Renata Lacombe: O desmame e a autonomia da criança
A psicóloga fala da dependência que sua filha tem dela e de como isso a preocupa.
15/06/2015
Chris Nicklas
Como construir a autonomia da criança e o desmame gradativo sem magoar nossos filhos? Essa pergunta todas nós nos fazemos, certo?
A psicóloga Renata Lacombe está tendo muita dificuldade para ajudar sua filha a construir sua autonomia. Ela compartilhou em seu FB um texto sobre o que considera o melhor para uma criança, mas na prática se depara com muitos obstáculos e tem dúvidas sobre sua capacidade de oferecer o que é necessário para que sua filha se torne uma criança independente e segura. Sua filha mama no peito, está com um pouco mais de um ano e acorda muitas vezes à noite.
Para muitas mães a amamentação se torna uma representação dessa dependência e para outras não. O desmame simbólico normalmente é bem mais desafiador do que o nutricional, que se refere somente a introdução de alimentos. Mas acredito que quando o desmame não é tranquilo não é na amamentação que reside a questão e sim na relação. Como anda ela?
No processo do desmame simbólico as duas partes têm que estar prontas para tal, mãe e filho. Se sentindo aptos a fazer essa passagem de forma a encará-la como uma transição que traz muitos ganhos para ambos. Uma ampliação do universo infantil.
Abaixo está o texto reflexivo que Renata postou em seu FB:
“Desde que eu engravidei esqueci praticamente tudo que já tinha estudado (e eu estudei um bocadinho), mas tenho aprendido tanto com a maternidade! Então, eu devo ter lido isso por aí em algum lugar mas agora, por experiência própria, venho pensando que a verdadeira função da maternidade não é exatamente a amamentação e todo o seu entorno simbólico mas, justamente, o desmame. A principal função materna seria, assim, fazer essa passagem do peito para o mundo, ampliando as possibilidades do nutrir-se, real e simbolicamente. A mãe deve ser a própria ponte, uma ponte suficientemente boa que promova uma passagem segura e serena pra vida que pulsa para além dela mesma. Uma ponte generosa que entrega seu bebê para a vida fazendo dele menos seu mas, certamente, mais feliz. O contrário é uma danada duma perversão que perpetua a dependência e limita a própria vida do filho amado. Esse desmame é, desta forma, um ato de pura generosidade de uma relação que já nasce quites, onde ninguém deve nada a ninguém, nem as noites mal dormidas! Rsrsrs!”
Conversamos sobre isso tudo, sobre a hora de dormir e técnicas de ninar, vejam aqui: