Criança morre atropelada em perseguição policial

Testemunha diz que carro da PM perdeu controle e atingiu garoto de 5 anos

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

São Paulo

O pequeno Leandro Mauri­cio dos Santos Caner, 5 anos, morreu após ser atropelado, durante uma perseguição policial, por volta das 19h45 deste sábado (20) na região de Aricanduva (zona leste).

Ele havia acabado de sair da ca­sa da avó, acompanhado da mãe, uma monitora de esco­la de 26 anos, que permane­ce internada em estado gra­ve no hospital Santa Marceli­na (zona leste).

Segundo uma testemu­nha, que falou em condição de anonimato, o carro da Polícia Militar acessou, em
alta velocidade, a rua Bela Vista do Sul. “Aí eles [poli­ciais] perderam o controle do carro, atropelaram a moça e a criança. Em seguida, a via­tura bateu contra um poste”, afirmou. Os PMs, da 1ª Cia. do 19º Batalhão, também se feriram no acidente. Um de­les havia tido alta e o estado de saúde do outro não foi in­formado, até a conclusão desta reportagem.

 
Leandro dos Santos Silva, 5 anos, atropelado por viatura da PM - Reprodução

Ambos os policiais rela­taram em depoimento que perseguiam a um Fiat Strada branco, usado por três sus­peitos para fugir após assal­tarem uma padaria, na rua Miguel Bastos Soares.

Até a conclusão desta reportagem, os bandidos não haviam sido identificados e nem presos. 

Durante a perseguição, os bandidos entraram na rua Bela Vista do Sul, sendo se­guidos pelos policiais. No
cruzamento da via com a rua Ricardo Gumbleton Daunt, a viatura perdeu o controle e atropelou mãe e filho.

Uma testemunha afir­mou, em condição de anoni­mato, que a monitora de es­cola usou o próprio corpo co­mo escudo para proteger o pequeno Leandro. “Mas a força do impacto jogou ela para longe”, relatou.

Contradições

A reportagem ouviu duas testemunhas do atropela­mento. Porém, tanto o bole­tim de ocorrência, como a
SSP (Secretaria da Segurança Pública), gestão João Doria (PSDB), afirmam que “não foram encontradas testemu­nhas do acidente envolven­do os PMs e as duas vítimas”.

Uma das testemunhas acrescentou que, após o atropelamento, o socorro aos policiais “foi feito primeiro”.
“Não sei como funciona este tipo de coisa [ocorrência], mas primeiro, policiais que chegaram na rua foram aju­dar os policiais feridos”, re­latou ao Agora.
 

Menino cativante

O tio-avô de Leandro, um motorista de 53 anos, afirmou que o sobrinho “gostava de tudo”. “Ele era uma criança cativante. Filho único da minha sobrinha. Ele era a alegria da casa e de to­da a família”, afirmou.

A criança era fã de super-he­róis, como o incrível Hulk e o Homem-Aranha, persona­gem que ela havia pedido para ser tema de uma festa.

O tio das vítimas acres­centou que “não culpa os policiais” pelo acidente. Po­rém, cobra “mais transparência” para o caso. “Não culpo a polícia pelo acidente, já que não foi intencional. Mas, como acreditar em uma polícia que não assume os erros?”, questionou, se refe­rindo ao fato da polícia e SSP
negarem que a viatura tenha atropelado mãe e filho.

PM diz que perdeu controle ao passar em vala

O policial que dirigia a viatura, 29 anos, afirmou em depoimento que durante a perseguição “houve um impacto contra uma vala”, fazendo-o “perder o controle da viatura”. Com o impacto, segundo bole­tim de ocorrência, o policial “perdeu os sentidos e só veio a saber do ocorrido [atro­pelamento] após ser medicado e liberado do hospital”.

O outro PM, 23, afirmou que durante a perseguição, os bandidos atira­ram contra a viatura.

A Polícia Militar, sob a gestão João Doria (PSDB), diz que a criança foi a primeira a ser socorrida e que a mãe foi a segunda.

A PM diz que não há hierar­quia para se prestar o socorro, “sendo ana­lisados os sinais clínicos e a urgência”.

Notícias relacionadas