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Estrela do polo aqu�tico ficou com nariz torto ap�s soco de advers�ria

Miro
Especial de Serafina sobre polo aquatico

S� Izabella Chiappini percebe a pequena imperfei��o no rosto de tra�os finos e delicados de uma jovem de 20 anos: "Meu nariz ficou meio torto". A constata��o, com ar de lamento, carrega tamb�m uma pontinha de orgulho. A atleta nunca foge da briga. N�o teme liderar seu time contra equipes mais fortes nem encarar cotoveladas ou socos de rivais desleais.

Esse jeito aguerrido, aliado � velocidade e a uma t�cnica apurada, n�o renderam apenas marcas pelo corpo. Izabella � hoje expoente mundial de uma modalidade ainda pouco difundida no Brasil.

No ano passado, foi eleita a segunda melhor jogadora de polo aqu�tico do mundo pela revista "Water Polo World". Carrega agora a responsabilidade de levar a sele��o feminina a um resultado expressivo nos Jogos do Rio. Ser� a primeira participa��o do pa�s no evento.

"O que eu quero � uma medalha", esclarece logo sobre seu desejo em 2016. "Mas acho que um quinto ou sexto lugares seriam bons. Sei que nossa realidade � essa", completa, meio contrariada.

A liga��o com o polo come�ou cedo. Enquanto outros pais costumavam ensinar os filhos a dar as primeiras bra�adas na piscina, Izabella aprendia a fazer perna alternada -t�cnica que os atletas usam para sustentar
o corpo "em p�" na �gua.

Os pais, Roberto e Raquel, foram jogadores da modalidade, e ele hoje � assistente t�cnico da sele��o feminina. Aos 12 anos, Izabella j� estava jogando. "O time s� tinha meninos, e eu odiava", lembra. Desistiu por um tempo.

Menos de um ano depois, quando o pai montou uma equipe com meninas, ela voltou para n�o sair mais. "Se ficava doente ou tinha de estudar, chorava por perder o treino." Aos 15 anos, Izabella se tornou artilheira do Campeonato Brasileiro adulto e entrou para a sele��o principal. No Mundial J�nior de 2012, foi vice-artilheira e integrou o Time das Estrelas da competi��o. No ano passado, marcou 22 gols no Pan de Toronto na campanha que deu ao Brasil a medalha de bronze. Foi artilheira do torneio.

O desempenho no Canad� foi essencial para sua escolha como segunda melhor atleta do mundo. Ela, no entanto, n�o concorda com a honraria. "H� muitas meninas melhores do que eu."

psicol�gico

Izabella sabe que � dura demais quando avalia o pr�prio desempenho. At� hoje pensa em jogos que aconteceram mais de um ano atr�s. "Ela sempre acha que podia ter feito mais", diz a m�e.

A ang�stia gerada pelo excesso de cobran�a a levou a procurar uma psic�loga -na reta final da prepara��o, a sele��o tamb�m passou a receber esse apoio.

"Fico muito nervosa nos jogos. No Pan, n�o conseguia dormir nem comer. Ela est� me ajudando nisso", diz. A m�sica tamb�m se tornou essencial para o relaxamento �s v�speras das competi��es. E Izabella precisa disso. A atleta � "esquentada" na piscina.

"Se tem uma menina que come�a a me irritar, j� dou um chega pra l�", avisa ela, exibindo as costas arranhadas, resultado de jogos e treinos.

Numa competi��o, um estranhamento com uma atleta de Porto Rico acabou mal. "A menina deu um soco no meu nariz", conta. "Ficou sangrando, mas nem fomos ao hospital. [o nariz] Ficou um pouco torto, nunca soube se quebrou."

f�sico

Para aguentar nadar e sustentar o corpo na �gua por 32 minutos a cada jogo, al�m de fugir de pux�es e arranh�es, Izabella treina, em m�dia, cerca de cinco horas por dia. S�o treinos de nata��o, muscula��o e trabalhos t�cnicos e t�ticos na piscina.

A rotina a deixou com ombros largos, que exibe com orgulho. "Acho corpo de atleta bonito. Tem jogadora que n�o gosta. Na escola, diziam que eu era forte demais, mas n�o ligo", diz a paulistana de 1,70 m e 60 kg, que sofre para manter o peso.

"Tenho dificuldade para engordar. S� consegui quando fui para os EUA", diz ela, que jogou pela Universidade Estadual do Arizona em 2014. "Fa�o acompanhamento com uma nutricionista, mas gosto de comer besteira, tudo que atleta n�o pode."

A aten��o aos m�sculos, no entanto, � constante. Em 2012, ela teve diagnosticada uma les�o no ombro. H� indica��o de cirurgia, que pode limitar seus movimentos. Por isso, a fisioterapia � t�o importante quanto os treinos. "J� sonhei que n�o conseguia mais segurar a bola", conta.

panorama

Conquistar uma medalha ol�mpica ainda parece um sonho distante para a sele��o feminina. O Brasil n�o est� entre as principais pot�ncias do mundo e h� uma discrep�ncia de investimentos entre as equipes de homens e mulheres.

Para os Jogos do Rio, eles naturalizaram estrangeiros para refor�ar a sele��o masculina -alguns ganham R$ 18 mil por m�s. S�o atletas de pa�ses como S�rvia e Cro�cia, pot�ncias da modalidade, al�m de Felipe Perrone, brasileiro que tamb�m tem cidadania espanhola e ganhou uma prata e um bronze em campeonatos mundiais.

No in�cio deste ano, as mulheres fizeram uma vaquinha virtual para completar a verba necess�ria para um per�odo de jogos e treinos no exterior. Sabem que, sem confrontos contra sele��es fortes, n�o conseguir�o desenvolver seu jogo.

Uma meta individual, no entanto, parece bem mais pr�xima das m�os de Izabella. "Quero ser MVP [melhor jogadora] de um Mundial ou de uma Olimp�ada. E um dia ser a melhor jogadora do mundo. Mas, dessa vez, de verdade."

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