De volta à política, irmãos Batista triplicaram patrimônio em 5 anos

Os irmãos Joesley e Wesley Batista, donos do holding J&F, têm patrimônios bilionários que chegam a US$ 3,9 bilhões para cada nesta quarta-feira (10), segundo a Forbes. No ranking de bilionários do mundo, eles estão empatados na 827ª posição. O valor equivale a R$ 21 bilhões.

A dupla retornou aos holofotes da política durante o governo Lula, como mostra reportagem de Raquel Landim para o UOL. Eles conseguiram terminar suas pendências com a Justiça e receberam a benção de políticos e do próprio presidente Lula.

Os dois foram presos em 2017, suspeitos de usarem informação privilegiada em decorrência da própria delação premiada para obter lucros milionários no mercado financeiro. Na delação de 2017, eles denunciaram vários políticos.

Em 2020, os irmãos foram denunciados pelo Ministério Público Federal (MPF) de corrupção, ativa e passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

O crescimento da fortuna

Segundo a reportagem de Raquel Landim, ao contrário das empreiteiras da Lava Jato, que quebraram, os irmãos Joesley estão cada vez mais ricos. A Forbes estima que, em 2019, Joesley e Wesley contavam com US$ 1,3 bilhão de fortuna, cada. Ou seja, o valor triplicou em apenas cinco anos.

A grande joia da J&F é o frigorífico JBS. De 2016 até 2023, a receita da empresa cresceu R$ 193,6 bilhões, segundo o balanço comercial. Além disso, a holding J&F entrou em novos negócios, como a mineração, e cresceu em outros, como energia.

O pai, José Batista Sobrinho, deu início ao negócio em 1953. Na época, ele abriu um pequeno açougue, que cresceu a partir da compra de abatedouros na região

Os irmãos Batista assumiram o controle da empresa nos anos 2000.

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Retorno à política

Em março de 2023, Joesley e Wesley Batista acompanharam o ministro da Agricultura Carlos Fávaro em missão à China. Essa foi a primeira vez que apareceram em público depois que Joesley gravou uma conversa comprometedora com o ex-presidente Michel Temer.

Em outubro de 2023, Joesley Batista esteve na cidade de Candiota (RS), com 10 mil habitantes e a 387 km de Porto Alegre, para anunciar a doação de casas. Ele apareceu ao lado do ministro da Secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta, provável candidato ao governo do RS pelo PT.

Joesley estava na cidade porque o braço de energia da J&F, a Âmbar, comprou uma termelétrica a carvão que sustenta a economia local. A Eletrobras queria se livrar da usina por ser poluente e não ter caixa. "Os empregos estão assegurados, e mais investimentos são previstos para a região", prometeu Joesley no evento em Candiota.

Em 12 de abril deste ano, Lula visitou a fábrica da JBS em Campo Grande (MS). O presidente acompanhou o embarque do primeiro lote de carne para a China e foi fotografado com Joesley e Wesley. Quinze dias depois, a assembleia de acionistas aprovou o retorno formal dos irmãos para o conselho administrativo da JBS.

Finalmente, em 27 de maio a dupla foi recebida pelo próprio presidente do Brasil no Palácio do Planalto, junto a outros empresários. Tratava-se de uma reunião sobre doações de proteína animal para o Rio Grande do Sul em decorrência da tragédia climática.

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Os irmãos consideram injusta a opinião pública negativa sobre eles e buscam redenção. Eles não frequentam shows e restaurantes, com exceção daqueles em que já sabem que serão bem aceitos.

Para conseguir maior aceitação pública, contam com a ajuda do empresário João Camargo. Ele preside o conselho administrativo do grupo Esfera Brasil e a CNN Brasil. A J&F tornou-se um dos principais contribuidores da Esfera, e Joesley e Wesley são figuras frequentes nos seminários do grupo, que se identifica como um "think tank".

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