho que a gente se completa. Ele tem um lado mais produtor de correr atrás e eu fico mais no lado de organizar as atividades e eventos. Então, o grupo ganha muito com a gente junto. A gente tem dificuldade de não fazer teatro, porque nos conhecemos lá. Às vezes, pensamos em parar, mas nunca vamos conseguir”, finaliza.

GPT Saltimbancos (Foto: Arquivo Pessoal)'Saltimbancos' é uma das peças apresentadas pelo grupo  (Foto: Arquivo Pessoal)

Projetos
No mesmo ano de surgimento, em 1991, o grupo estreou sua primeira montagem, a peça "Fala Palhaço". Dois anos depois, começou a realizar trabalhos adultos com a peça "Navalha na Carne", em 1993. Mas são as peças infantis que o grupo mais apresenta, como "Os Saltimbancos" e "A Menina e o Palhaço", que marcaram a infância de muitos acreanos.

Foi com "A Menina e o Palhaço", escrito pelo casal e estreado em 2001, que Dinho acredita ter realizado um dos melhores projetos do grupo. Com o "Teatro nas Vilas e nas Cidades" o grupo apresentou o espetáculo em vários locais pela estrada de Cruzeiro do Sul, como na beira do Rio Gregório e do Rio Jurupari.

Dinho conta que foi uma das experiências mais prazerosas e relata algumas lembranças. "Em uma dessas apresentações, tinha um cara que eu percebi no meio da peça, um agricultor, simples e humilde, mas que parecia uma criança, ele ria que era uma maravilha. Ele estava se divertindo", lembra o ator.

Na época do casamento, vários meios de comunicação acompanharam a união  (Foto: Dinho Gonçalves/Arquivo pessoal)Na época do casamento, vários meios de comunicação acompanharam a união (Foto: Dinho Gonçalves/Arquivo pessoal)