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Casas de famosos

Helio de la Peña abre casa no Leblon repleta de arte e livros. Assista ao tour

Casa do humorista e da fotógrafa Ana Quintella exibe as histórias e as memórias da família em cada detalhe. A reforma, orquestrada pela arquiteta Flavia de Faria, criou ambientes integrados e confortáveis que esbanjam alto-astral

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TEXTO WILL MARINHO | ESTILO MANU FIGUEIREDO | FOTOS FRAN PARENTE | VÍDEO MERCEARIA FILMES | ROTEIRO E REPORTAGEM JULYANA OLIVEIRA | PRODUÇÃO EXECUTIVA ADRIANA MORI
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No escritório, diante da estante de madeira tauari desenhada pela arquiteta para abrigar a biblioteca, Helio se acomoda na cadeira Herman Miller – o sofá revestido de veludo cotelê é da Way Design

Helio é uma das pessoas mais leves que eu conheço”, afirma, com entusiasmo, Flavia de Faria, arquiteta que comandou a remodelação da morada de 492 m² do humorista, no Leblon. “Casa, para mim, é sinônimo de abrigo, de recolhimento, longe do olhar dos outros”, reflete Helio, que habita o endereço há mais de quatro anos.

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Se dependesse do membro do grupo Casseta & Planeta, no entanto, a reforma se resumiria a “uma demão de tinta”. Foi o senso apurado da esposa e fotógrafa, Ana Quintella, que deu um rumo diferente ao projeto, marcado por uma elegância despretensiosa, como define Flavia.

Na sala, os sofás, da Interni Móveis, ganharam revestimento de sarja para poder acomodar a cachorrinha da família, as duas poltronas de madeira e couro vieram da mesma marca, enquanto a mesa de vidro, da Way Design, e o banco Leif, de Sergio Rodrigues, na Dpot, completam a composição – na parede, as obras maiores são uma fotografia de Bruno Veiga (acima da mesa lateral, à esq.) e uma tela de Daniel Senise (atrás do sofá)

“A Ana vislumbrou todas as mudanças estéticas que fizemos”, conta a arquiteta, acrescentando que a planta transformou-se completamente com as intervenções. “Derrubamos todas as paredes do térreo para integrar a área social, e os pilares de concreto que sustentam a construção foram valorizados no processo, pois ficaram aparentes. Esta atmosfera urbana e despojada é reforçada pelo piso de madeira de demolição”, contextualiza.

Helio, Ana e a cachorrinha Roma à frente das prateleiras desenhadas pela arquiteta e executadas em concreto e madeira: estas últimas apoiam quadros de Roberto Burle Marx, Carybé (em cima), Marcelo Macedo e Rafael Uzai (embaixo) – na parede, um retrato de Pelé clicado por Jorge Bispo; já a mesa de madeira de demolição, a poltrona e o móvel que faz as vezes de bar (à dir.) são todos da Desmobilia

Na decoração, conduzida por Ana, móveis contemporâneos combinam-se a peças de estilos diversos, como a luminária art decó que ocupa uma das mesas de apoio ou as cadeiras modernistas de Geraldo de Barros ao redor da mesa de jantar. Alguns objetos resgatam a história do casal, a exemplo da composição de tapetes marroquinos no escritório e da gallery wall com quadros, pôsteres, fotos autorais da moradora e até uma pequena gravura de Lasar Segall. “As paredes carregam a nossa memorabilia porque elas falam de lembranças. Há a tocha olímpica que o Helio conduziu, recordações de viagens, cartazes do Casseta & Planeta, imagens do Pelé [de quem o comediante é fã], cliques dos nossos filhos...”, enumera Ana.

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Embaixo da escada feita sob medida por um marceneiro, o aparador acomoda uma escultura de Bili Gebara (sobre os livros) e dois bonecos de Getúlio Damado, e, no piso, à dir., escultura vermelha da artista plástica Adriana Barreto – ao fundo, a parede foi forrada com fotos de Ana Quintella, um cartaz que remonta às origens do humorístico Casseta & Planeta desenhado por Daniel Senise, uma imagem da barbearia do filme Correndo Atrás, produzido por Helio, Pelé Beijoqueiro, do artista paulista Luis Bueno, e um pôster de La Dolce Vita, de Federico Fellini

No dia a dia, o proprietário pode ser encontrado na piscina praticando natação ou no escritório, onde passa a maior parte do tempo. “Estou sempre por aqui lendo, escrevendo ou ensaiando alguma coisa. É o meu canto”, revela. De maneira espontânea, a residência mescla com harmonia trabalho e convivência, o que facilitou a rotina da família durante a pandemia. “Em cada quarto, há uma mesa de trabalho ou estudo, para que todos possam desempenhar suas tarefas reservadamente, sem incomodar uns aos outros”, explica a profissional.

Atrás da mesa de jantar rodeada por cadeiras de Geraldo de Barros, na Dpot, e uma cadeira Zig Zag, de Gerrit Rietveld, a gallery wall reúne fotos de Ana Quintella (central, em preto e branco) e de Bruno Veiga (no alto, à esq.), e, logo abaixo desta última, um desenho do cartunista americano Saul Steinberg, um presente da esposa a Helio – à dir., há peças de Raul Mourão, Mulambo, Herberth Sobral e dos irmãos Campana, além de uma escultura em formato de corrente da designer Luciana Duque

De fato, o isolamento social provocou mudanças no uso da casa. “A mesa de jantar tornou-se a nossa ágora, onde discutimos os mais variados temas. Também dividimos as tarefas domésticas e até eu passei a me arriscar em algumas receitas na cozinha. Além disso, se estou prestes a postar um conteúdo nas redes sociais que pode me cancelar, meus filhos são os primeiros a intervir”, brinca o humorista.

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O quarto principal recebeu uma paleta de cores suave e a cabeceira, com design de Beatrice Goldfeld, inclui uma mesa de apoio retrátil
A parede à qual Ana Quintella se refere como memorabilia, com fotos feitas pelos filhos, presentes de amigos, um pôster do filme A Taça do Mundo é Nossa (2003) do Casseta & Planeta, e lembranças de viagens a Havana e à Cidade do Cabo – à frente dela, o sofá claro, de veludo cotelê, presente de uma amiga, ganhou almofadas com capas adquiridas no Peru, na África do Sul e no Marrocos
Na sala, a estante abriga centenas de obras literárias, quase todas já lidas por Helio – ao centro, mesa Desenrola, de Luciana Duque, na Boobam, e, no piso, tapetes marroquinos do acervo do casal
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Ele afirma que os espaços exercem forte influência em seu processo criativo. “É um ambiente que facilita meu foco”, explica o ator, que tem voltado, gradualmente, a se apresentar em clubes de stand up comedy no Rio de Janeiro, e adianta que possui planos de levar uma turnê do Casseta & Planeta aos palcos, em algum momento pós-pandemia. Enquanto isso não acontece, sobram mais horas para aproveitar todo o conforto que seu refúgio oferece.

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