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“É hora de acelerar”: gaúcha Zaffari investirá R$ 1,5 bi e aposta em atacarejos — inclusive em SP

Onze novos projetos estão no radar da companhia, entre supermercados, shoppings, atacarejos e até um bairro planejado para 25.000 pessoas

Claudio Luiz Zaffari, diretor do Grupo Zaffari: “Em momentos de crise, o que compete às empresas? Ajudar a força municipal e estadual, claro, mas cabe, também, empreender” (Leandro Fonseca/Exame)

Claudio Luiz Zaffari, diretor do Grupo Zaffari: “Em momentos de crise, o que compete às empresas? Ajudar a força municipal e estadual, claro, mas cabe, também, empreender” (Leandro Fonseca/Exame)

Daniel Giussani
Daniel Giussani

Repórter de Negócios

Publicado em 11 de julho de 2024 às 08h04.

Última atualização em 12 de julho de 2024 às 10h51.

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PORTO ALEGRE (RS) — O ritmo acelerado do empresário Claudio Luiz Zaffari, diretor do Grupo Zaffari, maior rede de supermercados do Rio Grande do Sul com um faturamento na casa de 8 bilhões de reais, imprime bem a aposta da companhia em não parar de investir, mesmo após as enchentes que assolaram o Estado.

Na quinta-feira chuvosa em que recebeu a reportagem da EXAME na sede administrativa da empresa em Porto Alegre, Claudio emendava uma reunião em outra e precisou achar uma brecha para falar com nossa equipe. 

“Só a EXAME para conseguir me tirar de uma reunião”, brincou. 

É preciso mesmo muita reunião — e um ritmo mais rápido ainda — para conseguir tomar conta de um negócio que inclui 41 lojas hipermercados e supermercados e 11 shopping centers, a maioria no Rio Grande do Sul, mas também em São Paulo. Os números superlativos da companhia incluem também 12.000 funcionários e uma receita de 7,6 bilhões de reais, segundo a Associação Brasileira de Supermercados.

E esses números só devem crescer.

A companhia quis dar uma injenção de otimismo no empresariado gaúcho (e por que não, na população como um todo) e anunciou, de uma única vez, um investimento de 1,5 bilhão de reais, que deve ser feitos em cerca de três anos.

O montante será fruto de 11 novos empreendimentos que o grupo deve abrir nos próximos anos. No radar estão novos supermercados, atacarejos, shoppings e até um bairro planejado com capacidade para 25.000 pessoas.

“Em momentos de crise, o que compete às empresas? Ajudar a força municipal e estadual, claro, mas cabe, também, empreender”, diz Claudio. “Continuar demonstrando a crença de que este é o caminho. É hora de acelerar os investimentos, e não de diminuí-los. Quisemos acelerar porque isso gera emprego, renda, tributo, posição de mercado e otimismo. Para aqueles empreendedores que não foram tão atingidos, é preciso um esfroço para passar esperança para quem teve mais dificuldade”. 

No caso do Zaffari, as enchentes de Porto Alegre atingiram apenas uma loja, na Rua dos Andradas, antiga Rua da Praia. Houve também falta de água e de energia pontualmente em outras operações, mas nada que impedisse a continuidade das operações por mais de dois dias. Nem o centro de distribuição que abastece todas as unidades do grupo e que fica colado ao Aeroporto Salgado Filho foi atingido.

“Tivemos a sorte de, mesmo colados no aeroporto, termos construído o centro de distribuição cerca de dois metros mais alto que a altura da pista do Salgado Filho”. 

Quais são os detalhes do investimento de R$ 1,5 bilhão do Zaffari

Serão 11 os novos empreendimentos do Grupo Zaffari e que compõem o investimento de 1,5 bilhão de reais.

Desse valor, 430 milhões de reais são de projetos já em execução neste momento. O restante eram de obras que estavam no pipeline, mas que serão aceleradas agora, como forma de apoiar a reconstrução do Rio Grande do Sul.

Entre os projetos está a construção de um novo shopping center em Porto Alegre, na altura da Avenida Carlos Gomes, que aos poucos têm se transformando numa nova zona comercial, com o escritório de diversas empresas, e de residência na cidade, ao passo do que é hoje, em São Paulo, a região do Itaim Bibi.

