Brinquedista, condutor de cães e facilitador de biodança; conheça novas profissões reconhecidas no Brasil

A pedagoga de Barueri, na região metropolitana de São Paulo, Maria Antônia dos Santos atua como brinquedista há 14 anos, após se especializar na área. "Tia Mamá", como é conhecida, conta que a paixão por resgatar as brincadeiras da própria infância a levou para esse mercado, que está em alta no Brasil.

"Eu fui para essa área do resgate das brincadeiras tradicionais, como um jogo de tabuleiro, jogo da velha, corda, amarelinha e, também, fui para essa área que é o sensorial. Por exemplo, você brincar com pedra, areia e graveto, o que facilita a imaginação da criança. Como que as pessoas me contratam? As pessoas vão fazer festa de aniversário para as crianças e elas me chamam, a Mamá Brinquedista para ficar com um grupo de criança. Geralmente eu faço colônia de férias, então já tem várias pessoas me procurando", contou.

A função de brinquedista é uma das 19 profissões que só foram reconhecidas e incluídas neste mês no Guia Brasileiro de Ocupações. A classificação é desenvolvida pelo Ministério do Trabalho e Emprego em parceria com a Organização Internacional do Trabalho. O documento disponibiliza as informações básicas sobre a ocupação, além de média salarial, habilidades, requisitos e a situação de mercado.

Também entre as novas ocupações incluídas está a de condutor de cães domésticos, que é mais conhecida entre os brasileiros pelo termo de "dog walker". Esse profissional presta serviços de passeios com os pets para tutores que não conseguem sair com os animais diariamente.

Felipe Mourthe é de Belo Horizonte e há 5 anos desempenha essa atividade. Apaixonado por cães, ele decidiu deixar o setor jurídico, depois de 15 anos na área, para se dedicar aos cuidados com os pets. Atualmente, o profissional tem uma demanda fixa de 25 clientes por mês.

"Eu comercializo pacotes mensais, que variam de passeios de duas a cinco vezes por semana e também o passeio unitário para a pessoa que precisa de um passeio pontual. Temos, por exemplo, aquele cliente que requer segunda, quarta e sexta às 4:00 da tarde e, a partir disso, a gente vai montando uma agenda e um cronograma com base na procura dos clientes. Parece ser uma coisa fácil, só pegar um cachorrinho e passear, mas eu estou com uma responsabilidade muito grande nas mãos, principalmente levando em conta que os cães hoje passam a fazer parte da família como um membro de fato", relatou.

A chefe de divisão da Classificação Brasileira de Ocupações do Ministério do Trabalho e Emprego, Aline Martins, explica que as novas profissões são reconhecidas após estudos técnicos ou em decorrência de pedidos das próprias categorias. Segundo a especialista, esse reconhecimento é o primeiro passo para que uma profissão seja regulamentada no país.

"É onde você tem o pontapé inicial para você poder reunir dados oficiais para você entender o panorama dessa ocupação no mercado de trabalho. A gente costuma dizer que é o RG, uma vez inserido no Guia Brasileiro de Ocupações, você tem um código, um título e uma descrição. Ou seja, essa ocupação ela ganha uma identidade e por meio dessa identidade você tem todo o acesso ao mapeamento, por meio de políticas públicas ou até mesmo das estatísticas que são encaminhadas e trabalhadas", explicou.

Apesar de já existirem desde a década de 1970, os facilitadores de biodança só passaram a ser reconhecidos no país a partir dessa nova atualização do Guia Brasileiro de Ocupações. Criada pelo psicólogo e antropólogo chileno Rolando Toro, a atividade é um tipo de terapia em grupo que trabalha dança e movimento, na qual as pessoas experimentam a conexão com o corpo e a vida.

A instrutora Mônica Filizola, uma das principais referências da biodança no país, afirma que esse reconhecimento vai permitir que a atividade possa fazer parte de outros setores, como da saúde e dos tratamentos terapêuticos.

"Esse reconhecimento chegou para nós como uma grande alegria, porque a biodança está se expandindo muito pelo Brasil. Brasília a gente considera que está sendo a capital da biodança e isso está se expandindo. Então, nesse momento vir como esse reconhecimento é uma grande alegria, porque agora a biodança pode chegar em lugares que antes não chegava, como as instituições e isso é o que faltava. É uma dança que oferece que a pessoa experimente o melhor dela, como alegria ou afeto, a vontade de viver, a disponibilidade", disse.

Além dessas, também estão entre as novas ocupações reconhecidas a de confeccionador de perucas, terapeuta reiki, instrutor de ioga, ufólogo, lactarista, entre outros.