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FIPs e FIDCs lideram em captação e já são mais que o dobro dos fundos de ações

Investidores fizeram aportes líquidos de mais de R$ 70 bilhões em FIPs e FIDCs neste ano, a despeito de saída de fundos líquidos

Rafael Andrade, sócio e head da gestora de FIDCs Empírica: "

Rafael Andrade, sócio e head da gestora de FIDCs Empírica: "

Guilherme Guilherme
Guilherme Guilherme

Repórter de Invest

Publicado em 22 de dezembro de 2023 às 08h46.

Os fundos estruturados ganharam tração de vez neste ano, com captação líquida que até agora está em R$ 73 bilhões. Um número expressivo, especialmente diante dos resgates de de R$ 135 bilhões de fundos líquidos no ano, como de ações, multimercados e renda fixa.

A classe de estruturados é formada pelos Fundos de Investimentos em Participações (FIPs), Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDCs) e Fundos de Investimentos Imobiliários (FIIs) e gerem [grifar]R$ 1,450 trilhão mais que o dobro dos R$ 570 bilhões geridos pelos fundos de ações, com captação negativa de R$ 24,7 bilhões no ano.[/grifar]

Os FIIs, populares entre pequenos investidores, representam a menor fatia: R$ 280 bilhões. Os FIPs e FIDCs, destinados a investidores com alguns milhões na conta, representam 80% dos estruturados. São eles que têm despontado em captação. .

Os FIDCs são fundos que investem em recebíveis, podendo atuar com uma ampla gama de produtos que vai  de créditos consignados a ativos ativos judiciais. Os FIDCs atingiram R$ 430 bilhões de patrimônio líquido, após terem captado R$ 27 bilhões no ano. A principal entrada veio justamente de outros fundos, responsáveis por um terço da captação dos FIDCs.

"Houve uma compressão dos spreads em títulos de renda fixa no meio do ano que levou os fundos de renda fixa e multimercados que permitem investimento em ilíquidos a aumentarem a posição em FIDCs para buscar retornos maiores", diz Rafael Andrade, sócio e head de vendas da gestora de FIDCs Empírica, com R$ 9 bilhões sob gestão.

Para 2024, a expectativa é de que a captação siga positiva. Parte do otimismo é motivado pelo acesso aos FIDCs por investidores em geral, ainda que com restrições. A possibilitado veio com a nova resolução 175 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

"O novo arcabouço da CVM 175 vai ser importante para que a indústria de FIDCS ganhe ainda mais relevância e continue captando", afirmou Marcos Iorio, sócio e gestor dos fundos de crédito privado da Integral Investimentos.

Sozinhos, os FIPs já são maiores que os fundos de ações

Nenhuma classe de fundo, no entanto, captou mais do que os FIPs, que neste ano tiveram aportes líquidos de R$ 46 bilhões, segundo dados da Anbima. O patrimônio líquido dos FIPs é de R$ 745 bilhões montante que os coloca como a quarta principal classe de fundos, à frente da de ações e atrás de fundos de previdência, multimercados e renda fixa. Em seu último levantamento, referente a outubro, a Anbima contabilizou 152.172 contas com algum investimento em FIPs, entre pessoas físicas, e fundos de investimentos.

É por meio dos FIPs, por exemplo, que é feito investimentos em empresas de capital fechado. Também é por esse tipo de fundo que empresários investem em jogadores de futebol. A flexibilidade dos FIPs ainda permite a atuação direta no mercado de ativos líquidos, a aquisição de cotas de outros fundos ou servir para processos sucessórios dentro de uma família, por exemplo. É justamente devido à complexidade que suas estruturas podem ter que são destinados a investidores profissionais, com mais de R$ 10 milhões em investimentos.

Os investidores do segmento private fizeram aportes líquidos de R$ 4,6 bilhões em FIPs, entre janeiro e outubro deste ano. Nesse mesmo período, esse segmento retirou R$ 11,7 bilhões de fundos de renda fixa e R$ 6,7 bilhões de multimercados.

Mas a maior fonte de entrada em FIPs, neste ano, foram outros fundos de investimento, que tiveram aportes líquidos de R$ 31,7 bilhões nos dez primeiros meses do ano. Em relação ao mesmo período de 2022, o patrimônio líquido de fundos em FIPs quase dobrou, passando de R$ 76 bilhões para R$ 133 bilhões.

O movimento expressivo teve como pano de fundo o projeto de lei 4.173/2023, que prevê a incidência do come-cotas sobre fundos exclusivos, destinados apenas a profissionais. O come-cotas é o imposto cobrado semestralmente sobre os ganhos de capital dos fundos. Esse imposto é cobrado mesmo que o lucro não tenha resgate. No modelo anterior a cobrança era feita apenas no resgate, o que permitia que o investidor ficasse anos sem pagar o imposto sobre ganho de capital, desde que não sacasse o dinheiro do fundo. Pela nova legislação, sancionada neste mês, só ficam isentos do come-cotas os fundos de investimentos em ações, de previdência e fundos de instituição de investimento que tenham 95% do capital aplicados em ETFs e nos FIPs e FIDCs.

"A estrutura de fundos exclusivos para atender a famílias com grandes fortunas era formada especialmente por multimercados, por dar maior flexibilidade de investimento. O fundo, muitas vezes, investia em outros fundos, mas por meio do multimercado. Essa estrutura, com o come-cotas, perde sua atratividade", afirmou Luiz Fernando Araújo, CEO da Finacap Investimentos.

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