El Niño

El Niño se refere ao aquecimento anormal das águas do Pacífico. Ele altera temporariamente a distribuição de umidade e calor no planeta, principalmente na zona tropical.

O El Niño é um fenômeno natural caracterizado pelo aquecimento anormal das águas do oceano Pacífico na sua porção equatorial. Ele ocorre em intervalos irregulares de cinco a sete anos e tem duração média que varia entre um ano a um ano e meio, com início nos últimos meses do ano.

Com a modificação do padrão de circulação atmosférica sobre o Pacífico, o El Niño é responsável por alterar a distribuição de umidade e as temperaturas em várias áreas do planeta. No Brasil, ele ocasiona secas prolongas as regiões Norte e Nordeste e chuvas intensas e volumosas no Sul.

Leia também: Qual é a influência do El Niño no Brasil e na atividade pesqueira?

Resumo sobre El Niño

O que é El Niño?

O El Niño é um fenômeno climático natural descrito como o aquecimento anormal das águas do oceano Pacífico na sua porção equatorial. Ele ocorre de tempos em tempos, iniciando-se por volta do mês de dezembro, e causa transformações na circulação atmosférica, interferindo no regime pluviométrico e nas temperaturas em várias regiões do planeta.

Essa anomalia foi uma descoberta de pescadores na costa oeste da América do Sul, próximo do litoral do Peru. Nessas áreas, é comum a ressurgência de águas frias e profundas em camadas superiores, trazendo nutrientes para próximo da superfície e favorecendo a atividade pesqueira. Em um período atípico, entretanto, os pescadores notaram uma baixa produtividade associada a correntes de água mais quentes do que o habitual para a época do ano.

Curiosidade: Como o período de observação dos pescadores foi próximo do Natal, atribuiu-se, por isso, o nome El Niño ao fenômeno, uma referência, na língua espanhola, ao menino Jesus (el niño = o menino).

Características do El Niño

O El Niño, como vimos, é caracterizado pelo aumento anormal da temperatura das águas do oceano Pacífico próximo à Linha do Equador, na região intertropical do planeta Terra. Comumente, a variação se dá no intervalo de 2 ºC a 3,5 ºC, levando em consideração que, em condições normais, a temperatura das águas superficiais do Pacífico é de 23 ºC. Em anos de El Niño muito intenso, como aquele que ocorreu entre 1997 e 1998, observou-se valores superiores, que chegaram a um acréscimo de 4 ºC.

A ocorrência do El Niño é cíclica, mas é difícil prever a sua periodicidade. Sabe-se que esse fenômeno acontece em intervalos de cinco a sete anos em média, geralmente intercalando com o La Niña em períodos que variam de um a 10 anos. O El Niño começa no final do ano, entre os meses de setembro a dezembro, e tem duração de até um ano e meio.

Saiba mais: Furacão — tempestades tropicais que ocorrem sobre oceanos tropicais

Como ocorre o El Niño?

O El Niño está diretamente associado aos ventos alísios — um sistema de ventos que sopram em direção ao Equador no sentido leste–oeste. Em anos de ocorrência do fenômeno, os alísios apresentam intensidade menor do que a convencional. Quando isso acontece, a ressurgência de água fria na costa oeste da América do Sul perde a força e a água quente avança sobre essa região, o que implica o acréscimo das temperaturas gerais do oceano.

Posto de outra forma, temos que a termoclina, camada que marca a separação entre as águas quentes e frias do oceano, encontra-se mais profunda na costa oeste sul-americana, como demonstra o esquema da figura seguinte.

O aumento da temperatura das águas do oceano implica mudanças na pressão atmosférica na camada imediatamente acima da superfície, transformando o padrão de circulação das células convectivas. Nesse caso, refere-se às células de Walker. Em condições normais, essa célula é formada por ar quente ascendente no leste da Ásia e descendente na costa oeste da América do Sul.

Com as temperaturas mais elevadas do oceano, especialmente na região central, forma-se uma zona de baixa pressão nessa área e há uma divisão na célula de Walker. As parcelas ascendentes de ar se concentram no centro do oceano Pacífico, enquanto o movimento descendente é intensificado sobre a porção ocidental da América do Sul e passa a ocorrer também no leste asiático.

Ilustração dos ventos alísios e sua influência sobre a temperatura das águas do Pacífico em anos normais e de El Niño.
Esquema simplificado do comportamento dos ventos e sua influência sobre a temperatura das águas do Pacífico em anos normais e em anos de El Niño.

São decorrentes dessa transformação no padrão de circulação dos ventos, em diversas regiões do planeta, as modificações:

Quais as consequências do El Niño?

O El Niño provoca alterações na circulação geral da atmosfera, o que implica consequências em vários países, principalmente aqueles localizados na zona intertropical. Nas regiões sul e sudeste da Ásia, que compreendem países como a Índia, a Indonésia e as ilhas próximas a esses territórios, ocorre o enfraquecimento das monções e predomínio de tempo quente e seco.

O mesmo acontece na Oceania, notadamente na Austrália e Nova Zelândia. Já as ilhas da região central do Pacífico experimentam um acréscimo no volume de chuvas. A costa oeste da América do Norte experimenta tempo quente e chuvas muito intensas no verão, causadoras de enchentes e alagamentos, enquanto no inverno as temperaturas mínimas podem ficar muito abaixo da média esperada. Esse padrão se repete na costa leste do continente.

