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Fot�grafo da grife Dior � contra retoques que deixam as mulheres perfeitas

Paolo Roversi/Divulga��o
A top russa Natalia Vodianova usa cria��o do estilista John Galliano para a Dior em editorial de setembro de 2004 da Vogue Italia
A top russa Natalia Vodianova usa cria��o do estilista John Galliano para a Dior em editorial de setembro de 2004 da Vogue Italia

Em meio ao auge da superexposi��o nas redes sociais e da beleza filtrada por ferramentas digitais, um dos fot�grafos mais incensados da moda resiste a cair em tenta��o.

Parece milagre que, munido apenas de filme polaroid e uma c�mera de grande formato, o italiano Paolo Roversi, 71, mantenha-se firme na miss�o de n�o transformar seu of�cio em "algo racional, matem�tico e quase 'fake'".

Vinte e oito anos dos irretoc�veis 45 de carreira foram dedicados a registrar cria��es das dinastias da grife francesa Christian Dior.

O que fez desde o primeiro clique, em 1990, uma cria��o do ent�o estilista da marca, Gianfranco Ferr�, at� os dias atuais recheia o livro "Dior Images Paolo Roversi" (168 p�gs, por US$ 125, R$ 493).

A edi��o luxuosa da editora italiana Rizzoli, vendida sob encomenda no pa�s, materializa imagens hist�ricas da fotografia de moda, como as sess�es estreladas pela inglesa Naomi Campbell e pela russa Natalia Vodianova.

Da mesma casta de estetas na qual se inclui o alem�o Peter Lindbergh e o americano Bruce Weber, Roversi quase n�o aplica retoques em suas imagens.

Na p�s-produ��o, elas podem at� receber tratamento para corrigir defeitos t�cnicos, mas nunca s�o produzidas para tornar cr�vel o objeto retratado.

"Os fot�grafos hoje parecem buscar um senso de realidade que n�o me atrai", explica o fot�grafo � Serafina.

Por isso, sua caracter�stica mais marcante � o oposto da nitidez. Sobra em suas imagens o efeito de movimento, o "blur", que emba�a o olhar lembrando que o foco n�o � apenas a perfei��o dos vestidos de alta-costura, mas o conjunto da imagem de moda do cabelo aos p�s.

A t�cnica essencialmente manual resulta numa constante cortina de seda cuja leveza parece recair sobre as modelos como em um quadro renascentista, que, segundo ele, guarda uma no��o rom�ntica de luz particular � fotografia italiana.

"Para mim, a fotografia de moda n�o deve se ater apenas �s roupas, mas tamb�m sobre a express�o nos olhos e o sentimento que a luz pode causar. De maneira geral, a fotografia atual prioriza a nitidez, as cores e um excesso de limpeza quase falso. Prefiro manter a sensualidade crua", afirma.

A aura on�rica de suas imagens acompanha tamb�m um senso de beleza distante do padr�o idealizado pela ind�stria, sempre magro, de tra�os impass�veis e curvas delineadas. N�o que o fot�grafo levante bandeiras, mas suas fotos n�o soam comprometidas com estere�tipos.

"Nunca poderia explicar o que � beleza, e ningu�m deveria colocar palavras para descrev�-la. Loiras, magras, n�o existe isso para mim. A beleza � sempre um mist�rio que n�o � palp�vel. Gosto de me perder para encontr�-la."

Essa perda de dire��o do fot�grafo em detrimento do "instante m�gico", o d�cimo de segundo perfeito da fotografia, n�o se assemelha � busca do close ideal de uma "selfie". Seus caminhos irregulares s�o um m�todo, n�o disparos a esmo.

"� curioso pensar que nas �ltimas duas horas se produziram mais imagens no planeta do que nos primeiros cem anos da hist�ria da fotografia. Agora, parece que todo o mundo pode virar fot�grafo, e n�o � assim. Boas imagens, as de verdade, sempre v�o prevalecer."

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