Vale vai testar megacaminhões com mistura de diesel e etanol

Mineradora fechou acordo com a Komatsu para piloto; combustível fóssil é uma dos maiores fontes de emissões diretas da empresa

Vale vai testar megacaminhões com mistura de diesel e etanol
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A mineradora Vale acaba de assinar um acordo com a Komatsu, uma das maiores fabricantes de máquinas pesadas do mundo, para desenvolver e testar a utilização de caminhões fora de estrada – veículos com capacidade entre 230 e 290 toneladas utilizados nas atividades de mineração – movidos com uma mistura de diesel e etanol.

O projeto será desenvolvido ao longo dos próximos dois anos em parceria com a multinacional Cummins, que vai fabricar os motores. O acordo abrange 80 caminhões da Komatsu – a Vale possui uma frota de cerca de 450 veículos fora de estrada no Brasil. O valor do investimento não foi divulgado.

O acordo, que faz parte de um programa da companhia chamado Dual Fuel, é mais uma forma de contribuição para o plano de descarbonização da Vale, que pretende reduzir as emissões dos escopos 1 e 2 (que têm origem nas operações e no consumo de energia da própria empresa) em 33% até 2030 e zerar emissões líquidas até 2050.

A mudança é importante para a companhia porque os megacaminhões hoje são abastecidos apenas com diesel.

A Vale é a maior consumidora individual desse combustível fóssil no país, com 1 bilhão de litros queimados por ano, e isso se reflete negativamente nos números da companhia.

De todas as emissões diretas de CO2, 15% correspondem às emissões vindas do combustível nas operações de mina.

O projeto deve contribuir para que haja uma redução de até 70% nas emissões dos caminhões fora de estrada que forem convertidos para o novo motor.

O diesel continuará presente, mas em quantidade menor: a mistura de combustíveis deve ter até 70% de etanol. Segundo a companhia, será a primeira vez no mundo que o biocombustível será utilizado para abastecer caminhões de grande porte.

A ideia de adotar o etanol decorre do fato de que o combustível já está consolidado e tem uma rede de distribuição em todo o país.

“Temos de aproveitar a vantagem competitiva do Brasil em biocombustíveis, já que somos um dos maiores produtores mundiais de etanol”, afirmou Ludmila Nascimento, diretora de energia e descarbonização da Vale, em nota.

Outros acordos

A transformação dos caminhões movidos a diesel não é a única estratégia da Vale para diminuir suas emissões.

Em abril, a empresa já havia anunciado um acordo com a fabricante de equipamentos Caterpillar para testar caminhões de grande porte movidos a bateria elétrica. O valor do investimento não foi revelado na ocasião.

No mesmo anúncio, também houve a promessa de um estudo conjunto para um motor bicombustível.

Em 2022, a empresa já havia anunciado que iria avaliar caminhões de grande porte movidos a bateria de uma empresa chinesa, a XCMG Mining Machinery.