Pela libertação de Francisco Vinagre

“Uma jovem paraense amiga de seus patrícios”, que não se identifica (seria Maria Amália), divulgou uma declaração, datada de 4 de agosto de 1835, conclama a rendição dos cabanos como o meio de libertar Francisco Pedro Vinagre, “que existe preso em uns par de machos a bordo da Fragatra Regeneração, por dizerem que é um dos coniventes nas desgraças da Vila de Vigia, quando ele nada fez”.

Sua libertação dependeria de seus patrícios cederem as suas armas, garantindo que “o nosso bom Presidente promete em nome de nosso Imperador que serão perdoados dos atos praticados; pois que iludidos foram”. Assim procedendo, poderiam salvar” a um amigo vosso, e a outros muitos que se acham em terríveis desgraça”.

Bastaria que fossem à casa dos juízes de paz dos distritos, por ordem do presidente da província, entregar as armas e retirar-se para suas casas, e “acabem de uma vez o ódio de vossos corações e vão beijar as mãos de vossos superiores que eles receberão a vós dentro de sua alma como seus filhos próprios”.

Ao reproduzir o documento, o Publicador Oficial observou, numa nota da redação: “dizem ser esta Proclamação, obra de uma tal Amália, celebérrima…do Pará”.

O Diário do Rio de Janeiro nº 3, de 4 de novembro, de 1835, publicou uma “carta particular, do Pará”, datada de 9 de agosto, onde consta o seguinte trecho:

“Tal é a desgraça do Pará que até Maria Amália proclama aos paraenses! Esta infame prostituta fabricou uma proclamação, fez imprimi-la, e distribuiu-a etc; não há nada mais vergonhoso, nem mais atrevido. Na tal proclamação disse aquela meretriz que foi rogada pelo Presidente para obrar assim. Mas o que aconteceu a Maria Amália por uma coisa tão criminosa? Coisa nenhuma”.

Ricardo Condurú, que divulgou o documento em seu blog Cabanagem Revelada, especula se a personagem seria ela Maria Amália, amante do presidente da província, Lobo de Sousa, morto em 7 de janeiro de 1835 pelos Cabanos.

Tudo indica que sim – argumenta ele – “conforme se pode constatar pela observação que fiz ao final do texto, onde um outro jornal faz referência à proclamação em questão, citando textualmente o nome de Maria Amália; porém, usando de termos pejorativos”. A grafia original foi mantida.

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