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O sol é para todos eBook Kindle
- IdiomaPortuguês
- EditoraJosé Olympio
- Data da publicação12 junho 2015
- ISBN-109788503012645
- ISBN-13978-8503009492
- Mas antes de ser obrigado a viver com os outros, tenho de conviver comigo mesmo. A única coisa que não deve se curvar ao julgamento da maioria é a consciência de uma pessoa.2,290 leitores do Kindle destacaram isso
- Você só consegue entender uma pessoa de verdade quando vê as coisas do ponto de vista dela.2,180 leitores do Kindle destacaram isso
- Tem gente que… se preocupa tanto com o outro mundo que não sabe viver nesse aqui, basta olhar na rua e ver o resultado.1,302 leitores do Kindle destacaram isso
Descrição do produto
Sobre o Autor
Harper Lee nasceu em 1926, em Monroeville, Alabama - cidade que também legou à literatura americana o jornalista Truman Capote, amigo da escritora. Cursou a Huntington College, estudou Direito na Universidade do Alabama e passou um ano na Universidade de Oxford. Nos anos 1950, mudou-se para Nova York, onde escreveu O sol é para todos.
Detalhes do produto
- ASIN : B00ZPQ073O
- Editora : José Olympio; 1ª edição (12 junho 2015)
- Idioma : Português
- Tamanho do arquivo : 1643 KB
- Leitura de texto : Habilitado
- Leitor de tela : Compatível
- Configuração de fonte : Habilitado
- Dicas de vocabulário : Não habilitado
- Número de páginas : 437 páginas
- Ranking dos mais vendidos: Nº 3.366 em Loja Kindle (Conheça o Top 100 na categoria Loja Kindle)
- Nº 103 em Ficção clássica
- Nº 118 em Ação e aventura
- Nº 1.897 em Literatura e Ficção (Livros)
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Sobre o autor
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O livro é dividido em 2 capítulos. No primeiro consta uma espécie de apresentação dos principais personagens e da cidade onde a estória se passa. Nesse momento, verifica-se também uma atenção especial ao universo lúdico que permeia a vida dos filhos de um dos personagens principais, que é o advogado Atticus Finch. Aliás, o protagonismo da estória é dividido entre Atticus e sua filha de 6 anos, Scout, que é a narradora de toda a obra. A narrativa é contada a partir das lembranças de Scout. Tudo começa com o fato de que seu irmão, Jem, está com o braço machucado e ela decide explicar ao leitor como isso aconteceu. À medida que o relato se desenvolve, ainda na primeira parte do livro, o leitor é levado a crer que o acidente de Jem ocorreu no contexto de alguma brincadeira infantil corriqueira - especialmente porque Scout descreve detalhadamente as brincadeiras e formas de passar o tempo no verão. Contudo somente ao final do livro é que se revela como o garoto se machucou, num contexto muito mais sério, sombrio e perigoso. O segundo capítulo é sobre o julgamento de Tom Robinson, homem negro que é acusado de violentar uma moça branca.
Por ser narrado por uma criança, a autora navega de maneira sutil, e muito fácil de ler, por temas pesados, que não podem ser ignorados pela humanidade. Pode ter sido este um dos motivos para que a narrativa rapidamente ganhasse o gosto do público. Harper Lee evita expor expressamente termos que impliquem em um julgamento moral da sociedade da época. Os valores e os preconceitos que são abordados são apresentados de forma indireta e leve, pela visão infantil da personagem principal. Ao longo da estória percebemos a perda da inocência de Scout, devido a seu amadurecimento gradativo ao se deparar com as injustiças, preconceitos e violência que testemunha especialmente durante o julgamento. Scout também aprende que, apesar de toda a maldade que presencia entre os moradores de sua cidade, ainda há espaço para a compaixão e o resgate da humanidade, quando ela finalmente conhece o famoso Boo Radley.
Quando Harper Lee publicou este livro, em julho de 1960, o sul dos Estados Unidos, e mais especificamente, seu estado de origem, o Alabama, já fervilhava com manifestações sobre direitos civis. Era uma época de intensa e explícita luta contra preconceitos raciais, em que a segregação racial era uma regra até entao entre os americanos. Para melhor contextualizar, poucos anos antes, em 1955, foi quando ocorreu o episódio com Rosa Parks, que foi a famosa ativista que se recusou a ceder seu lugar no ônibus para uma pessoa de cor branca. Por conta disso, Rosa foi presa e esse fato gerou automaticamente uma forte reação do movimento negro e uma onda de boicote aos ônibus, ocasião em que inclusive Martin Luther King Jr também se manifestou.
No entanto, apesar do calor desse movimento nos anos 50 e 60, a autora decidiu ambientar a estória três décadas antes, na época da grande depressão americana, revelando que a mudança cultural é particularmente lenta e que o debate sobre a segregação racial não ocorreu de uma hora pra outra nos anos 60. pois teve início muito tempo antes. Outra curiosidade é que partes da obra coincidem com sua história pessoal. Harper Lee é de uma cidade do interior do Alabama nos anos 30, onde a personagem Scout seria ela mesma e a cidade fictícia de Maycomb, muito parecida com sua cidade natal. O pai de Harper Lee, assim como o pai de Scout, também era um advogado, que teria defendido um homem negro no tribunal. E por fim, o melhor amigo de Scout, Dill, teria sido uma homenagem ao famoso escritor Truman Capote, que era amigo pessoal da escritora.
Apesar de ser um clássico, a obra não é uma unanimidade entre os leitores atuais. Não obstante o livro ser obrigatória nas escolas americanas, há quem diga que ele não é um ideal de livro anti-racista, por ser uma estória contada a partir de um ponto de vista de uma família branca e privilegiada, ainda que progressista. Os negros são descritos como vítimas indefesas, incapazes de lutar contra a opressão que lhes é imposta. Não se menciona no livro que a comunidade negra já estava se organizando para questionar publicamente essa ideologia de preconceito racial. Nesse raciocínio, outro ponto objeto de crítica atual é o papel da personagem Calpúrnia, que é uma mulher negra que trabalha e convive com os Finch. É apresentada como uma empregada doméstica que é praticamente da família, pois também ocupa o papel de "mãe" das crianças, uma vez que Atticus é viúvo. Essa personagem, nos dias de hoje, parece ser o típico "escravo satisfeito". O que parece ter sido desenhado como uma relação inocente no livro, recebe outro viés sob a ótica da sociedade atual. Ou seja, a autora mostra Calpúrnia como um indivíduo feliz e bem acolhido nessa família - ao tempo em que se sabe que, na prática, ela não é e nunca será considerada da família e deve obediência ao patrão. De fato, tem-se a impressão de que todos os personagens negros não têm vida própria na estória; parecem orbitar em torno dos brancos. A simplicidade desses personagens seria substituída, nos dias atuais, por entidades mais complexas, uma vez que há muito mais a ser considerado quando se trata do resgate da humanidade no relacionamento interracial e da crescente mudança no pensamento contemporâneo de luta contra a supremacia branca.
Outro ponto de destaque é que duas mentiras dão o norte do livro. A primeira destrói um homem inocente e a segunda, impede que um inocente tenha a sua vida destruída. Isso nos leva a refletir sobre as nossas escolhas. Além de trazer à tona a discussão sobre valores morais: até que ponto é errado ou aceitável mentir?
Seguindo essa linha de questionar as convicções do leitor, percebe-se que as crianças, supostamente inocentes por natureza, têm uma implicância com um vizinho. Por achar que ele era um fantasma ou um monstro aterrorizante lhe deram o apelido de "Boo" Radley . Além disso, viviam aprontando confusões com a família Radley. As crianças eram provocadoras e implicantes com o rapaz. Em contraposição, o suposto monstro era sempre gentil, não revidava as brincadeiras, deixava presentes para as crianças e certa vez até consertou a roupa de um deles. Aqui percebe-se uma jogo da autora, talvez pra chamar a atenção do leitor de que nem tudo é o que parece. Dessa forma, a obra traz esse alerta sobre os problemas que podem ser criados ao adotarmos uma visão de mundo preconceituosa.
