Colet�nea discute impacto da crise no sistema monet�rio
A hist�ria do capitalismo s� registra uma troca de moeda. Aconteceu depois de duas guerras mundiais e de uma enorme recess�o. Foi quando o padr�o libra-ouro deu lugar ao d�lar-ouro, completando a derrocada do imp�rio brit�nico diante do poderio norte-americano.
Desde ent�o, o d�lar reina sozinho. Nem o fato de ser ber�o da crise deflagrada com a ru�na das hipotecas, em 2008, o abalou. Ao contr�rio, a moeda dos EUA segue sendo o padr�o de reserva e a base para os neg�cios mundiais. O euro, que tinha pretens�es de dividir a cena, ficou enredado em problemas.
Afinal, moeda � poder –pol�tico, militar, econ�mico. E ningu�m rivaliza com a superpot�ncia norte-americana em nenhum aspecto. Mas o quadro � din�mico e h� muito a discutir sobre o futuro do d�lar, do euro– e da entrada da moeda chinesa (o renminbi, cuja unidade b�sica � o iuane) no cen�rio mundial.
Com foco na quest�o monet�ria, mas sem deixar de lado a pol�tica, "As Transforma��es no Sistema Monet�rio Internacional" traz uma colet�nea de textos que ajudam a debater esses pontos.
Logo na abertura, Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo, da Unicamp, desconstr�i a tese de que a crise na zona do euro � da d�vida soberana.
"A crise dos governos � a crise dos bancos. A crise dos bancos � a crise do cr�dito. A crise do cr�dito � a crise do gasto. A crise do gasto � a crise da renda e do emprego."
Para ele,"a crise europeia � uma aula de privatiza��o dos lucros e socializa��o das perdas". Onde "governos engoliram estoque da d�vida privada e expeliram uma montanha de t�tulos p�blicos".
Belluzzo lembra como os bancos alem�es, franceses e holandeses empurraram empr�stimos para a periferia do euro. Assim, a Alemanha ampliou vendas e manteve seus empregos industriais. Entre 1996 e 2008, suas exporta��es em volume cresceram a uma velocidade duas vezes maior que as vendas externas dos parceiros europeus.
Avaliando a crise do euro, Benjamin Cohen, professor de Ci�ncia Pol�tica da Universidade da Calif�rnia, afirma que a moeda europeia n�o tem os dias contados, mas que a "lideran�a compartilhada com o d�lar est� fora do alcance". J� Aline Martins, doutoranda em ci�ncia pol�tica da Unicamp, faz uma an�lise mais pol�tica:
"A crise vem evidenciando a proemin�ncia dos interesses da oligarquia financeira perante governos democraticamente eleitos, minando possibilidades de salvaguardar direitos e liberdades". Segundo ela, os governos foram coagidos a seguir uma cartilha fiscal, colocando "em segundo plano a garantia de um m�nimo social aos cidad�os".
Tyrone Siu/Reuters | ||
![]() |
||
Em Hong Kong, cartaz promocional de casa de c�mbio mostra reprodu��es de c�dulas |
D�LAR E RENMINBI
Ela e Marcos Ant�nio Macedo Cintra, economista do Ipea, escrevem um dos textos mais abrangentes e densos do livro (organizado pela dupla). Nele, discorrem sobre a ascens�o do d�lar e os dilemas da moeda chinesa.
Mostram como os Estados Unidos impuseram a liberaliza��o financeira e promoveram pol�ticas de abertura comercial e integra��o produtiva, enquanto seus bancos se tornaram gestores da finan�a e da moeda universal. Nesse processo foi constru�da a rela��o simbi�tica entre China e os EUA.
Os chineses entram na globaliza��o produtiva liderada pelos capitais norte-americanos em d�lar, sem ter uma moeda internacional. Afinal, se o yuan fosse utilizado de forma mais ampla, a China n�o precisaria acumular reservas em d�lar –bastaria emitir sua pr�pria moeda.
Os autores dissecam as transforma��es no sistema financeiro chin�s, focando a enorme amplia��o do cr�dito, o desenvolvimento de bancos e a a��o do estado que atua financiando pol�ticas industriais e de inova��o, sendo ativo na regula��o.
Na avalia��o deles, a estrat�gia cautelosa de ampliar o papel do yuan como moeda de liquida��o das transa��es comerciais e financeiras internacionais n�o tem precedentes hist�ricos. Pragm�ticos, os chineses buscam uma conversibilidade controlada, transformando Xangai num centro financeiro internacional, apontam.
Tratando de um tema �rido, o livro consegue construir um panorama variado das disputas pol�ticas e econ�micas em torno das moedas. Ou, melhor, do poder.
AS TRANSFORMA��ES NO SISTEMA MONET�RIO INTERNACIONAL
AUTORES Marcos Antonio Macedo Cintra e Aline Regina Alves Martins (prg.)
&EDITORA* Ipea (www.ipea.gov.br)
QUANTO R$ 24 (389 p�gs.)
AVALIA��O Bom
Livraria da Folha
- Box de DVD re�ne dupla de cl�ssicos de Andrei Tark�vski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenci�rio
- Livro analisa comunica��es pol�ticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Calculadoras
O Brasil que dá certo
s.o.s. consumidor
folhainvest
Indicadores
Atualizado em 01/08/2024 | Fonte: CMA | ||
Bovespa | -0,02% | 127.624 | (14h48) |
Dolar Com. | +1,32% | R$ 5,7284 | (15h03) |
Euro | -0,21% | R$ 6,1153 | (15h01) |