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Celebridades

PL Antiaborto: 'É um retrocesso tão grande! Eu vi e não acreditei na discussão', diz Angela Davis

Filósofa e uma das maiores vozes do feminismo negro vai a encontro para poucos no Rio, antes de participar do Festival LED, da Globo, a partir desta sexta (21)

A imagem mostra uma mulher idosa de cabelos grisalhos e volumosos, vestindo uma blusa listrada em preto e amarelo e calças verdes, sentada em uma cadeira alta. Ela parece estar conversando e gesticulando. Ao fundo, há outras pessoas, incluindo uma mulher de vestido branco e outra sentada à mesa.
A ativista Angela Davis em encontro informal, no Rio de Janeiro - Gabriel Vaquer/Folhapress
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Rio de Janeiro

Filósofa, professora emérita da Universidade da Califórnia e nome mais conhecido do feminismo negro abolicionista no mundo, Angela Davis, 80, está no Rio de Janeiro para participar do Festival LED, evento de educação promovido pela Globo.

Na noite desta quinta (20), Davis teve um momento mais reservado, a que poucos tiveram acesso. Ela encontrou com alguns funcionários da emissora e jornalistas, sem a presença de artistas, no Jardim Botânico, zona sul da cidade. O F5 estava lá.

Não era exatamente uma entrevista ou coletiva de imprensa. Tratava-se de uma happy hour para troca de ideias, sem protocolos ou maiores cerimônias. No cardápio, salgadinhos (bons croquetes) e doces, tudo bem informal.

Angela chegou por volta das 20h, com a equipe que a acompanha em sua segunda visita ao Rio. Nos últimos tempos, a filósofa tem ido mais à Bahia, maior território negro fora da África. "Fui nas cachoeiras, em Cruz das Almas. Fui em uma ilha. Como era o nome mesmo?...", pergunta-se, e tenta puxar pela memória. "É perto de Salvador... Boipeba!", recorda-se.

No início da noite, falou das suas referências na escrita. Uma delas é Carolina Maria de Jesus (1914-1977), mulher negra como ela, filha de pais analfabetos, ex-catadora de papel, e um dos maiores nomes da literatura brasileira. Angela conhece sua obra, e se diz "extremamente admiradora" da literatura da autora de "Quarto de Despejo", best-seller publicado em mais de 40 países.

Como numa entrevista coletiva ao contrário, Davis pergunta de onde vêm todos os que estão naquela sala. Cada um conta resumidamente a sua história, de onde vem, seus interesses etc. A conversa começa despretensiosa, mas logo o papo muda de rumo e assuntos mais urgentes entram em pauta. Todos querem saber a opinião da filósofa sobre o que anda acontecendo no mundo e no Brasil.

Angela contou que sim, está acompanhando o desenrolar do PL Antiaborto por Estupro no país. "É inacreditável que isso esteja acontecendo. É um retrocesso tão grande!", indigna-se. "Eu vi e não acreditei na discussão", comentou.

Para ela, a PL Antiaborto é um reflexo do avanço da extrema-direita, não somente no Brasil, mas em diversos países do mundo. "É tudo tão nojento. É sempre tudo em nome de algum progresso que ninguém sabe direito o que é. Eu desejo muito que as pessoas acordem".

A filósofa emocionou-se especialmente ao falar de Marielle Franco, vereadora do Rio assassinada em 2018. Angela perguntou sobre como estavam os seus mandantes e se eles já haviam sido presos. Ao comentar sobre o impacto do caso em sua trajetória de vida, ela disse que só pretende diminuir a frequência de suas visitas ao Brasil "quando os sonhos de Marielle estiverem realizados".

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