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Por Jornal Nacional


Bolsonaro prorroga até 2040 contratação de energia produzida por térmicas de carvão em SC

Bolsonaro prorroga até 2040 contratação de energia produzida por térmicas de carvão em SC

O presidente Bolsonaro sancionou uma lei, aprovada no Congresso, que prorroga até 2040 a compra de energia de usinas térmicas que usam carvão mineral como combustível em Santa Catarina. É um dos maiores poluentes do planeta.

Com a nova lei, os contratos de fornecimento de energia que iam até 2025 vão ser prorrogados por mais 15 anos. O complexo termelétrico Jorge Lacerda fica no sul de Santa Catarina. São três usinas termelétricas - todas movidas a carvão mineral.

A energia produzida pelo complexo ficará à disposição do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) para ser usada, por exemplo, quando as usinas hidrelétricas diminuírem a produção.

A prorrogação dos contratos foi aprovada pelo Congresso Nacional em dezembro de 2021, depois de mobilização de deputados e senadores catarinenses que alegaram que a interrupção da exploração de carvão causaria desemprego na região.

Usinas movidas a carvão vêm sendo desativadas em vários países, porque são as que mais emitem gases de efeito estufa, que aceleram o aquecimento global. Elas têm sido substituídas por outras que usam combustíveis menos poluentes, como gás natural e biomassa.

O coordenador do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema), Ricardo Baitelo, diz que a lei que entrou em vigor nesta quinta-feira (6) vai na contramão da tendência mundial, e que seria melhor incentivar a geração a partir de fontes mais sustentáveis.

”Teria condições de fazer essa redução, de usar mais energias renováveis como vem fazendo, e aumentar esse mercado. Mas, ao mesmo tempo, resolve perpetuar essa energia por mais 20 anos, mantendo esse impacto ambiental e o impacto também sobre a saúde humana, considerando a qualidade do ar das regiões com usinas”, conta o coordenador.

Em nota, o Ministério de Minas e Energia afirmou que a geração de energia a carvão responde no momento por apenas 1% das emissões de gases causadores do efeito estufa no Brasil, e que, diferentemente das energias renováveis, como solar e eólica, a energia a carvão pode ser gerada quando o sistema elétrico precisar, o que é um diferencial.

O ministério disse ainda que o complexo termelétrico Jorge Lacerda emprega, direta e indiretamente, cerca de 28 mil trabalhadores, movimentando de forma direta em torno R$ 1 bilhão por ano.

A associação dos grandes consumidores de energia diz que a manter a geração de energia a carvão terá um custo não só ambiental, mas também na conta de luz de todos os consumidores.

“Vai aumentar as tarifas no Brasil em R$ 840 milhões ao ano, mais os impostos que os consumidores vão pagar sobre isso. O mundo inteiro está usando dinheiro dos governos para reduzir emissões. Aqui nós estamos usando dinheiro dos consumidores para aumentar as emissões e encarecer a conta de energia”, destaca Paulo Pedrosa, presidente da Associação dos Grandes Consumidores Industriais de Energia (Abrace).

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