A Inglaterra na cabanagem

Texto publicado no Jornal Pessoal 238, da 2ª quinzena de junho de 2000.

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Cabanagem

Terminamos o semestre e não saiu, como prometido, a edição dos Anais do Arquivo Público do Pará com a documentação do Foreign Office, o Ministério das Relações Exteriores da Inglaterra, relativa à Cabanagem, localizada em Londres por David Cleary e remetida para Belém há quase três anos. Trata-se da mais importante base primária não só sobre a Cabanagem, mas também sobre uma face do Primeiro Império brasileiro, surgida em muitos anos. Está para ser publicada há meses, devidamente traduzida do original inglês, assim como um ensaio de Cleary que apareceu na edição de janeiro de 1988 da revista Comparative Studies in Society and History, da Universidade de Cambridge, nos Estados Unidos, focando a dimensão racial da Cabanagem.

Este jornal e a Agenda Amazônica analisaram os documentos. Uns poucos órgãos da imprensa, incluída a local, os repercutiram. E ficou nisso. Uma reação desproporcionalmente menor face as implicações do que está contido na correspondência dos oficiais da marinha inglesa com o Almirantado e o Foreign Office. Fica a cobran��a pública ao historiador Geraldo Mártires Coelho, diretor do Arquivo, para que os Anais saiam o mais breve possível, fornecendo aos estudiosos material para que aprofundem a escrita (e, sobretudo, a reescrita) da Cabanagem.

[Os documentos foram publicados em 2002 pela Secult e Imprensa Oficial do Estado no livro Cabanagem – Documentos ingleses. Merece nova edição,]

14 comentários sobre “A Inglaterra na cabanagem

  1. ricardoconduru 2 de novembro de 2021 / 23:48

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    Por Ricardo Condurú

    O velho criador e a despedida do gado do Marajó

    Jornal “O Município” da cidade de Tarauacá – Acre, edição nº 307, de 17 de janeiro de 1917, folha 2, publica sobre fato que teria ocorrido “no tempo da cabanagem” envolvendo o envio de gado da ilha de Marajó para a capital.

    Sobre esta história de boi Estrela apreciar música, lembro de outra que há 38 anos o Dr. Muniz Varela, prefeito do Juruá (nessa época ainda não era formado), contava a um chefe e este relatou-se num domingo. Dizia o Varela que no tempo da cabanagem, os representantes na assembleia paraense não eram os doutores de hoje e sim aqueles coronéis da briosa etc.

    A ilha de Marajó estava começando a criar e o gado que ia crescendo, enviavam para o consumo na capital. Num dia de sessão, um velho deputado criador, pediu a palavra e disse: – Senhor presidente! Pedi a palavra para apresentar um projeto que proibia a saída do gado grande de Marajó, porque é quadro de cortar o coração, a quem assistir como eu um embarque na ilha. Os filhos, os minjolos ficam na praia béééé´, e os grandes, os pais e a as mães, vão saindo nos barcos e só se houve é mon-mon-mon, bééé!

    É preciso ter dó de filhos e pais.

    Loooogo, não me admiro de que o boi Estrela goste de música.

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  2. ricardoconduru 2 de novembro de 2021 / 23:51

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    Por Ricardo Condurú

    Rebeldes teriam profanado a imagem de São Francisco de Borja no Marajó

    Jornal “O Imparcial”, do Maranhão, nº 5.351, de 3 de outubro de 1936, folha 2, publica sobre a festividade de São Francisco de Borja na cidade de Itaguari, atualmente Ponta de Pedras (*), citando que no tempo da cabanagem, a imagem do santo teria sido profanada pelos rebeldes.

    NOTÍCIAS DOS ESTADOS

    PARÁ

    (…)

    – Domingo último teve início na cidade de Itagury [Itaguari] a festividade do glorioso São Frasncisco de Borja, cuja imagem se venera naquele município há mais de cem anos, constituindo mesmo uma reliquia histórica do tempo da cabanagem, quando os rebeldes a profanaram, golpeando-a sacrilegamente.

    O começo da festa teve um caráter eminentemente típico, assinalando-se por uma grandiosa recepção marítima em que tomaram parte dezenas de barcos a vela, lanchas, motores, igarités, e outras pequenas embarcações, todas engalanadas e carregadas de romeiros rejubilados pela presença do santo, que chegava de sua ermida na povoação do “Malato”.

    (*) Itaguari passou a se chamar Ponta de Pedras a partir de 1938. Ainda hoje, na fazenda Malato, existe a pequena capela de São Francisco de Borja (Nota do Blog).

