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Quarto de crian�a fica mais flex�vel e vive revolu��o

A decora��o de quartos infantis passa por uma revolu��o. Em meio a discuss�es sobre g�nero e quebra de r�tulos, o rosa e o azul n�o s�o mais soberanos nos ambientes, o que faz com que arquitetos e decoradores tenham de quebrar a cabe�a para criar projetos em sintonia com os novos tempos.

"Os projetos de princesa, sereia, futebol ou homem-aranha ca�ram por terra", afirma o arquiteto Leonardo Junqueira. "Cada crian�a tem um universo particular que deve ser explorado, e vejo hoje os pais encorajando isso."

A prefer�ncia por uma decora��o menos engessada, sem componentes tradicionalmente ligados ao universo feminino ou masculino, pode ser explicada por mudan�as sociais e pela crise econ�mica, segundo ele. "As fam�lias n�o querem que os quartos fiquem datados, mas que durem bastante", diz.

A maior oferta no mercado de m�veis que n�o seguem cores e estilos tradicionais, como o proven�al, tamb�m ampliaram as possibilidades de projetos, segundo a arquiteta Ana Yoshida.

Fugir de decora��es tem�ticas tamb�m � importante para que a crian�a n�o seja influenciada pelo gosto dos pais, afirma a arquiteta Bya Barros: "Ela deve ser livre para decidir se vai gostar ou n�o de um bicho ou desenho."

A agente de viagens Aline Ricarte, 30, moradora da zona norte de S�o Paulo, decorou por conta pr�pria o quarto da filha, Helena, de 8 meses, fugindo dos clich�s.

"N�o � que ela n�o poder� usar vestido de princesa ou algo do tipo, n�o sou radical", diz. "O que eu n�o gosto � da obriga��o de ter que comprar tudo em cor-de-rosa porque ela � menina, acho que tudo � para todo mundo."

O c�modo tem um pouco de cada cor, com destaque para o amarelo, o verde e o azul, para que a menina "se sinta livre". Um mapa-m�ndi colorido, uma faixa adesiva de animais na parede e uma rede para as duas se balan�arem comp�em a decora��o.

Ela compartilha o dia a dia com a filha e dicas para m�es de primeira viagem em um perfil no Instagram (@omundodababyhelena).

EQUIL�BRIO

A mudan�a na cara dos projetos n�o significa que o rosa e o azul tenham sido enterrados de vez.

Para o arquiteto L�o Shehtman, quartos do tipo ainda s�o "um sonho para muitos pais", ent�o a solu��o � modernizar o conceito antigo. "Deixo o estilo rococ� de lado e invisto em linhas mais simples, retas", explica. "Os projetos est�o cada vez menos taxativos e mais neutros."

A neutralidade, contudo, n�o pode passar do ponto, segundo a artista pl�stica e arquiteta Carla Fazenda.

"A cor estimula todos os sentidos da crian�a, mas h� muitos pais que t�m medo de ir al�m do bege", diz, acrescentando que deve haver um equil�brio entre os tons.

Barros, por sua vez, defende uma decora��o branca e "clean", com pontos de cor em acess�rios e objetos. "As novas gera��es n�o querem mais saber de fru-fru, gostam de tudo limpo", diz.

Para fam�lias com um casal de g�meos, a solu��o cai como uma luva, j� que poder�o mesclar cores no ambiente que tenham a ver com cada um sem ficar exagerado.

O engenheiro Jos� Mauro, 54, pai de um casal de g�meos de 2 anos, escolheu tons neutros para as paredes do quarto das crian�as e cores mais vivas —laranja e azul— para as camas.

Ele explica que a escolha da decora��o n�o foi motivada por quest�es de g�nero, mas est�ticas: "Achamos que o rosa e o azul ficaram batidos, enjoamos."

As camas —esp�cies de cabanas— n�o s�o iguais, apesar de terem a mesma base de tons. O projeto foi feito pelo arquiteto Lucas Padovani e pela designer de interiores Erika Bittar. "Ficou jovem e alegre", afirma o engenheiro.

A harmonia na decora��o do cantinho da crian�a deve se estender ao restante da casa, segundo a arquiteta Estela Netto. "H� alguns anos, os quartos infantis eram ilhas de decora��o na casa. Hoje, j� n�o s�o pensados de maneira isolada."

Ela acredita que a participa��o dos filhos na concep��o dos projetos � importante, mas que deve existir um limite para as vontades dos pequenos.

A arquiteta Marta Calasans conta que costuma mostrar a imagem do projeto para a crian�a para saber se ela se identifica com o que foi proposto. "Sinto que os pais t�m dado mais abertura para os filhos opinarem", diz.

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