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Sistema congestionado

Brasileiros chegam a esperar mais de um ano pela carteira de motorista de Portugal

Carros circulam em rua do centro histórico do Porto, em Portugal

Uma disparada no número de pedidos de estrangeiros pela carteira de motorista de Portugal, impulsionada pela grande quantidade de brasileiros em busca do serviço, congestionou o processo de emissão do Instituto da Mobilidade e dos Transportes (IMT).

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Há um plano de recuperação dos pedidos pendentes em curso, e que prevê um tempo médio para finalização de 60 dias. Mas existem brasileiros na fila há mais de um ano. 

O gargalo pode ser explicado pela quadruplicação do número de solicitações entre 2016 e 2019, intervalo no qual a comunidade brasileira em Portugal voltou a crescer. Até a explosão da pandemia de Covid-19, a média era de 60 mil solicitações anuais.

Houve uma redução em 2020, mas em 2021 os pedidos retomaram e fecharam o ano com cerca de 45 mil. Os brasileiros são responsáveis por mais de 40% das requisições, diz o IMT. 

Mas também há portugueses e motoristas de outras nacionalidades à espera do desfecho do processo.

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É uma espera que tem gerado situações insólitas, descritas publicamente no Portal da Queixa. Entre elas, a de um brasileiro que iniciou o processo em junho de 2020, telefonou recentemente para o IMT e ouviu o atendente dizer que ele não deveria ter demorado tanto sem cobrar. Por isso, o tema foi esquecido.

Outro brasileiro diz que abriu processo em outubro de 2020, ficou parado e, segundo ele, poderia estar perdido.

Um brasileiro pode dirigir em Portugal com a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) por 185 dias como turista. Caso fixe residência, o prazo cai para 90 dias com a obrigatoriedade de dar entrada no IMT para troca do documento válido. Muitos brasileiros, maioria nos aplicativos de transporte, começam a trabalhar como motoristas antes mesmo de trocar a carteira.

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Durante a transferência, a CNH tem que ser entregue e validada em um posto consular antes de o motorista seguir para outras etapas online e presenciais, diz um brasileiro que pediu anonimato para que o seu processo não atrase:

— É uma aventura. Para fazer o pedido no IMT, é preciso ter a CNH validada pelo consulado, onde leva meses para conseguir um agendamento. Ao ligar para o IMT e perguntar se teria algum prazo para obter resposta, a atendente disse que não tem prazo para o processo.

O IMT explicou ao Portugal Giro que enfrentou desafios durante a pandemia.

“A situação pandêmica implicou a desmaterialização parcial do procedimento, sendo que o processo implica a entrega do original e a recolha presencial dos dados biométricos,  fotografia e a assinatura. A pandemia não só teve repercussões na resposta do serviço, face às limitações de atendimento presencial e às ausências pontuais de trabalhadores, como apresentou dificuldades aos requerentes, pois a obtenção da documentação necessária ao pedido nem sempre tem sido de fácil acesso”, informou o IMT.

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O órgão garantiu que tem feito contato com países de fora da União Europeia, como o Brasil, para tentar criar um sistema de verificação de autenticidade mais rápido e eficaz. E que “passará a contar a partir da próxima semana com o apoio de um aplicativo de validação da autenticidade dos títulos de condução”.

 

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