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  3. ricardoconduru 3 de novembro de 2021 / 22:36

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    Por Ricardo Condurú

    Luiz Carlos Prestes: “Somos os Cabanos do Século XX”

    Jornal “Diário do Paraná”, de Curutiba, nº 186, de 1º de junho de 1946, folha 2, publica artigo pouco lisonjeiro sobre a cabanagem, a qual teria sido “um levante de bandidos”, tudo para dizer que o comunista Luiz Carlos Prestes havia se denifido, ao telegrafar aos correligionários do Pará saudando-os com as palavras “Somos os cabanos do século XX”.

    ONDE O SR. PRESTES SE DEFINIU

    Rio – 29 (Do correspondente).

    – A história do Brasil, mormente a do ciclo que compreende reinado, império e república, está positivamente por fazer. Os movimentos que agitaram esses períodos aparecem-nos louvados ou combatidos porque o determinam paixões de escritores e nunca serena análise de fatos. Talvez por isso enxergamos causas políticas na rebelião farroupilha que fenômenos nitidamente econômicos provocaram e pintamos de cores separatistas os ponchos dos caudilhos que levaram ao “entrevero” os esfarrapados peões das estâncias empobrecidas. Em meio a tantas revoltas, hoje chamadas de massas, não se sabe por que criteriosos motivo, há uma a que nenhum exaltado regionalismo logrou emprestar beleza – a cabanagem do Pará. Foi um levante de bandidos para o saque. Morto Malcher, que talvez trouxesse alguma ideia na cabeça esquentada, ficaram os cangaceiros vulgares e crueis do comando de Vinagre. O assalto era o seu objetivo. O desdobrar do movimento é uma sucessão de crimes. Não há um gesto que se destaque pelo que contenha de heroico ou de romântivo.

    Há pouco, o sr. Luiz Carlos Prestes, telegrafando aos seus correligionários do Pará, estimulando-os e saudando-os, terminava a sua mensagem com estas palavras que textualmente copiamos: – “Somos os cabanos do século XX”.

    O chefe comunista definiu-se. É lamentável, apenas, que tenha escolhido o Largo da Carioca para ensaiar o prólogo da sua “cabanagem”.

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  4. ricardoconduru 4 de novembro de 2021 / 22:34

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    Por Ricardo Condurú

    Os esportes favoritos de Tamandaré durante a Cabanagem

    Jornal “O Poti”, do Rio Grande do Norte, nº 1.485, de 1969, folha 18, publica artigo sobre a vida de Joaquim Marques Lisboa, o Almirante Tamandaré, de onde extraímos trecho que trata de sua participação na Cabanagem, no Pará, onde é destacado seus esportes favoritos praticados entre as batalhas: a natação e a caça ao jacaré.

    TAMANDARÉ – VIDA E FEITOS

    (…) Joaquim Marques Lisboa sempre era chamado ao mar para dominar inimigos fortes e constantes, que tentavam quebrar a paz do império recém-proclamado e a própria integridade nacional. Em Pernambuco, brilhou na “Setembrizada”. Em Pará atuou destemidamente na “Cabanagem”. Foi durante esta rebelião que ele tomava o tempo escasso que lhe sobrava entre dois combates para desenvolver seus dois esportes favoritos: a natação e a caça ao jacaré, dentro do rio.

    (…)

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  5. ricardoconduru 6 de novembro de 2021 / 22:48

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    Por Ricardo Condurú

    D. Maria Perdigão, uma orfã da guerra dos cabanos

    Jornal “Diário de Belém”, nº 83, de 13 de abril de 1880, folha 2, publica sobre o falecimento de D. Maria Luiza de Sá Perdigão na cidade de São Luís do Maranhão (segundo parágrafo), para onde emigrou em 1835, durante a Cabanagem, depois que seus pais foram mortos pelos rebeldes na cidade de Santarém.

    Faleceu na cidade de S. Luís do Maranhão, no dia 24 de março, D. Izabel de Barros e Vasconcelos, esposa do senhor conselheiro Antônio de Barros e Vasconcelos, e mãe dos Srs. Barão de Penalva e capitão Guilherme de Barros e Vasconcelos, secretário do comando das armas desta província.

    Também faleceu na mesma cidade, no dia 31 do dito mês, D. Maria Luiza de Sá Perdigão, viúva do Dr. Perdigão. A ilustre finada era natural da cidade de Santarém, nesta província, e filha do negociante português João José da Costa e D. Marcelina Costa, que foram mortos na guerra dos cabanos (1835); emigrou ainda menina para o Maranhão, no tempo da guerra, em companhia do negociante português Jorge Maria de Lemos e Sá, em cuja casa recebeu amparo e educação. Foi sempre muito estimada e respeitada pelas suas exemplares virtudes.

