Serafina
Julianne Moore, 56, dribla estigma de poucos pap�is para mulheres maduras
Jordan Strauss/Associated Press | ||
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Atriz Julianne Moore na cerim�nia do Oscar, em 2015. |
Julianne Moore � daquelas atrizes que, ao vivo, n�o s�o nem mais belas nem mais feias que no cinema. Possui apenas um pouco menos de sardas (ou talvez tenha s� acertado na maquiagem) e � uma presen�a magn�tica.
A entrevista foi concedida no �ltimo festival de Veneza, na promo��o de "Suburbicon: Bem-vindos ao Para�so", de George Clooney (que estreia em 21 de dezembro).
Na conversa, volta e meia joga os cabelos ruivos para tr�s com os indicadores; sabe ser charmosa. Usa um vestido preto com fios esvoa�antes - a certa altura, um filete rebelde se desprende e flutua, e ela se atrapalha: "Desculpa, estou tendo um probleminha com meu vestido... � Prada! Estou na It�lia, afinal!", diz, �s gargalhadas.
� prov�vel que a maioria das novas estrelas de Hollywood fizessem tudo por uma carreira como a dela. Al�m de popularidade e prest�gio, Julianne tem um Oscar e pr�mios dos tr�s maiores festivais de cinema do mundo (Berlim, Cannes e Veneza). E, aos 56, passa ilesa pela fase mais cr�tica na trajet�ria de uma atriz, quando a idade faz bons pap�is sumirem. Prova disso � que esteve em dois tapetes vermelhos importantes em 2017: al�m do de Veneza, promoveu em Cannes "Sem F�lego", de Todd Haynes, que estreia em 4/1.
"Quem teria uma ambi��o t�o grande? No come�o, meu objetivo era s� achar trabalho!", diz Julianne. "Nesse ramo, s� conseguir um emprego - ou um agente - � um grande desafio. Eu acho que a juventude te permite sobreviver a isso, porque quando voc� � jovem n�o sabe direito o qu�o imposs�vel tudo vai ser. Eu tinha 17 anos e um dia disse a meus pais: 'Quero ser atriz'. E ent�o aconteceu!", relembra. "Sou muito sortuda por ter tido as chances que eu tive, e tamb�m com o reconhecimento que t�m me dado".
Mas uma carreira como a de Julianne n�o se constr�i s� com ajuda do acaso. � preciso voca��o, claro, mas a atriz tamb�m se dedica a pensar na import�ncia de cada trabalho. "Com os anos, cada vez mais me pergunto: 'Foi importante fazer esse filme?', 'Como foi trabalhar com essas pessoas?', 'Atingiu o que pretendia?'. Uma vez feita essa avalia��o, a� penso em como aquela obra foi recebida em termos financeiros e de cr�tica. N�o temos controle sobre essas coisas. Acontece muito de um filme ir mal de p�blico e cr�tica e de repente ressurgir, como um novo cl�ssico".
Julianne cita "A Salvo" (1995) e "O Grande Lebowski" (1998), que fracassaram quando lan�ados, mas que hoje s�o cult. "Na �poca, eu fui a �nica a pensar: 'Poxa: eu gostei do filme'. Mas a�, dez anos depois, todos disseram: '� genial!'", diverte-se. "Sou humana e gosto que outras pessoas admirem meu trabalho, ent�o dispenso tempo e esfor�o para que isso aconte�a."
O esfor�o em 2017 foi talvez maior: tanto em "Sem F�lego" quanto em "Suburbicon", Julianne interpreta mais de um papel. No filme de Todd Haynes, uma adapta��o do romance hom�nimo do americano Brian Selznick (de "Hugo"), a atriz se divide entre os papeis de uma diva do cinema mudo e de uma idosa, que vivem em d�cadas distintas. "� engra�ado que na minha vida profissional sempre acontecem coisas ao mesmo tempo. 2017 foi o ano de fazer mais de uma personagem em filmes, e adorei a experi�ncia. S� espero n�o soar gananciosa demais ao comentar isso", diz. "Mas � o que fazemos: tentamos descobrir e mostrar essas pessoas, dar vida a elas. � o que torna minha profiss�o t�o fascinante."
Julianne vive g�meas em "Suburbicon", adapta��o de um roteiro dos anos 1980 dos irm�os Joel e Ethan Coen (de "Fargo"). � a hist�ria de um sub�rbio americano da d�cada de 1950, onde todos parecem levar uma vida perfeita, mas que, no fundo, s�o hip�critas e cru�is. Quando uma fam�lia negra vai morar no local, � v�tima de hostilidade pesada.
"O filme mostra o que pode acontecer quando as pessoas vivem em uma sociedade excludente e perseguem s� os pr�prios desejos. Ainda que tenhamos filmado muito antes, o longa acabou mostrando o futuro", diz, referindo-se a manifesta��es recentes de supremacistas brancos, como a de Charlottesville, em agosto.
"Suburbicon", embora se passe nos anos 1950, fala muito da era Trump. "N�o h� nada de engra�ado nele. Sempre o achei perigoso, mesmo nas prim�rias. � o tipo de pessoa que deveria ser erradicada do nosso governo. Para ser presidente � necess�rio ter habilidade, o que ele n�o tem. � preciso ter experi�ncia e uma cabe�a que pense com clareza e calma, s� que Trump � irracional e perigoso", diz ela, s�ria.
Julianne � uma democrata e n�o esconde isso, o que se nota pelos filmes que escolhe. Mesmo quando deu vida � conservadora Sarah Palin o fez em um longa cr�tico � republicana (o telefilme "Virada no Jogo"). Em breve, interpretar� a jornalista feminista Gloria Steinem no cinema. Mas, embora n�o esconda sua orienta��o pol�tica, evita ser uma "celebridade engajada". "A �nica coisa que voc� pode fazer, enquanto cidad�, � votar. � o mais importante. Muitas pessoas nos EUA ficaram chocadas com o resultado das elei��es, portanto espero que mais gente vote no futuro."
A atriz gosta do estrelato, mas n�o abre m�o de algumas coisas em sua vida privada. "Moro em uma rua em Nova York em que conhe�o todo mundo. E todos se cumprimentam." Mas a profiss�o fica em segundo plano quando pensa em sua fam�lia. "� o que mais me orgulha. Meu marido [o cineasta Bart Freundlich, 47] e eu estamos juntos h� 21 anos, meus filhos [Caleb, 19, e Liv, 15] s�o saud�veis, bons alunos. N�s quatro passamos muito tempo junto. Enquanto m�e, tudo o que voc� pode fazer � isso: tornar seus filhos e sua fam�lia uma prioridade."
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Trailer do filme "SUBURBICON: BEM-VINDOS AO PARA�SO" (2017).
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