Pouco mais da metade dos paulistanos das classes A, B e C (51%) mudaria de bairro –dentro da pr�pria zona ou para outras– se tivesse uma renda maior, de acordo com pesquisa do Datafolha que ouviu 493 pessoas.
Em um recorte por regi�o, em primeiro lugar no desejo de mudan�a est�o os moradores da zona leste (55%), seguidos de perto pelos do centro (53%), da zona norte (53%) e da zona sul (51%).
Nascido e criado no bairro da Penha, na zona leste, o dono de empresa de interc�mbios Raphael Ol�mpio Costa, 29, � um exemplo desse cen�rio. Depois de uma temporada nos Estados Unidos, e com uma condi��o financeira melhor, ele se mudou para um apartamento no centro e passou a trabalhar em casa.
Para o arquiteto Eduardo Pio, morador do Jardim An�lia Franco, a quest�o da mobilidade urbana pode explicar o dado da zona leste.
"H� bairros muito bons na regi�o, como Mooca, Tatuap�, Belenzinho, Jardim An�lia Franco e Vila Carr�o, mas seus moradores dependem muito da Radial Leste", diz.
Costa, por exemplo, pegava a via quando tinha uma reuni�o com um cliente ou outro compromisso de trabalho.
"Era cansativo. �s vezes gastava bem mais de uma hora de carro at� o centro. De metr� podia ser at� mais r�pido, mas, como levava meu computador na mochila, preferia n�o me arriscar."
J� a corretora Salete Correia Neves, 56, moradora do Tatuap� h� 30 anos, diz que n�o quer sair. De acordo com ela, o bairro mudou muito nos �ltimos anos, mas ainda preserva um ar familiar. "Gosto de fazer tudo a p� quando estou por aqui", afirma.
| Marcelo Justo/Folhapress | ||
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| Raphael Ol�mpio Costa, 29, em seu apartamento no centro de S�o Paulo, onde tamb�m mant�m seu home office |
RUMO AO LESTE
De olho nos interessados em fazer um movimento similar ao de Costa, a Gamaro Incorporadora, que constr�i tr�s torres com 900 unidades ao lado da esta��o Br�s do Metr� e da CPTM, na fronteira entre o centro e a zona leste, focou sua estrat�gia de divulga��o nesta �ltima.
"Fizemos um trabalho em bairros num raio de 30 quil�metros na dire��o leste. O resultado foi que, dos 300 apartamentos comercializados na primeira fase, 45% s�o de pessoas que j� moram nessa regi�o", diz Vin�cius Amato, diretor da incorporadora.
OFERTA CULTURAL
Na outra ponta da cidade, a zona oeste � uma exce��o: a minoria que mora l� (34%) afirma que mudaria se pudesse, segundo a pesquisa.
De acordo com Igor Freire, diretor de vendas da imobili�ria Lello, a grande vantagem da regi�o � sua proximidade dos grandes centros empresariais. "Fica a poucos minutos de carro ou transporte p�blico das avenidas Paulista, Faria Lima e Berrini", afirma.
O figurinista David Parizotti, 42, mora e trabalha na mesma rua no bairro de Pinheiros, na zona oeste.
"Eu me desloco muito pouco e praticamente n�o saio do bairro. Mesmo quando preciso, a oferta de metr� e �nibus por aqui � boa. Quase sempre deixo o carro na garagem."
Quando ainda morava com os pais, na zona sul, seu principal problema era o tr�nsito. "Perdia um tempo precioso dentro de um autom�vel."
Al�m disso, Parizotti diz valorizar a diversidade de sua regi�o: "Talvez n�o encontre em outro lugar a oferta cultural de Pinheiros", diz.
PRATICIDADE DO CENTRO
Cerca de dois ter�os dos paulistanos (63%) pretendem ficar na mesma casa em que vivem atualmente ao menos nos pr�ximos dois anos, segundo pesquisa do Datafolha.
O �ndice � maior entre os moradores do centro (71%). As zonas norte (67%), leste (65%), sul (60%) e oeste (54%) aparecem na sequ�ncia.
Para especialistas do setor imobili�rio, os moradores do centro s�o os menos dispostos a se mudar porque a regi�o passa por uma revitaliza��o, com a abertura de atra��es como o Sesc 24 de Maio, o Bar dos Arcos, no subsolo do Theatro Municipal.
"N�o troco a praticidade do centro por nada. Tudo � perto e fa�o tudo a p�. Vou � padaria e ao banco andando poucas quadras", diz o designer de interiores Roger Knut, 39.
Quando chegou a S�o Paulo, h� 10 anos, o paranaense Renato Oliveira Neto, 43, tamb�m escolheu viver no centro. "Muita gente se assusta com a regi�o, mas me sinto mais seguro aqui do que em bairros distantes. Al�m disso, adoro o estilo dos edif�cios da regi�o", diz o professor, que mora num pr�dio da d�cada de 1940.