Para concluir, como tudo é narrado a partir do ponto de vista de Scout, que vai dos 6 aos 8 anos no decorrer do livro, nada mais justo que apresentar as principais lições de vida aprendidas pela garota, que foi perdendo a pureza infantil à medida que a estória avançava:
• "A gente só consegue entender alguém quando nos colocamos no lugar dessa pessoa". Apesar de Atticus ter ensinado a ela essa lição, ela só veio a aprender ao final da estória, quando ela se põe, literalmente, em frente à casa de Boo Radley e faz um exercício de visualizar tudo que aconteceu nos últimos anos, sob a perspectiva de Radley;
• Não se pode matar mockingbirds. São aves que não fazem mal algum, apenas cantam. Ela aprendeu essa lição quando o pai deu uma espingarda para seu irmão. Trazendo um sentido metafórico, esse mockingbird seria qualquer pessoa que fosse mais fraca numa relação ou que, por qualquer motivo, não pudesse se defender.
• A verdadeira coragem acontece quando você escolhe continuar lutando, mesmo que você saiba, desde o início, que provavelmente irá perder.
• O mundo é injusto. Durante o julgamento, mesmo os acusadores sendo pessoas nitidamente desonestas, e ainda que a defesa feita por Atticus tenha sido perfeita, nada disso foi bastante para o juri absolver um inocente.
Definitivamente este é um livro que eu indicaria para todos. De leitura agradável e fluida, pode ser um bom acompanhamento para as férias ou para descansar a mente ao final de um dia de trabalho. E mais, recomendo não depreciar a obra pelo seu vocabulário simples. É provável que justamente essa simplicidade seja a responsável por alcançar o coração de tantos leitores ao longo das décadas.
O livro é considerado um dos maiores clássicos do século XX, e o livro mais aclamado no EUA, sendo leitura obrigatória nas escolas norte-americanas.
Aproximadamente a obra já vendeu mais de 40 milhões de cópias mundialmente.
Em 2015, o livro ganhou uma continuação, "Vá e coloque um vigia".
A história se passa nos 1930 e gira em torno da família Finch, composta pela Scout, seu irmão Jem e seu pai Atticus. Quem narra a história, é a Scout.
A família de Scout vive numa cidade fictícia chamada Maycomb (inspirada na cidade de Monroeville), no interior do Alabama, estado da região sul dos Estados Unidos.
É de conhecimento geral que a formação sul dos EUA, carrega consigo um histórico escravocrata e de conservadorismo da elite branca. Uma região que foi palco de intensos e sangrentos conflitos étnico-raciais, que perduram até os dias de hoje.
Dito isso, a família de Scout é majoritariamente branca, e vive em Maycomb, uma cidade que é segregada entre negros e brancos, ricos e pobres, bairros de brancos e bairros de negros.
É a partir desse contexto qual os personagens estão situados, que a autora desenvolve o principal conflito do livro: um julgamento de um caso de estupro em que a vítima foi uma mulher branca, e o agressor teria sido um homem negro, Tom Robinson.
Atticus, o pai da Scout, tido como o advogado da cidade, é delegado a cuidar do caso, no entanto, em vez de representar a vítima, Atticus irá representar o suposto agressor, Tom Robinson. E temos aqui mais um conflito: um homem branco, em defesa de um homem negro.
Como você deve imaginar, teremos um choque cultural e étnico que vai ser presente na trama toda, além disso, irão se desdobrar outros conflitos, que a Harper Lee nos coloca de frente, em situações que nos causa incomodo, revolta, mas que também nos leva a refletir sobre diversos assuntos e conceitos, e, sem dúvidas o que mais é questionado é: Justiça.
Cabe ressaltar que o livro possui um fundo autobiográfico, onde o pai da Harper Lee, homem branco, fora também um advogado, e, representou a defesa em um caso envolvendo dois homens negros.
