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Design Do Bom

Design autoral brasileiro em ótima forma

Aos 30 anos, Marcenaria Baraúna tem história contada em livro

audima
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07/06/2017
audima
Três versões da cadeira Girafa, um ícone da Baraúna e do design brasileiro – design Lina Bo Bardi, Marcelo Ferraz e Marcelo Suzuki
A Marcenaria Baraúna vista pelas lentes de Bob Wolfenson

  
Criada em 1987 pelos arquitetos Francisco Fanucci, Marcelo Ferraz e Marcelo Suzuki, a Marcenaria Baraúna comemora 30 anos com um belo registro da sua trajetória. Acaba de ser lançado pela Editora Olhares o livro Marcenaria Baraúna: móvel como arquitetura – título bastante oportuno, já que os móveis da Baraúna eram resultado do mesmo raciocínio que guiava o fazer arquitetônico do Brasil Arquitetura (escritório dos mesmos sócios, surgido em 1979). A Baraúna é, sem dúvida, uma das mais importantes iniciativas no campo do design e produção de móveis autorais no Brasil. A publicação conta com textos de Mina W Hugerth (organizadora), Ethel Leon, Frederico Duarte e Mariana Wilderom, além de um ensaio com os marceneiros da empresa assinado por Bob Wolfenson. Para (re)descobrir e valorizar o bom design nacional! A seguir, algumas das peças que têm suas histórias contadas em detalhes no livro.
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Desenhos de Lina Bo Bardi para a cadeira Girafa
Mesa, cadeiras e banquinhos Girafa

Cadeira Girafa (1986)

Uma das primeiras peças da Baraúna – e talvez a mais icônica da história da Marcenaria –, foi criada por Lina Bo Bardi, Marcelo Ferraz e Marcelo Suzuki para mobiliar o restaurante da Casa do Benin, em Salvador. Apesar do contexto, a inspiração inicial da peça não tinha nada de tropical: móveis feitos por Alvar Aalto nos anos 1930 para o Sanatório de Paimio, na Finlândia. “Repensaram o banquinho de três pés de outro modo e com outro significado, substituindo o compensado pela madeira maciça brasileira”, conta Mina W. Hugerth no livro.
  

Desenhos de Lina Bo Bardi para a cadeira Frei Egidio
Cadeira Frei Egidio

Cadeira Frei Egídio (1986)

Criada na mesma época da Girafa, também por Lina, Marcelo Ferraz e Marcelo Suzuki, surgiu para equipar o Teatro Gregório de Mattos, também desenvolvido pelo trio na capital baiana. Como precisava ser leve e de fácil transporte, os arquitetos-designers buscaram referência nas cadeiras dobráveis do renascimento italiano – mas transformaram as várias ripas do modelo clássico em apenas três fileiras de tábuas. A definição técnica foi um desafio – foram necessários 13 protótipos para otimizar seu fechamento e garantir que não ficasse muito inclinada para trás.
  

Em primeiro plano, o banco Cachorrinho da Marcenaria Baraúna – ao fundo, o exemplar encontrado em uma fazenda no Vale do Paraíba

Banco Cachorrinho (1987)

Esse banquinho gracioso é a interpretação de uma peça anônima, encontrada em uma fazenda no Vale do Paraíba. “A Baraúna chegou a ter uma coleção de mais de 40 banquinhos adquiridos pelo interior do país, que revelavam esse interesse e um olhar antropológico para a arte e a cultura populares. Também por essa via começava a se definir a identidade da baraúna no tal ‘móvel como arquitetura’, num modo de projetar em que as estruturas são evidenciadas”, diz Mina W. Hugerth no livro.
  

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Cadeira Brava

Cadeira Brava (1991)

As cadeiras de palha campestres foram a inspiração para Marcelo Suzuki criar esta peça, que transporta para a madeira maciça a inclinação dos planos e a forma de acomodar o corpo. Dois conjuntos de triângulos e trapézios unidos por pinos formam assento e encosto, em um móvel harmônico e confortável.
  

Cadeira Cambuí

Cadeira Cambuí (1997)

Criada por Francisco Fanucci, tira partido da estratégia de inclinar os planos de assento e encosto pesquisada nos bancos caipiras.
  

Cadeiras e poltrona Filó

Poltrona e Cadeira Filó (2001)

Projeto de Francisco Fanucci, surgiram de um convite feito por empresas de madeira certificada, que buscavam divulgar essa matéria-prima. “Fanucci conta que quando chegaram as amostras de madeira para sua análise, ficou chocado com o tamanho das peças, curtas e pequenas, pois a maior parte da produção era exportada e o que sobrava no país eram, literalmente, sobras. Com isso, decidiu criar uma linha que fosse então ao limite dessa ideia, com a seção mínima de madeira que conseguiria estruturar uma cadeira, de 2x2 centímetros”, relata Mina W. Hugerth no livro. Em 2010, o mesmo conceito de “muitos elementos e pouca matéria” deu origem à chaise Filó (abaixo).

Chaise Filó
Cadeira Maria sozinha e montada como namoradeira
Outra opção de arranjo das cadeiras Maria
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Cadeira Maria (2015)

Concebida por Marcelo Ferraz em homenagem aos 50 anos de carreira de Maria Bethânia, mesclam as formas do quadrado e do círculo (o primeiro inscrito no segundo) para formar assento e encosto, respectivamente. “As Marias podem ser usadas sozinhas ou agrupadas em diferentes arranjos, serpenteando pelo espaço ou até criando uma namoradeira de canto”, observa Mina W. Hugerth no livro.
   

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Cadeira Isa d'Après Siza e detalhe do encaixe de ipê

Cadeira Isa d’Après Siza (2017)

É a criação mais recente de Marcelo Ferraz e foi pensada a partir de uma cadeira feita pelo arquiteto português Álvaro Siza. O objetivo era uma peça simples, leve, empilhável e com o mínimo de material. Feita com estrutura de eucalipto de reflorestamento em uma única seção, compensado naval no assento e no encosto e uma peça de ipê que conecta as partes. Minimalista na aparência e na essência: todas as peças da cadeira são o mínimo possível para resistir aos esforços a que são solicitadas.
  

Francisco Fanucci e Marcelo Ferraz em foto de Bob Wolfenson
A equipe da Marcenaria Baraúna em foto de Bob Wolfenson
Capa e contra-capa do livro
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