Nos países da América Central, o tempo se torna quente e seco, enquanto os efeitos do El Niño para a América do Sul são muito variáveis. As chuvas diminuem consideravelmente na Colômbia, nas áreas mais elevadas do Peru e na Bolívia, provocando secas.

No oeste do Peru, do Equador e dos países mais setentrionais do continente sul-americano, a precipitação é mais intensa e volumosa. Desse modo, as atividades econômicas sofrem grande prejuízo em anos de El Niño, sobretudo a agricultura e a pesca. Nas áreas de chuvas torrenciais de verão, a população é afetada por enchentes e alagamentos.

Quais as diferenças entre El Niño e La Niña?

O El Niño e a La Niña são ambos parte do fenômeno conhecido como El Niño-Oscilação Sul (Enos). Diferentemente do El Niño, o La Niña corresponde ao resfriamento anormal das águas do Pacífico devido à intensificação da ressurgência na costa oeste sul-americana, provocada por ventos alísios de maior intensidade.

O nome desse fenômeno, que significa “a menina” em espanhol, foi dado justamente por se tratar de um evento oposto ao El Niño. Ele tem início na mesma época do ano e ocorre a cada intervalo de dois a sete anos, com duração de nove meses.

Durante o La Niña, são experimentadas chuvas muito intensas e aumento das temperaturas nas regiões do leste e sudeste asiáticos e dos países da Oceania. A costa oeste da América do Norte tem frio intenso, o mesmo ocorrendo na América Central, onde há a combinação de tempo frio e chuvas volumosas, e em toda a costa pacífica sul-americana.

No Brasil, o La Niña:

Com ocorre o El Niño no Brasil

O El Niño faz surgir condições de tempo muito contrastantes no território brasileiro:

Confira nosso podcast: O dilema das queimadas no Brasil e no mundo

Exercícios resolvidos sobre El Niño

Questão 1

(Fuvest) “Menino travesso: El Niño retorna mais poderoso e ameaça enlouquecer o tempo em todo mundo.”

(Revista “Veja” 27/08/97 p. 42-43)

A notícia anterior exemplifica a ampla cobertura da mídia sobre esse fenômeno, geralmente relacionado à

A) atuação inesperada da massa de ar úmida que, ao resfriar as águas do oceano Pacífico, eleva os índices de evaporação e intensifica as chuvas de monções no SE asiático.

B) presença de correntes marítimas com baixas temperaturas na costa ocidental americana, justificando a diminuição dos cardumes no Chile e as estiagens no SE do Brasil e dos EUA.

C) inversão térmica oceânica que aquece parte das águas superficiais do Pacífico, aumenta o número de tempestades marítimas e desregula os índices de chuva na região tropical.

D) temporada de furacões e episódios de secas nas costas ocidentais americanas, devido ao aumento da força dos ventos tropicais que sopram da Ásia em direção à América do Sul.

E) formação de ondas que trazem à tona as águas mais frias do fundo do oceano Pacífico, intensificando os índices de aridez no Peru e Sul do Brasil e as inundações na Ásia tropical.

Resolução:

Alternativa C.

Com o El Niño, há o aquecimento das águas superficiais do Pacífico Equatorial em toda a sua extensão, notadamente nas áreas onde há a ressurgência de água fria, o que caracteriza uma inversão das temperaturas nessa região. A porção central do Pacífico experimenta um aumento nos índices pluviométricos devido à presença de massas de ar em ascensão, ao mesmo tempo em que há um descompasso nas chuvas das demais áreas, principalmente no sudeste asiático e na América do Sul.

Questão 2

(UEL) Sobre os desdobramentos do fenômeno El Niño no território brasileiro, considere as afirmativas a seguir.

I. No Hemisfério Sul a atuação do fenômeno El Niño eleva a frequência e a intensidade das frentes frias que avançam sobre as regiões Sudeste e Nordeste durante os períodos de primavera e verão.

II. Algumas culturas agrícolas das regiões Sul e Sudeste são beneficiadas com o fenômeno que propicia um inverno com temperaturas acima da média, diminuindo as geadas.

III. Na região Amazônica, a ocorrência do fenômeno El Niño acentua a estação seca e contribui com o aumento do risco de incêndios causados pelo uso das queimadas na agropecuária.

IV. A região brasileira mais afetada pelo fenômeno El Niño é a Centro-Oeste, onde prolongados períodos de seca atingem o Mato Grosso do Sul.

Estão corretas apenas as afirmativas:

A) I e II.

B) II e III.

C) III e IV.

D) I, II e IV.

E) I, III e IV.

Resolução:

Alternativa B.

Somente as afirmativas II e III trazem informações verdadeiras. A primeira está incorreta porque o El Niño não ocasiona um aumento nas frentes frias. Esse aspecto é característico do La Niña. A afirmativa IV, por sua vez, está incorreta porque os impactos descritos do El Niño ocorrem nas regiões Norte e Nordeste, e não no Centro-Oeste.


Fonte: Brasil Escola - https://brasilescola.uol.com.br/geografia/el-nino.htm