Foto: Rita Ansone
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Quando entramos na casa de DUB FX, nos Anjos, somos calorosamente recebidos nos degraus pelo seu “labradoodle”, Obi. DUB FX (o seu verdadeiro nome é Benjamin) diz que podemos chamá-lo como quisermos, “Dub, Dubby”, mas brinca que se sente mais à vontade ao ser chamado de “Boo boo”.

“Boo boo”, então. O músico leva-nos pela sua luminosa cozinha até à grande varanda, onde conversamos um pouco sobre a sua história. Ele conta que os pais são da Austrália e Itália, e passou os primeiros anos a crescer entre os dois países.

DUB FX, o músico, nasceu com concertos a tocar nas ruas depois de se ter mudado para a Europa em 2006. Seis anos depois, regressou à Austrália e conseguiu comprar uma casa com o dinheiro que ganhou nas suas performances de rua.

Dá para perceber pela forma como conta a sua história de que tem orgulho nesta conquista.

Dub FX e o seu cão People of Lisbon
Dub FX e o seu cão. Foto: Rita Ansone

Quando começou com a música, DUB FX experimentou géneros que iam desde o jazz até ao metal, mas depois de se mudar para a Europa, decidiu abandonar esses projetos.

“Decidi que ia fazer performances de rua, inspirar-me a viajar pelo mundo a viver numa carrinha e depois ia escrever esta obra incrível e depois iria para casa gravá-la, ser contratado e tornar-me uma estrela pop”, diz.

O plano não correu exatamente como planeado, mas as coisas começaram a encaixar-se quando um vídeo dele a fazer busking se tornou viral e foi descoberto por promotores de Kiev, que ofereceram pagar-lhe para atuar na sua casa de espetáculos.

O concerto em Kiev esgotou e, para sua surpresa, todo o público conhecia as letras e entoava o seu nome. “Nunca tinha experimentado isto antes”, partilha, lembrando o momento.

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Em frente ao seu monitor de computador no seu pequeno, mas perfeitamente equipado estúdio, DUB FX mostra o vídeo da sua grande conquista, que agora conta com cerca de 40 milhões de visualizações. O vídeo é modesto para qualquer padrão. “Nunca poderia acontecer de novo”, diz, referindo-se a esse momento único.

Passamos por uma parede com fotografias das suas atuações, bem como da esposa e filhos. DUB FX aponta para uma foto da mulher tirada durante uma época em que ela estava interessada na dança Bollywood. Depois, aponta para as fotos dos seus dois filhos, Sahara e Kalila. “Sempre quis ser pai, então, quando finalmente aconteceu, senti-me aliviado”.

De volta à sala de estar, DUB FX está a brincar com Obi. Ele conta-nos a história de como conheceu a mulher.

“No aeroporto… estávamos os dois a embarcar no mesmo voo de Melbourne para Newcastle para ir a um festival de música chamado Subsonic e ela veio ter comigo e perguntou: és tu o Dub FX?�� Claramente, foi um momento em que o seu estatuto de celebridade relativa teve um impacto significativo na sua vida. “Sim, sou eu”, foi a resposta dele para a rapariga com quem ele acabaria por se casar, e até a pediu em casamento no palco.

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DUB FX conta que fui convidado para o Woodstock Poland “e tinha cerca de 400 mil pessoas à minha frente, foi absolutamente de loucos.” Diz o que pensa sobre como é tocar para audiências grandes ou pequenas. “Preciso de transformar os grandes shows em algo íntimo e os shows pequenos em algo épico.”

E porque ecolheu Portugal? Estava a morar na Austrália no início da pandemia e não poderia viajar para a Europa em tournée. Então, ele e a mulher decidiram deixar a casa mudarem-se para Portugal.

“Eu adoro o clima, adoro a comida, gosto das praias e gosto do facto de estar na Europa.”

Ele partilha o conselho que daria a alguém que está a começar no mundo da música e deseja alcançar o mesmo nível de sucesso. “Se alguém quer ter sucesso em qualquer coisa que faça, precisa de fazer isso muitas vezes.” Acredita que “a maioria dos músicos pratica a técnica mais do que a parte de se apresentar em palco.”

Pedimos-lhe algumas dicas de beatboxing. “Fácil”, ele diz, “beatboxing é tudo sobre dizer coisas em voz baixa e enfatizar as consoantes”. Ele mostra-nos alguns ritmos diferentes que podem ser criados apenas com as simples palavras “born too clever, too clever, born too clever, too clever [nascido demasiado inteligente, nascido demasiado inteligente, demasiado inteligente, inteligente demais] “.

Ele faz parecer fácil, mas podemos afirmar que não é.

E com isso, “Boo boo” manda-nos um beijo antes de ele e Obi atravessarem apressados a rua.


Este texto foi escrito com Kate Popielarcheck, que está a estagiar na Mensagem através do programa de intercâmbio internaciona com os EUA

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Kate Popielarcheck tem 20 anos, nasceu na Carolina do Norte, nos EUA, e mudou-se para o litoral americano para estudar Comunicação e Jornalismo. Sempre sonhou estudar fora do país e sabia que o queria...

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