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'�s vezes duvidei do meu trabalho', diz a estilista Donatella Versace

Rahi Rezvani
Donatella Versace, publicada na revista Serafina de mar�o de 2017

O maior produto exporta��o da It�lia, ao menos na moda, � a sensualidade. Entre os decotes, fendas e brocados que saem do pa�s, uma grife se tornou ep�tome da imagem que homens e mulheres desejam desde os anos 1980: a Versace.

As estampas multicoloridas s�o legados do fundador, Gianni Versace (1946-1997), mas quem conseguiu evoluir a aura sexy da marca e n�o tir�-la dos corpos de mortais e de celebridades como Madonna e Lady Gaga foi sua irm�, Donatella Versace, 61.

M�e de Allegra, 30, e Daniel, 16, fruto de sua rela��o com o ex-marido e modelo americano Paul Beck, ela � vice-presidente
de um imp�rio de luxo avaliado em mais de R$ 20 bilh�es, dos quais 20% s�o seus. O restante pertence a Allegra (50%), herdeira da fortuna do tio morto, e Santo (30%), presidente da marca e o terceiro irm�o do cl� Versace.

Uma das figuras mais pop e fotografadas da ind�stria fashion mundial, Donatella preenche o notici�rio com uma vida de luxos. Sobram viagens
em jatos particulares, amizades com estrelas, cirurgias pl�sticas, pol�micas e modelos espetaculares nas campanhas da grife que comanda.

Mas o que a interessa agora, 20 anos ap�s o assassinato de Gianni, morto a tiros por um garoto de programa na porta de casa, � superar as
pr�prias inseguran�as.

"A morte do meu irm�o foi a pior experi�ncia da minha vida. � imposs�vel, ainda hoje, descrever aquele tempo terr�vel, aquela perda que foi de foro pessoal e p�blico. S� nos �ltimos dez anos senti que finalmente encontrei minha verdadeira voz na Versace", diz.

Nem sempre ela � a mulher confiante que projeta ser na passarela. "�s vezes duvidei do meu pr�prio trabalho, n�o sentia que era um reflexo
verdadeiro de quem eu era. Sinto, hoje, que renasci", diz.

Esse renascimento tem a ver com assumir a evolu��o do seu corpo – em suas cole��es h� mais alfaiataria e propostas minimalistas se comparadas �s do s�culo passado – e a liberdade de escolha das mulheres, o chamado "empoderamento", um dos segredos que
atrai as garotas mais ousadas da cultura pop para dentro de uma roupa da grife.

"N�s, mulheres, sempre tivemos de nos provar mais que os homens, sempre lutamos para sermos ouvidas. Mesmo que hoje tenhamos chegado longe, ainda h� um longo caminho a percorrer. Temos o direito de conseguir tudo o que for poss�vel, e a moda desempenha um papel importante nesse contexto, porque nos d� a chance de expressar nossa verdade."

A luta contra preconceitos apareceu na �ltima cole��o desfilada por ela, durante a temporada de inverno 2018 da semana de moda de Mil�o, em fevereiro. Na passarela da Versace, palavras como "amor", "uni�o" e "igualdade" foram impressas em sand�lias com tiras de borracha, roupas esportivas e bolsas utilit�rias. Tudo embalado com um misto da aura "street" que norteia a cria��o mundial e a reconhecida sensualidade – "ela sempre far� parte da Versace".

� FLOR DA PELE

Donatella anda apressada e tem o gestual expansivo pr�prio das culturas latinas. Espalhados pelo camarim, diversos croquis mostram a ineg�vel capacidade da diretora criativa de unir estilos desconectados dentro de um padr�o est�tico que conserva o cheiro de ferom�nio da Versace.

"Amo a mistura de refer�ncias na moda assim como as amo na roupa do dia a dia. � incr�vel como as pessoas podem vestir o luxo misturado ao 'street'", diz.

"Tamb�m sei que nada pode permanecer o mesmo em um neg�cio de tantos anos como o meu. Nada na moda pode parecer estagnado."

Nem o significado de "sexy", palavra perseguida por qualquer grife, ainda que em diferentes medidas, tem o mesmo significado para ela.

O excesso de pele aparente, t�o pr�prio do estilo italiano – "e do brasileiro, cheio de mulheres vibrantes" –, tem a ver com autoconhecimento. Para a designer, uma mulher s� � vulgar quando n�o respeita sua pr�pria individualidade.

"Na moda, o que conta � conhecer a si mesmo, o que � certo para o seu humor. O que ofere�o na passarela � uma fantasia, e, na loja, as pessoas escolhem como us�-la", diz.

E entrega um ensinamento: "a mulher s� � vulgar quando veste algo que revela mais do que realmente ela queria mostrar".

Livraria da Folha

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