    Paz a sua alma!

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  6. ricardoconduru 7 de novembro de 2021 / 23:19

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    Por Ricardo Condurú

    Entre Bailes e Batalhas

    Jornal “Astro de Minas”, de São João del Rei, nº 1.437, de 14 de fevereiro de 1837, folha 1, reproduzindo o jornal Maranhense Echo do Norte, publica sobre o clima político reinante no Pará em 1837, com articulações políticas, bailes recreativos e perseguições aos cabanos no interior.

    – São estas as últimas notícias do Pará que copiamos do Echo do Norte, e por ela verão os nossos leitores que o partido da legalidade ganha cada dia mais incremento de forças, e que a ordem pública se consolida. O Echo, porém, receia ainda grandes calamidades, porque o Sr. Andreas têm nomeado para os empregos alguns indivíduos do partido – Marcos – com exclusão dos seus contrários, porque no Pará se fala em nomear deputados ao filho e ao secretário do presidente, e senador, na falta do Barão de Itapoã, ao próprio Sr. Andreas; e porque, em suma, instalou-se uma sociedade com o título de Recreativa, que dá um baile e ceia todas as semanas, e para a qual foi convidado o Sr. Andreas, e não foi o Sr. [Frederico]Mariah; e finalmente julga que é muito mal feito que os senhores Marcos e Aranha estejam lucrando bons empregos na capital do Pará, não tendo concorrido para a restauração dela.

    – Estando já escrito o artigo acima tivemos mais notícias do Pará pela escuna Nynpha, entrada neste porto no dia 3 do corrente. Nada tem ali ocorrido de novo que mereça particular menção: continua o sossego, e o Sr. Andreas não descansa em perseguir os cabanos que andam espalhados pelo interior.

    Também soubemos que o Sr. Mariah foi convidado para a sociedade Recreativa, onde foi tratado com estima e consideração. Veja o Echo, quanto são exatos e verdadeiros os seus correspondentes do Pará.

    (Do Jornal do Commercio)

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  7. ricardoconduru 8 de novembro de 2021 / 22:51

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    Por Ricardo Condurú

    Solicitação de permissão para desenterrar dinheiro das ruas de Belém

    Jornal “Correio Paulistano”, nº 9.337, de 15 de outubro de 1887, folha 2, publica sobre um requerimento inusitado, solicitando à presidência da província do Pará permissão para desenterrar das ruas da capital objetos contendo dinheiro, ocultos desde a época dos cabanos. Traz ainda uma nota sobre o falecimento da esposa do Visconde de Souza Franco, ex-presidente da província do Pará.

    À presidência da província do Pará, para informar, ouvindo a respectiva câmara municipal, foi transmitido o requerimento em que Florêncio da Silva Represa pede permissão para desenterrar e tirar das ruas da capital daquela província bens de ausentes constantes de latas, potes e igaçabas com dinheiro, ali ocultos por ocasião da guerra civil dos cabanos, em 1835.

    ________________

    Faleceu e sepultou-se anteontem na corte, a Sra. Viscondessa de Souza Franco.

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  8. ricardoconduru 9 de novembro de 2021 / 23:00

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    Por Ricardo Condurú

    A morte do lider dos cabanos da vila de Tauapessassu no Amazonas em 1894

    Jornal “Diário de Notícias”, do Rio de Janeiro, nº 3.119, de 4 de fevereiro de 1894, folha 2, publica sobre a morte do líder dos cabanos na vila de Tauapessassu (*), no Amazonas.

    NOTÍCIAS DO NORTE

    AMAZONAS

    (…)

    – Faleceu em Tauapessassú (sic) um velhinho que tinha 136 anos de idade e foi, segundo dizia, chefe dos cabanos, na mesma vila.

    (*) Atualmente a localidade faz parte do município de Novo Airão.

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  9. ricardoconduru 10 de novembro de 2021 / 21:20

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    Por Ricardo Condurú

    O macróbio legalista de Macapá

    Jornal “Diário da Noite”, do Rio de Janeiro, nº 748, de 1832, folha 16, publica nota sobre o falecimento de um ex-escravo alforriado em Macapá, contando 120 anos. Tratava-se de Elias Marquez de Melo que, segundo a nota, havia se alistado em um batalhão de voluntários para defender o regime constituído, ou seja, para combater os cabanos.

