"Havia sexo no ar, na hora do almo�o e no escrit�rio", diz autora
Alto, magro, elegante, criativo e um pouco b�bado, o chefe da ent�o jovem redatora publicit�ria Jane Maas sentava ao lado dela em uma cama de hotel, onde os dois estavam hospedados em raz�o de um evento profissional. A m�o do homem descansava sobre a coxa da garota, que n�o podia pedir ajuda nem reagir sob pena de colocar em risco seu emprego.
"Vamos para a cama, ent�o?", convidou ela. "Parece que eu fico mais cansada ainda quando estou menstruada..." O interesse do conquistador desapareceu como por encanto.
O epis�dio faz parte de situa��es enfrentadas por mulheres que se aventuraram no mundo eminentemente masculino da publicidade nos anos 1960 e 1970, per�odo retratado no seriado televisivo "Mad Men".
O caso � contado por uma das pioneiras no livro "Mad Women", que traz a vis�o feminina daquele universo.
Apontada como a inspiradora da personagem Peggy Olson no seriado, Jane Maas foi diretora criativa da Ogylvi & Mather, presidente de ag�ncia e vencedora de 47 pr�mios, entre outras conquistas ao longo de sua carreira.
Divulga��o | ||
![]() |
||
Jane Maas, 81, uma das pioneiras no universo das ag�ncias de publicidade e autora de "Mad Women" |
Hoje com 81 anos, continua atuante. Trabalha como consultora, faz palestras e escreve. Seu primeiro livro de fic��o est� previsto para novembro. Vi�va, mora em Nova York e tem um "beau" que lhe telefona todas as manh�s e declama poesia.
Nesta entrevista, realizada por e-mail, a autora fala dos desafios profissionais das mulheres naquele tempo e atualmente.
Folha - A senhora nota semelhan�as entre sua carreira e a de Peggy?
Jane Maas - Ela e eu come�amos como secret�rias e subimos na carreira. Quando fui contratada como redatora na Ogilvy & Mather, j� tinha trabalhado por anos como secret�ria e atuado por dois anos como produtora associada em um show televisivo.
Talvez por essa experi�ncia achassem que eu sabia tudo sobre televis�o (na �poca, ainda um meio misterioso para muitos) e que saberia escrever comerciais para TV.
Quais s�o os principais erros de "Mad Men" em rela��o ao papel das mulheres na �poca?
No in�cio dos anos 1960, n�s n�o �ramos nem um pouco militantes. Nem ao menos nos preocup�vamos por ganhar apenas a metade do que os homens ganhavam. �ramos apenas agradecidas por termos sido inclu�das naquele mundo totalmente masculino. Simplesmente estar l� parecia maravilhoso.
E o que h� de correto?
Havia muito sexo rolando nas ag�ncias. Se voc� fosse uma mulher trabalhando em uma ag�ncia, n�o importa se jovem ou mais madura, casada ou solteira, desde que razoavelmente atraente, os homens tentavam cantadas. E, se seu chefe estivesse a fim de um caso, voc� tinha de avaliar o que era mais importante para voc�, sua honra ou sua carreira.
Como a senhora compara aquela �poca com a de hoje?
Havia sexo no ar e sexo nos escrit�rios e sexo na hora do almo�o, em hot�is pr�ximos �s ag�ncias. Nos almo�os de ent�o, os caras bebiam tr�s martinis (as mulheres iam talvez uma vez por semana, mas n�o diariamente).
Havia muita maconha e as pessoas fumavam 24 horas por dia. Hoje quase ningu�m fuma, exceto a rara ag�n- cia que tenha a conta de uma fabricante de cigarros. N�o h� almo�os com tr�s marti- nis, as pessoas mal t�m tempo para almo�ar, devo- ram um sandu�che enquanto trabalham.
E n�o h� tempo para sexo. Al�m do mais, basta um homem sorrir para uma mulher colega de trabalho que poder� ser processado por ass�dio sexual.
As ag�ncias s�o locais cru�is hoje em dia. Os clientes s�o menos fi�is do que nos anos 1960/1970, e o pessoal das ag�ncias vive apavorado com medo de perder seus empregos. Gente apavorada raramente consegue ser criativa e produzir boas pe�as.
Seu livro destaca a condi��o de explora��o das mulheres. A senhora � uma feminista?
H� quem considere meu livro sexista porque eu digo que, nos anos 1960 e 1970, antes que o movimento feminista fosse mais atuante, n�s, mulheres, aceitamos nosso estado de segun- da classe no mundo da publicidade. Eu n�o sou feminista, nunca fui.
O movimento feminista fez muito para ajudar as mulheres a encontrar sua voz e come�ar a lutar por seus direitos. Mas acabou muito cedo. E levou as mulheres a acreditar que eram supermulheres e que podiam fazer qualquer coisa. E claro que isso n�o � verdade.
Qual a situa��o das mulheres no mundo da publicidade?
As mulheres est�o tomando conta. Cerca de 75% a 80% dos empregos de n�vel s�nior s�o ocupados por mulheres, mas n�o os postos de comando. Nas milhares de ag�ncias de publicidade dos Estados Unidos, apenas 3% dos diretores de cria��o s�o mulhe- res e muito poucas chegam a presidente.
J� pensei bastante sobre isso e cheguei � conclus�o de que as mulheres, especialmente as com filhos, n�o querem esses empregos. N�o queremos ser obrigadas a ficar at� a meia-noite ou trabalhar num final de semana quando uma crise acontece.
Quais s�o os principais desafios que a mulher que trabalha fora enfrenta hoje?
S�o os mesmos desafios de sempre: como equilibrar marido, filhos e a carreira. O problema � que n�o h� equil�brio poss�vel, n�o d� para voc� ter tudo. Simplesmente n�o � poss�vel fazer tudo ao mesmo tempo.
MAD WOMEN
AUTORA Jane Maas
*EDITORA( St, Martin's Griffin
QUANTO US$ 8,25, na vers�o eletr�nica (R$ 19, 240 p�gs.)
Livraria da Folha
- Box de DVD re�ne dupla de cl�ssicos de Andrei Tark�vski
- Como atingir alta performance por meio da autorresponsabilidade
- 'Fluxos em Cadeia' analisa funcionamento e cotidiano do sistema penitenci�rio
- Livro analisa comunica��es pol�ticas entre Portugal, Brasil e Angola
- Livro traz mais de cem receitas de saladas que promovem saciedade
Calculadoras
O Brasil que dá certo
s.o.s. consumidor
folhainvest
Indicadores
Atualizado em 01/08/2024 | Fonte: CMA | ||
Bovespa | +0,40% | 128.164 | (12h06) |
Dolar Com. | +0,33% | R$ 5,6724 | (12h16) |
Euro | 0,00% | R$ 6,1287 | (12h01) |