Por ser narrado por uma criança de 8 anos, temos a inocência infantil vestindo todo esse contexto que nos é apresentado.
Tenho para mim, que a escolha da Scout ser a narradora, tenha sido a humanização dos personagens, mesmo com todos os conflitos sérios e urgentes, bem como tornar a narrativa acessível para qualquer leitor, pois, apesar de ser um clássico, a escrita é fluida.
Outrossim, a Scout é uma garota que exercita muito o pensamento crítico sobre as situações que ocorrem ao seu redor, é uma garota observadora, questionadora e que entende criticamente a realidade na qual ela está inserida, e isso se deve a educação familiar que o seu pai, Atticus, lhe proporcionou.
Aliás, sobre o personagem Atticus, só tenho elogios a tecer, um homem incrível! Exemplo de paternidade, de cidadão, bem como de advogado... um dos personagens masculinos mais inspiradores que eu já li.
Enfim, um núcleo de personagens (Scout, Jem e Atticus), muito bem escrito e desenvolvido, onde cada um tem suas particularidades, diferenças, mas, ao mesmo tempo são unidade.
Discussões que a obra levanta:
Racismo = Temos um retrato de uma sociedade norte-americana branca totalmente elitista e racista dos anos 30. O discurso discriminatório e violento nessa época, estavam mais que reforçados, era algo intrínseco quase, fazia parte da educação familiar, escolar, dos diálogos etc.
Segregação Socioespacial = Temos uma Maycomb que se estrutura em castas, como bem fala a Scout. As diferenças étnicas são utilizadas como instrumento de segregação, onde existe:
"Comportamento de branco x comportamento de negro"; "Bairro de branco x bairro de negro"; "Atitude de branco x atitude de negro"; "Produto de branco x produto de negro".
Bullying = Existe um personagem chamado Boo Radley, que se torna motivo de piada, chacota e bullying, por ser recluso, não ser sociável, nem comunicativo, enfim, por ter uma formação subjetiva diferente da maioria das pessoas de Maycomb. A própria Scout e seu irmão Jem várias vezes são hostis com o seu vizinho.
A situação expõe algo que é fato, mas que muitos ignora, que é: crianças podem ser sim cruéis. Afinal, a criança é um ser sociável, que possui valores, preconceitos, e estes, se manifestam principalmente dentro de casa ou da escola.
Justiça e Direitos = Por fim, talvez a discussão e o debate que mais surge ao finalizar a leitura, é sobre a Justiça, o seu conceito e como ela é aplicada na sociedade. É através do Atticus e seus posicionamentos diante o julgamento do caso, que o leitor acessa inúmeros questionamentos, dentre os quais, me foram mais pertinentes:
Justiça feita por quem?
Justiça para quem?
Justiça por cor?
Iguais perante a lei em que sentido?
"Sabemos que nem todos os homens são iguais, não no sentido que querem nos impor; algumas pessoas são mais inteligentes do que outras; algumas têm mais oportunidade do que outras, pois nascem privilegiadas; alguns homens ganham mais dinheiros que outros (...)" (p. 255).
"Nos nossos tribunais, quando se trata da palavra de um branco contra a de um negro, o branco sempre vence. É horrível, mas é a vida" (p. 275).
"Se só existe um tipo de gente, por que as pessoas não se entendem? Se são todos iguais, por que se esforçam para desprezar uns aos outros?" (p. 283).
"O que é um negro a mais ou menos no meio de duzentos? Para eles, aquele não era Tom, era um fugitivo" (p. 293).
E você, caro leitor, (re) conhece seus privilégios?
Independente da sua resposta, leia "O Sol é para todos".
É mais que um clássico... é vital.
Scout é muito madura e emocionalmente inteligente para a sua idade e relata em primeira mão os assuntos da pequena cidade onde vive, apontando o cinismo, a hipocrisia e a contradição de uma democracia que não respeita igualmente brancos e negros, ricos e pobres, os de "berço" e os forasteiros.
Acabo de ficar órfã dessa obra prima.
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