Os vizinhos chatos s�o a principal desvantagem de morar em um condom�nio, mostra pesquisa realizada pelo Datafolha. Segundo os paulistanos, quem mora ao lado est� em primeiro lugar na lista de irrita��es, com 9% das respostas. Na sequ�ncia, v�m itens como valor do condom�nio (8%), barulho (8%) e falta de �rea de lazer (8%).
A pesquisa foi realizada entre os dias 10 e 12 de agosto e ouviu 493 pessoas das classes A, B e C em todas as regi�es da cidade.
A historiadora Micaela Garcia, 28, sabe bem o que � ter problemas de conviv�ncia no pr�dio. Ela mora com o marido e a filha em um apartamento de 50 metros quadrados na Vila Prudente, na zona leste da cidade, logo em cima do sal�o de festas do condom�nio. Um vizinho, conta ela, costuma ultrapassar os hor�rios acertados na reuni�o de moradores.
"J� houve festas com mais de 150 pessoas que foram at� de madrugada. Quando reclamamos, ele debochou dizendo que pod�amos chamar a pol�cia", lembra.
| Alberto Rocha/Folhapress | ||
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| Carol Marinho Martin no pr�dio em que mora, em SP |
Segundo Renato Tichauer, presidente da Assos�ndicos (Associa��o dos S�ndicos de Condom�nios Comerciais e Residenciais do Estado de S�o Paulo), os moradores costumam procurar os s�ndicos em um primeiro momento, mas n�o s�o em todos os casos que eles conseguem resolver o problema.
"N�s tentamos intermediar e fazer um gerenciamento do conflito. Mas quando n�o se chega a um acordo, o caso pode parar na Justi�a", diz.
A advogada Carol Marinho Martin, 34, resolveu processar a vizinha no final de 2015 por causa de gritarias no apartamento.
Como trabalha em casa, n�o conseguia fazer liga��es durante o dia e tamb�m tinha problemas para dormir.
O processo foi encerrado apenas em junho do ano passado, em uma audi�ncia de concilia��o.
"Ela foi multada duas vezes pelo condom�nio, mas n�o adiantou. Entrei na justi�a e pedi R$ 15 mil de indeniza��o por danos morais, mas acabamos entrando em um acordo e ela se comprometeu a parar com os barulhos", conta.
| Editoria de Arte/Folhapress | ||
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| RELA��O TENSA Vizinhos chatos s�o a maior reclama��o dos paulistanos... |
ESPA�O DIVIDIDO
Al�m das reclama��es tradicionais, como o barulho excessivo e problemas com animais, o aumento das �reas comuns e dos servi�os compartilhados nos edif�cios paulistanos nos �ltimos anos se tornou um agravante para as disputas entre vizinhos.
"Como os condom�nios passaram a ter mais espa�os de lazer, as pessoas est�o usando as �reas comuns para fazer atividades do cotidiano, como gin�stica, cursos e recep��o de convidados. Isso contribui para ampliar o choque entre moradores", diz Jos� Roberto Graiche J�nior, diretor jur�dico da AABIC (Associa��o das Administradoras de Bens Im�veis e Condom�nios de S�o Paulo).
"S�o muitas pessoas utilizando o espa�o na mesma hora. V�rios moradores na academia ao mesmo tempo, com tr�s personal trainers diferentes, pode gerar uma �rea de conflito", explica.
Para ele, outro novo fator que contribui com as brigas � o uso da internet para divulgar as reclama��es. "As discuss�es ficam mais acaloradas nas redes sociais e nos grupos de Whatsapp do condom�nio, porque � mais f�cil escrever do que falar pessoalmente. Isso acaba expondo as pessoas e at� mesmo o edif�cio", alerta.
Em alguns casos, o problema tamb�m pode estar com o morador que reclama de tudo. Mirella Machado, 26, que mora com o namorado e um amigo, precisou desconectar o interfone por conta do excesso de queixas.
"O vizinho de baixo nos acordava durante a madrugada ou ligava quando est�vamos almo�ando para reclamar de barulhos que ningu�m estava fazendo. Comecei a ter crises de ansiedade ao escutar o interfone e preferi desligar da parede", diz.
Tichauer, da Assos�ndicos, lembra que muitas vezes as pessoas confundem a origem do barulho e acabam incomodando os vizinhos. Para ele, � preciso ter certo n�vel de toler�ncia durante o dia e respeitar o Psiu (Programa Sil�ncio Urbano), da prefeitura, que pro�be ru�dos das 22h �s 7h em zonas residenciais.
"Quando voc� decide morar em condom�nio, sabe que est� dividindo o espa�o com mais pessoas. Algumas coisas podem incomodar, e as pessoas precisam aprender a conviver e resolver os problemas pacificamente", afirma.