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A NATO que já está na Ucrânia e uma "batota" à portuguesa: a cimeira da NATO aos olhos de Miguel Sousa Tavares

11 jul, 21:58

Discurso agressivo perante a China mostra um afastamento do Ocidente em relação à realidade

A NATO está cada vez mais alinhada com a política externa dos Estados Unidos. Esse é o entendimento de Miguel Sousa Tavares, que analisou a cimeira da Aliança Atlântica, onde foram feitas várias promessas à Ucrânia, incluindo a existência de um caminho "irreversível" de adesão à organização.

Na 5.ª Coluna do Jornal Nacional da TVI (do mesmo grupo da CNN Portugal), o comentador diz que a NATO "é o braço armado da secretaria de Estado americana", o que justifica as acusações feitas à China, nomeadamente de um apoio militar à guerra que a Rússia mantém na Ucrânia.

Miguel Sousa Tavares destaca que é legítimo que a China tenha a sua própria política externa, assinalando que "a NATO e o Ocidente não estão a levar em devida conta que a sua posição não encontra aliados fora do círculo fechado dos países ocidentais".

Isto não apenas em relação à Ucrânia, mas de um modo geral, com países como Brasil, África do Sul ou Irão, além de outros no Médio Oriente, a não alinharem com a NATO. Pelo contrário, "estão cada vez mais próximos da Rússia e da China".

"Isso devia ser motivo de reflexão, e não apenas apresentar uma visão do mundo de 'nós somos os bons e quem não tem as mesmas ideias está errado'", reiterou.

Isto após uma cimeira em que há reforço de armamento para a Ucrânia, além de um pacote milionário para ajuda militar, mas também política. Isso, com a declaração de irreversibilidade, que tem mais significado político a longo prazo que prático a curto prazo, mostra que "a NATO está na Ucrânia como nunca esteve em nenhum país membro da organização".

"Nenhum país membro da NATO até hoje teve tanto apoio e tanta presença da NATO como a Ucrânia, não sendo membro da NATO", acrescenta Miguel Sousa Tavares, que vê a manutenção do principal obstáculo para se terminar a guerra: a adesão de Kiev à Aliança Atlântica.

Uma "batota" portuguesa

O primeiro-ministro prometeu acelerar o investimento na Defesa para cumprir a meta de 2% do PIB naquele setor até 2029, sendo este um requisito que Portugal continua a falhar.

Miguel Sousa Tavares nota neste ponto uma "batota" do Governo, até porque grande parte desse dinheiro não será para armamento ou equipamento, mas antes para os vencimentos das Forças Armadas, que também contam para o bolo.

"O que o Governo vai fazer é gastar dinheiro com os vencimentos dos militares", explica, lembrando um défice de tropas.

Por isso mesmo, grande parte deste "esforço" financeiro vai ser alocado para o aumento de efetivos ou uma subida salarial do mesmo.

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