    FALECEU COM 120 ANOS DE IDADE

    BELÉM, 5 (A. B.) – Faleceu, no município de Macapá, Elias Vasquez de Melo, que contava 120 anos de idade. Elias assistiu, ainda menino, aos acontecimentos da independênte neste estado, e na revolução dos “cabanos”, alistou-se num batalhão de voluntários para lutar em defesa do regime constituído. Como escravo, foi beneficiado pelas leis da alforria, mas conservou-se sempre humilde e prestável. Até a pouco, Elias demonstrava certa robustez e vivacidade.

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  10. ricardoconduru 12 de novembro de 2021 / 22:32

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    Por Ricardo Condurú

    Jornal “Tribuna da Imprensa”, do Rio de Janeiro, nº 8.272, de 1976, página 15, publica poema de Narciso lobo sobre a Cabanagem, com ênfase no legalista Ambrósio Pedro Aires Bararoá.

    Poemas de Narciso Lobo

    (…)

    Cabanagem

    BARARUÁ – face do rio

    o branco Ambrósio Aires

    matando cabanos sublevados

    BARARUÁ – nome de guerra

    o branco Ambrósio Aires

    defendendo a coroa real

    BARARUÁ – falsa face do rio

    o branco colonizador

    matando índios

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  11. ricardoconduru 13 de novembro de 2021 / 22:41

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    por Ricardo Condurú

    As formigas de fogo e o sangue dos cabanos

    “O Brazi-Médico: Revista Semanal de Medicina e Cirurgia”, do Rio de janeiro, Edição nº 01, de 5 de janeiro de 1918, folhas 16 e 18, publica artigo do Dr. Oscar Freire sobre as chamadas formigas de fogo, onde extraímos o trecho que trata da lenda havida em Aveiro, no tempo da cabanagem, de que as ditas formigas surgiram do sangue dos rebeldes. Ressalta-se que o artigo de Freire faz uma associação equivocada entre a Cabanagem surgida na província de Pernambuco em 1832, e a Cabanagem surgida no Pará em 1835, haja vista não haver relação direta entre as citadas insurreições.

    MEDICINA LEGAL

    Formigas Necrófagas Brasileiras

    Pelo Dr. Oscar Freire

    (Professor catedrático de medicina legal na faculdade de medicina na Bahia)

    Nota médico-legal apresentada à “Sociedade de Medicina legal e Criminologia da Bahia”

    (…)

    “Falando do Rio Tapajós, [HENRY WALTER] BATES se refere detalhadamente a esta Solenópsis.”

    “Uma crença dos habitantes de Aveiro (Com. de Santarém, Est. do Pará) relativa à origem dessa praga, foi recolhida pelo mesmo naturalista inglês. Acreditava aquela gente simplória que a formiga de fogo, desconhecida no Tapajós antes da Cabanada, revolta em 1832 iniciada em Pernambuco e depois espalhada pelo norte, surgiu do sangue dos rebeldes trucidados. BATES não contesta que elas tenham aumentado desde aquele tempo, atribuindo este incremento a causas mesológicas diversas. Todavia, creio que se deve dar àquela crendice popular uma origem direta. Porque todos os sertanejos sabem que a formiga de fogo aparece como que por encanto no corpo de qualquer animal que se deixar morrer no campo. Mata-se uma cobra, v. g., e algumas horas depois lá está o enxame de himenópteros limpando os ossos dos ofídio com uma rapidez que faz inveja aos preparadores de zoologia, os quais não se envergonham, aliás, de pedir muitas vezes às formigas a prestação deste serviço… não admira, pois, que sobre os corpos dos cabanos as Solenópsis houvessem aparecido em legiões , favorecendo, destarte, o surto da lenda referida.” (7)

    (…)

    (7) ROQUETTE PINTO – Dinoponera Grandis. Memória apresentada à congregação da faculdade de medicina do Rio de Janeiro para obter a livre docência na cadeira de História Natural. Rio de Janeiro, 1915, pags. 15, 16 e 17.

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  12. ricardoconduru 14 de novembro de 2021 / 23:01

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    Por Ricardo Condurú.

    A poesia popular e a cabanagem

    “Anuário do Museu Imperial”, Petrópolis/RJ, edição nº 15, de 1954, páginas 2, 5 e 6, publica artigo de Walter Spalding sobre D. Pedro II e a poesia popular, de onde extraímos trecho referente ao período que antecede à cabanagem, bem como o período da revolta.

