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Michael Burry, que previu crise de 2008, ataca NFTs: 'Feijões mágicos'

Interpretado por Christian Bale no filme 'A Grande Aposta', investidor dos EUA cita texto que chama os NFTs de "feijões mágicos sem nenhum valor"

Michael Burry no lançamento do filme "A Grande Aposta" (Astrid Stawiarz / Correspondente/Getty Images)

Michael Burry no lançamento do filme "A Grande Aposta" (Astrid Stawiarz / Correspondente/Getty Images)

GR

Gabriel Rubinsteinn

Publicado em 16 de março de 2021 às 16h09.

Michael Burry, que se tornou mundialmente conhecido por sua aposta bilionária que previa a crise de 2008 e por ter sua história retratada no filme "A Grande Aposta", mostrou que não é um grande fã dos NFTs — os tokens em blockchain que têm sido utilizados para representar arte digital e colecionáveis em geral, e que movimentam milhões de dólares todos os dias.

"Os NFTs existem para que os 'criptógrafos' possam ter um novo tipo de 'feijão mágico' para vender por dinheiro real e fingir que não estão vendendo 'feijões mágicos'", diz a nova foto de capa do seu perfil no Twitter.

A frase foi retirada de um artigo crítico à nova tecnologia, escrito por David Gerard, famoso por suas posições contrárias aos criptoativos e à tecnologia blockchain, tema que lhe rendeu um livro e um blog. "É uma descrição correta do processo", comentou Gerard à Business Insider, sobre a frase utilizada por Burry. "O universo cripto sempre foi sobre criar um novo tipo de 'feijão mágico' sem valor para vender por dinheiro real — primeiro foi o bitcoin, depois altcoins, depois tokens de ICOs, depois DeFi, agora NFTs".

"Você *poderia* dizer que algo tem o valor que alguém está disposto a pagar por ele; mas *também* é justo afirmar que o valor instrínseco dessas coisas é zero", prosseguiu, na entrevista. "E você pode definitivamente ficar rico com eles, mas é muito mais provável que você perca tudo".

Burry, conhecido por seu jeito excêntrico e pouco convencional, interage pouco nas redes sociais. Apesar de publicar mensagens no Twitter com certa frequência, costuma apagar a maioria depois de poucas horas — o que inclusive fez surgirem perfis dedicados a construir um arquivo das suas publicações.

Além dos NFTs, Burry também já apontou suas críticas para o bitcoin e para outros investimentos populares nos EUA, como os papeis da Tesla e da GameStop, dizendo aos investidores desses ativos que estão comprando bolhas especulativas.

As críticas ao mercado de NFTs estão geralmente relacionadas ao fato de que esse tipo de token pode ser copiado e replicado, o que tornaria os investimentos sem sentido — apesar de ignorar fatores relacionados à posse, como acontece com a diferença entre ter um poster de um quadro famoso ou ter o original.

Além disso, críticos citam também a possível formação de uma bolha especulativa, já que, com o crescimento do mercado, muita gente está comprando NFTs apenas com o objetivo de vendê-los por um preço maior, o que não seria um processo sustentável no médio ou longo prazo, caso o interesse por esse tipo de ativo diminua.

Apesar das críticas, os NFTs estão movimentado milhões de dólares por dia em suas diferentes frentes. Recentemente, um NFT de arte digital do artista Beeple foi leiloado pela Christie's por quase 70 milhões de dólares. Outros grandes mercados para esse tipo de token em blockchain, além da arte digital, incluem colecionáveis esportivos e até tweets — Elon Musk e Jack Dorsey, por exemplo, tiveram publicações no Twitter "tokenizadas" e colocadas à venda em leilões que já atingem cifras milionárias.

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