Saltar para o conte�do principal Saltar para o menu

Ap�s ter de provar ser paraol�mpico, Andr� Brasil promete ouro no nado

Na inf�ncia, ele era o �ltimo a ser escolhido para o time de futebol. Seu n�vel como jogador de basquete era razo�vel, mas nem assim estava entre os preferidos para ser titular. Na �gua, o cen�rio era diferente. Quando estava em seu habitat preferido, Andr� Brasil se transformava.

Ali, todos queriam t�-lo na equipe. As primeiras bra�adas aconteceram como trabalho de reabilita��o. At� os oito anos, era s� brincadeira. Uma atividade que o ajudou a aprender a se locomover melhor.

Andr�, 32, teve paralisia infantil. Passou por sete cirurgias e n�o precisa usar cadeira de rodas. Tem uma perna mais fina e 5 cm mais curta do que a outra. Num p�, cal�a 43, no outro, 36.

A veia de atleta come�ou a surgir aos nove anos, quando a t�cnica Simone, de uma academia do M�ier, no Rio, o chamou para integrar a equipe de nadadores. O que era brincadeira se transformou em treinos di�rios, e ele come�ou a se destacar.

"Na minha primeira competi��o, contra atletas mais velhos, fiquei em terceiro. Aquilo foi extraordin�rio. Na piscina, eu podia ser comparado com qualquer pessoa porque n�o me viam com defici�ncia", diz.

Aos 20 anos, j� um atleta de certo destaque no pa�s, ele assistiu � Paraolimp�ada de Atenas-2004 e se encantou com o desempenho de Clodoaldo Silva, que ganhou seis ouros na competi��o. No ano seguinte, Andr� entrou para o esporte adaptado e come�ou a competir contra atletas com defici�ncia. No primeiro torneio, quebrou o recorde mundial dos 50 m livre.

Pouco depois, foi considerado ineleg�vel para o esporte, ou seja, n�o poderia mais competir em eventos paraol�mpicos pois achavam que sua defici�ncia n�o se encaixava nesse tipo de disputa. Decidiu brigar por seu lugar.

"Foi uma grande virada na minha vida. Na escola, eu escondia a defici�ncia embaixo da cal�a. Em 2005, eu tive de mostrar para todo mundo e lutar para provar que ali era meu lugar", disse. "A entrada no esporte paraol�mpico foi um processo de aceita��o. De entender que eu tinha uma bandeira a levantar."

panorama

Andr� faz parte da equipe que � um dos carros-chefe do pa�s na Paraolimp�ada do Rio. Nos Jogos passados, em Londres, o Brasil teve uma das melhores campanhas da hist�ria: s�timo lugar, com 43 medalhas, sendo 21 delas de ouro.

A nata��o foi uma das grandes respons�veis pelo sucesso, com nove medalhas de ouro, conquistas por dois atletas: Daniel Dias (seis) e Andr� Brasil (tr�s).

Para entrar no time da Rio-2016, os atletas tiveram de atingir ao menos uma vez o �ndice estipulado neste ano.

Os nadadores t�m como meta melhorar o desempenho de Londres-2012, quando al�m dos nove ouros, o pa�s conquistou quatro pratas e um bronze.

f�sico

Andr� sabe que n�o � mais um garoto e tem cuidado mais do corpo.

"J� sofri mais. Hoje, busco mais felicidade. Tomar um vinho ou uma cerveja de vez em quando tudo bem, mas � um e acabou. No dia seguinte, tenho de estar bem."

Evita comer alimentos gordurosos, chegou a cortar o leite da dieta, mas voltou a tomar porque estava com defici�ncia de c�lcio.Os treinos v�o de segunda a s�bado. Por causa dos problemas f�sicos recentes, ele ainda sente dor. "Ela � minha amante", brinca.

O trabalho de fortalecimento da parte abdominal � constante. Ele tamb�m n�o se priva de trabalhar com peso, mesmo com h�rnias cervicais e lombares: faz levantamento ol�mpico, semelhante ao visto na Olimp�ada.

psicol�gico

Quando conseguiu mostrar que deveria competir entre os atletas deficientes, Andr� logo come�ou a se destacar e colocar seu nome junto aos dos melhores do mundo. Ganhou dez medalhas nas Paraolimp�adas de Pequim-2008 e Londres-2012. A fase de aceita��o estava superada.

Em 2014, no entanto, novas d�vidas surgiram. Dessa vez, ele n�o sabia se seu corpo iria aguentar: se machucou e descobriu que tinha cinco h�rnias. "Eu achei que j� tinha dado tudo o que podia [� nata��o], que n�o conseguiria mais competir", diz ele.

Lidar com a dor era um problema, acreditar que poderia venc�-la era outro muito maior. Andr� contou com a ajuda de uma psic�loga para p�r o problema em perspectiva. "Ela disse que eu j� tinha me superado muitas vezes, por que n�o tentar de novo?", relembra.

E l� foi ele. Depois de nove meses de reabilita��o, conseguiu conviver melhor com a dor e foi para o Mundial de 2015. Voltou com cinco medalhas.

Para controlar a ansiedade, o atleta faz trabalhos de respira��o e relaxamento. Tamb�m busca se inspirar em esportistas que est�o ficando mais velhos e continuam com um bom desempenho.

Quando hesita, pensa no nadador norte-americano Michael Phelps, 31, dono de 28 medalhas em olimp�adas, e no brasileiro Daniel Dias, 28, multicampe�o paraol�mpico.

Livraria da Folha

Publicidade
Publicidade
Publicidade
Publicidade

Envie sua not�cia

Siga a folha

Livraria da Folha

Publicidade
Publicidade
Voltar ao topo da página