Onda de furtos de metais: de poste a mangueira de ar-condicionado tudo é levado no Região Metropolitana do Rio

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Mas, os dois não foram muito longe. Eles acabaram chamando a atenção de guardas municipais ao passarem por um posto da Guarda Municipal, no mesmo bairro, arrastando nas costas o poste (feito de aço carbono e avaliado em mais de R$ 2,3 mil). A dupla foi presa e levada para a 18ªDP (Praça da Bandeira), onde confessou que o material seria vendido em um ferro-velho. No outro lado da Baía de Guanabara houve mais um exemplo de que vale tudo quando o assunto é furto de metal. No último carnaval, dois homens foram flagrados por câmeras de segurança usando um caminhão para tentar furtar uma tonelada de cabos subterrâneos, em Alcântara, em São Gonçalo, na Região Metropolitana. As imagens mostram uma corrente amarrada no veículo puxando o material.

Um motoqueiro não viu o que acontecia e acabou caindo ao bater a moto contra o cabo improvisado. Os suspeitos aproveitaram para fugir, sem nada levar. Nesta sexta-feira, a mesma dupla flagrada na gravação foi presa por policiais da 74ªDP ( Alcântara). Segundo a polícia, eles são Édipo Rei Neves Ferreira, o Rei do Cobre ou Porquinho, e o enteado dele, João Marcos Nascimento Pereira. De acordo com a investigação, o primeiro detido é suspeito de ser o principal articulador e financiador dos furtos, sendo seu enteado — o segundo detido —, o responsável pela parte operacional da quadrilha. O bando seria especializado em furtar cabos de energia elétrica em São Gonçalo e é suspeito de atuar em pelo menos dez furtos ocorridos na cidade.

Com os presos, a polícia apreendeu, entre outras coisas, um Jeep Compass, avaliado em R$ 120 mil, em nome de João Marcos, diversos aparelhos celulares, máquinas de cartão de crédito e um caderno de anotações com movimentações financeiras totalizando mais de R$ 500 mil. Um terceiro suspeito de fazer parte do mesmo bando ainda é procurado.

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Prejuízos

De cabos de energia de subestação do metrô até tubos de cobre de ar-condicionado, praticamente quase tudo que é feito de metal se tornou alvo de bandidos, na Região Metropolitana do Rio. No dia 4 de junho, o comerciante Claudio Gama, de 62, dono de um restaurante, no Centro do Rio, entrou involuntariamente para a estatística de quem sofreu prejuízo com ação de ladrões de metal. Durante a madrugada, um homem escalou uma mureta com quase dois metros de altura para ter acesso a uma marquise. Em seguida, o suspeito, que foi filmado por câmeras de segurança, furta duas das três mangueiras que alimentam o sistema de refrigeração do estabelecimento comercial.

— Tive um prejuízo de cerca de R$ 1,8 mil para consertar tudo. A solução que encontrei foi chumbar a tubulação na parede — disse o comerciante.

Ele não é único que foi obrigado a gastar mais para repor metais furtados. Segundo a Companhia de Engenharia de Tráfego do Rio (Cet-Rio), de janeiro até o dia 31 de maio, a companhia teve um prejuízo de R$ 3.017.156,65 com o furto de cabos e de controladores de semáforos. Já a Light informou, em maio, que foram registradas 105 ocorrências de furto de cabo nos quatro primeiros meses deste ano. O número aponta aumento de 164% em comparação ao mesmo período do ano passado. O prejuízo nos quatro primeiros meses de 2024 chega a R$ 1,7 milhão: já foram levados 12.845 metros de cabo — que, esticados, chegariam quase de uma ponta a outra da Ponte Rio-Niterói. Centro, Copacabana e Ipanema aparecem no topo do ranking de furtos, seguidos por bairros da Zona Oeste: Barra da Tijuca, Recreio e Anil.

Somente em 2023, mais de 16 mil metros de cabos de cobre foram furtados da rede subterrânea da Light. A quantidade de metros furtados é equivalente à quatro voltas completas na orla de Copacabana. O número representa um aumento de 160% em relação a 2022, em que foram subtraídos pouco mais de 6 mil metros de fios.

No dia 14 de maio de 2024, a onda de furto e roubos de metais afetou até os passageiros do metrô. Durante a madrugada, ao menos 12 criminosos, armados com pistolas e revólveres, entraram na subestação de energia da concessionária em Colégio, na Zona Norte, fizeram funcionários reféns por quase quatro horas e levaram cerca de 160 metros de cabos. Quem precisou pegar o metrô nas primeiras horas da manhã de 14 de maio, encontrou o sistema paralisado em 16 estações da Linha 2, da Pavuna à Cidade Nova. A suspensão das viagens entre 5h e 6h20, que afetou 30 mil pessoas a caminho do trabalho e de outros compromissos, foi provocada pelo ataque à subestação.

Naquele mesmo dia, em outro ponto do Rio, quatro homens e uma mulher foram presos na Glória, na Zona Sul do Rio, por conta do furto de cabos contra outra concessionária. O grupo foi apontado como suspeito do furto de 300 quilos de cobre que acabaram sendo recuperados. Na ocasião, também foi apreendido um veículo usado pelo quinteto e ferramentas como um machado, uma serra-mármore e até um gerador.