A B.Side — uma boutique de investimentos vinculada ao BTG e com R$ 10 bilhões em ativos — acaba de adquirir a Galloway Capital, focada na assessoria de investimentos offshore.

A aquisição foi paga com um mix de dinheiro e ações, mas o valor não foi revelado. 

Os sócios-fundadores da Galloway — Ulisses de Oliveira e Nathan Shor — estão se tornando sócios e executivos da B.Side, e a equipe de sete profissionais da empresa também está sendo incorporada. 

Fundada há 15 anos, a Galloway tem R$ 1 bilhão em ativos sob custódia, dos quais 90% estão alocados offshore.

A companhia nasceu da experiência de mais de uma década de Ulisses no exterior — ele trabalhou três anos na mesa de advisory do Safra em Nova York e sete no Citibank — e da experiência de Nathan com renda fixa de mercados emergentes. 

Antes de fundar a Galloway, Nathan — um peruano que cresceu no Brasil, estudou nos EUA e depois morou um período na Venezuela — trabalhou na área de renda fixa internacional da Convenção, uma corretora comprada em 2011 pelo grupo inglês Tullett Prebon. 

Rafael Christiansen, um dos fundadores da B.Side, disse que a transação vai permitir complementar o ecossistema da empresa, com a estruturação de um braço offshore. “É o primeiro passo para podermos prestar um serviço com arquitetura aberta no offshore,” ele disse ao Brazil Journal.

Segundo Rafael, o plano de B.Side é conseguir uma licença de RIA (Registered Independent Advisor) nos Estados Unidos nos próximos meses e abrir uma filial em Miami. Com esta licença, a B.Side passará a ter todo o economics do cliente dentro de casa, em vez de dividir com o broker dealer.  

Hoje apenas R$ 300 milhões dos R$ 9 bilhões da B.Side estão fora do Brasil. Com a incorporação da Galloway, esse montante já sobe para R$ 1,3 bi, pouco mais de 10% do total.

Segundo Rafael, a meta é dobrar o tamanho dos ativos offshore nos próximos anos, uma meta que poderá ser atingida apenas pescando dentro de casa.

“Acreditamos que pelo menos 10% a 20% das carteiras dos nossos clientes já estão offshore hoje, mas não estamos tendo acesso a isso,” disse Antonio Costa, o outro fundador da B.Side. “Para atacar essa parte da fatia, e não começar errando, achamos que era importante ter um time de gestão só focado nisso e com muito know how. Com a Galloway, conseguimos isso.”

A B.Side não é a única assessoria de investimentos tentando conquistar um naco do mercado offshore. Em março, a EQI Investimentos comprou uma RIA no exterior e abriu um escritório em Miami. 

A Legend, também vinculada ao BTG, já tem uma licença de RIA desde 2022 e vem apostando pesado nesse mercado.

Na XP, a Blue3 — com cerca de R$ 28 bi em ativos — abriu recentemente um escritório em Miami e também está estudando pedir uma licença de RIA. 

Essa é a terceira aquisição da B.Side desde que ela foi fundada há quatro anos por Rafael, um ex-private banker do Safra e do Credit Suisse, e Antonio, o ex-CEO do wealth management da Azimut Brasil. A empresa já comprou outras duas assessorias de investimento, com cerca de R$ 1 bi cada.

Recentemente, ela também atraiu um time de DCM da XP, criando sua área de investment banking. 

O BTG é dono de 20% da B.Side, e tem uma opção para aumentar a participação nos próximos anos, mas mantendo-se minoritário.