Na Zona Norte de São Paulo, avenidas estreitas dificultam mobilidade

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As subprefeituras de Vila Maria e Tremembé-Jaçanã, no pé da Serra da Cantareira, abrigam os distritos de Vila Maria, Vila Guilherme, Vila Medeiros, Jaçanã e Tremembé. Mais de 600 mil pessoas moram nessa região. Parte delas acredita ser necessário pensar na ampliação de avenidas e vias que ligam a região ao centro da cidade e ao metrô Tucuruvi, o mais ao norte do sistema por trilhos da cidade.

Aimberê Santos, morador do Tremembé, conta que avenidas como a Av. Cel. Sezefredo Fagundes, Dr. Antônio Maria Laet, Nova Cantareira, Santa Inês e Água Fria não comportam a grande demanda de moradores da região.

"A linha de ônibus tem bastante. O problema é o tempo que você leva nessas avenidas que dão acesso às outras avenidas que escoam melhor, entendeu? São avenidas com uma largura menor de via, dividindo via na mesma rua, né? São ruas de duas vias, digamos assim, em que você disputa espaço com carro, com moto. Então, é um perigo. Essa questão é muito desafiadora."

Muitas dessas vias eram estradas de terra quando essa região era rural. Elas ganharam casas ao redor, antes da urbanização. Depois se transformaram em avenidas.

Por isso, não há espaço para o alargamento dessas vias sem um plano de desapropriação, que seria agressivo por retirar, principalmente, moradores que chegaram primeiro aqui.

Rafael Calábria, especialista em Mobilidade do Idec, afirma que uma das possibilidades para mitigar esse problema seria pensar em municipalizar parte da Rodovia Fernão Dias ou realizar uma parceria e aumentar os acessos à via.

Ele também pontua que outra questão seria estimular as pessoas a andarem de bicicleta ou a pé em trajetos curtos. Para isso, é necessário melhorar a qualidade das calçadas e pensar em ciclofaixas.

Aimberê, que também é ciclista reclamou da falta de espaços para bicicletas na região. Segundo ele, algumas das ciclovias que existem não chegam a lugares estratégicos.

O Tremembé está entre os 10 distritos com menor oferta de ciclovia, de acordo com a Rede Nossa São Paulo. O dado leva em conta o percentual da população de cada distrito que tem acesso a ciclovias próximo a suas casas.

Na Vila Maria, o problema das vias são os buracos. Samantha Garcia, diz que a condição das vias atrapalha a locomoção de pessoas e veículos. Ryan da Silva conta que recentemente saiu até no prejuízo .

"Acredito que ultimamente a maior necessidade vem sendo asfaltar as ruas, porque acredito que elas têm bastante buracos. Isso acaba prejudicando tanto a locomoção de pedestres quanto as de carro. Tem muito buraco. Eu agora mesmo acabei de quebrar o carro. Tem muito buraco nas ruas. Acabei de passar por cima do buraco e quebrei o carro."

Já Beatriz Souto entende que falta manutenção no cemitério do Tremembé, que foi privatizado recentemente, e pede fiscalização do Poder Público.

"Ele é muito descuidado, ele não tem segurança, ele não tem limpeza, não tem zeladoria, fica sujo e tem galera entrando e quebrando as coisas, fica perigoso em volta. Outra coisa é, o meu bairro é muito arborizado e são árvores velhas e muito grandes. Então a gente liga pedindo pra podar, pra tirar a árvore às vezes, já chegou a cair uma até em cima da minha casa e a gente nunca tem retorno, sabe? As concessionárias têm um prazo para realizar modificações estruturais nos cemitérios. Esse prazo terminará justamente no próximo mandato do Executivo Municipal."

A Consolare, que administra o local, afirma que realiza periodicamente a zeladoria e limpeza e vem investindo em melhorias na infraestrutura do local.

A reportagem circulou pela manhã no local e observou uma equipe realizando a limpeza. Por outro lado, haviam muitos jazigos abertos.

Já o ouvinte Daniel Rosa, da Vila Medeiros, cita que o poder público poderia pensar em parques para o bairro dele, principalmente para as crianças brincarem.

"O que falta aqui no meu bairro é um lugar para que as crianças possam brincar, não tem nenhum tipo de parque. Durante os passados anos, as áreas que eram abertas acabaram sendo ocupadas, foram construídas casas, prédios. E, no final das contas, acabou que não sobrou lugar nenhum para que as crianças brinquem, andem de bicicleta. Isso é algo que falta muito nesse bairro aqui da Vila Medeiros."

A Vila Medeiros é o quinto distrito com menos cobertura vegetal da cidade, com apenas 10% da área sendo ocupada pela vegetação, de acordo com dados da Rede Nossa São Paulo.

É notável a diferença ao compararmos com o Tremembé, que figura na outra ponta, sendo o quatro distrito com mais áreas verdes.

Acessar esses espaços no bairro, no entanto, tem ficado mais caro. Nos últimos anos, a gestão de dois importantes parques foi privatizada.

Após a concessão à Urbia, que também administra o Ibirapuera, a entrada no Parque da Cantareira passou de 16 para 55 reais. Já o Horto Florestal passou a cobrar pelo estacionamento e pela entrada no Museu Florestal.

Os moradores também faltam espaços para a prática de esporte. A média da cidade de São Paulo é de pouco mais de 3 equipamentos públicos de esporte para cada 100 mil habitantes.