    D. Pedro II e a poesia popular – Walter Spalding.

    (…)

    No Pará, os movimentos revolucionários da Cabanagem deram algumas poesias populares, entre as quais, com alusão ao Imperador, o hino das “Novas Amazonas” ou “Iluminadas” associação de senhoras, de feição maçônica, fundada em 1833, que se propunha entre outras coisas, salvaguardar a independência do Brasil, a liberdade e a glória do Pará. Desse hino, de autor desconhecido, e por isso incorporado ao populário, destaca-se essa quadra alusiva a D. Pedro I:

    Perde a c’roa, cai por terra

    quem de pai quis ser tirano;

    não vegeta o despotismo

    no jardim americano.

    Um jornal paraense, – Sentinela Maranhense na Guarita do Pará, – estampou, em1834, esta quadra popular como legenda:

    Sem rei existe um povo;

    sem povo não há nação;

    os brasileiros só querem

    federal constituição.

    Mas legitimamente popular era esta trova recheada de amor pátrio, religiosidade e ardor guerreiro dos cabanos:

    Viva Deus e viva a Pátria,

    viva a nossa Religião;

    viva o nosso Imperador,

    viva o nosso Batalhão.

    Mas a popularidade de D. Pedro II começou, mesmo, com a maioridade, pois cansado estava o povo das revoltas e experiências. Ansiava outra coisa, e pôs no seu monarca, por isso, todas as esperanças:

    Suba ao trono o jovem Pedro

    exulta toda a Nação;

    os heróis, os pais da Pátria,

    aprovaram com união.

    Vista a seda, traje a púrpura,

    exulte toda a Nação;

    os heróis, os pais da Pátria,

    aprovaram com união.

    Foi abaixo a camarilha

    de geral indignação;

    os heróis, os pais da Pátria,

    aprovaram com união.

    (…)

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  13. ricardoconduru 15 de novembro de 2021 / 20:53

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    Por Ricardo Condurú

    Quando Tamandaré salvou Alm. Barroso do afogamento em Cametá

    Jornal “A Noite”, do Rio de Janeiro, nº 15.185, de 9 de dezembro de 1955, folha 3, Publica sobre a vida de Joaquim Marques Lisboa, o Almirante Tamandaré, de onde destacamos trecho que narra quando este salvou do afogamento diante da cidade de Cametá ap tenente Francisco Manuel Barroso da Silva, futuro Almirante Barroso.

    TAMANDARÉ – Exemplo e Guia da Marinha.

    (…)

    Individualmente, agindo apenas como homem, não era menos intrépido. No Pará, durante a revolta dos cabanos, salvou certa vez de morrer afogado, diante de Cametá, ao então 1º tenente Francisco Manuel Barroso da Silva, futuro herói do Riachuelo, e noutra ocasião fez o mesmo a um marinheiro de seu navio, que, ao tomar banho, deixara-se envolver pelos tentáculos de enorme polvo.

    De regresso do Pará, doente, aportou na Bahia em novembro de 1837, quando esta província ardia no incêndio da “Sabinada”.

    (…)

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  14. ricardoconduru 17 de novembro de 2021 / 20:32

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    Por Ricardo Condurú

    O Pasquim e a Cabanagem

    Jornal “O Pasquim”, do Rio de Janeiro, nº 421, de 1977, folha 21, publica texto de Chico Alencar sobre as revoltas regenciais, de onde destacamos trecho que trata da cabanagem no Pará.

    O PASQUIM HÁ 137 ANOS

    O IMPÉRIO DA (DES)ORDEM E DA (DES)UNIÃO

    (…)

    PARÁ, 1835

    CABANAGEM

    A agitação é muito grande no extremo-norte da nação. Domingos Antônio Raiol fala de líderes que “eram conhecidos por suas doutrinas subversivas, que pregavam e inoculavam no seio da população e que ameaçavam a ordem pública pela influência perigosa que exerciam entre as massas”. E o poder cai na mão dessa “ralé esfarrapada”, que fuzila os representantes do governo imperial, ataca lojas comerciais, toma terras e mata muitos portugueses. Todos estão armados. Só depois de 16 meses a autoridade central é restabelecida na província. A repressão espantou Raiol: “Rebeldes, verdadeiros ou supostos, eram procurados por toda parte e perseguidos como animais ferozes! Metidos em troncos e amarrados. Sofriam suplícios bárbaros que muitas vezes lhe causavam a morte. Houve até quem considerasse como padrão de glória trazer rosários de orelhas secas dos cabanos”. Entre os mortos e feridos 40.000 vítimas.

    CHICO ALENCAR

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