Junto do shopping, haverá, também, um novo supermercado Zaffari. Essa, aliás, é uma estratégia comum da companhia: abrir unidades da marca Zaffari em seus centros comerciais, até para incentivar a circulação de pessoas.

Algo semelhante será feito no bairro Moinhos de Vento, onde a companhia administra um shopping de luxo. “Vamos colocar um supermercado por ali para aumentar o fluxo no centro comercial”. 

Em outra área nobre na cidade, a companhia terá um supermercado que está sendo construído junto a torres residenciais e comerciais administradas pela incorporadora gaúcha Melnick, uma das maiores do Rio Grande do Sul. 

Apesar de shoppings e supermercados seguirem recebendo investimentos, o principal foco da companhia agora são seus atacarejos com a marca Cestto. A empresa acabou de inaugurar o primeiro deles em Porto Alegre, num investimento de 114 milhões de reais, mas já tem vários outros no radar, principalmente em cidades da região metropolitana, como Canoas, Viamão e Novo Hamburgo.

Além disso, até o final do ano, iniciam as obras para a construção de um atacarejo em São Paulo. Mais especificamente, em Taboão da Serra, próximo ao Shopping Taboão.

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“Temos uma área em Taboão há algum tempo, e queremos inaugurar esta unidade também. É bem na entrada de São Paulo, a poucos quilômetros de outras lojas da companhia. Isso vai permitir, inclusive, que usemos a loja como um apoio logístico para as operações de hipermercados que temos na capital paulista”.

Claudio acredita que o grupo vai conseguir se destacar num mercado tão competitivo como o de atacarejo, principalmente em São Paulo, pela qualidade do serviço. Inclusive, o empresário tende a mudar a lógica do nome. Para ele, é mais “varecado” do que “atacarejo”.

“O Zaffari sempre foi referência em serviço, em qualidade de produto, em varejo”, diz. “E nosso atacado tem disso também. Todos os produtos exclusivos e próprios do Zaffari estarão no Cestto. O nosso foco segue sendo qualidade”.

Para fechar o combo de novos projetos, há ainda um tendal frigorifico que está sendo feito junto ao CD perto do aeroporto na capital gaúcha, e um bairro planejado em Novo Hamburgo, na região metropolitana de Porto Alegre. É uma área com capacidade para receber 25.000 pessoas quando concluído. A primeira fase, que compreende cerca de 700.000 metros quadrados, deverá ter sua infraestrutura feita em breve, visto que a empresa acabou de assinar o contrato para o início das obras. 

Os 11 projetos devem gerar 2.315 novos empregos diretos, todos do Zaffari. Outros 900 empregos deverão ser criados em lojas parceiras que serão abertas dentro dos empreendimentos da companhia. Além disso, para as obras, outros 4.000 empregos devem ser gerados. 

Qual será o caminho de reconstrução do Rio Grande do Sul

A reportagem da EXAME aproveitou a entrevista para fazer uma provocação sobre qual deve ser o caminho de reconstrução do Rio Grande do Sul, um estado pioneiro em muitas coisas, mas que perdeu protagonismo nos últimos 20 anos, com evasão de talentos para outras cidades e com questões fiscais que afastaram investimentos no Estado. 

“A grande questão é entender o que traz uma pessoa para um local. E é qualidade de vida, um bom emprego e uma boa remuneração”, diz Claudio. “A catástrofe que tivemos é uma oportunidade de melhorar, fazer melhor, corrigir eventuais erros e conversar entre nós”. 

“É complexo responder o que o Estado vai ser e o que o Rio Grande do Sul será depois disso. O agronegócio continua potente. O que antes era apenas gado, hoje conta com uma gama muito maior de produtos. A indústria segue tendo polos interessantes. E os serviços de qualidade podem ser usados como diferencial. Mas há dificuldades pelo caminho. O maior é o tributário. O Estado precisará de muita ajuda para se reconstruir, mas é uma questão resolvível. O Rio Grande do Sul já teve uma enchente em 1941 e saímos dela. Vamos sair dessa também. E melhores”.

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