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Inspirado por Daiane, Arthur Nory largou o jud� pela gin�stica

Miro
Especial de Serafina sobre gin�stica ol�mpica

Nos planos do pai, o futuro de Arthur Nory Mariano no esporte j� estava tra�ado: seria faixa preta de jud�. Mas enquanto suava o quimono no tatame do Palmeiras, os olhos e a mente do garoto estavam em outro lugar. Voando.

Arthur se encantava com os saltos e acrobacias das ginastas. Queria ser como elas. O problema era convencer o pai, Roberto, de que seu filho tra�aria um caminho bem diferente.

O cen�rio come�ou a mudar quando a m�e, Nadna Oyakawa, passou a dar aulas de educa��o f�sica em um clube da zona leste que oferecia um programa de gin�stica art�stica.

Nory come�ou a frequentar os treinos e, menos de seis meses depois, passou em um teste no Pinheiros, para uma das principais equipes do pa�s. Tinha 11 anos.

"Meu t�cnico era estagi�rio de educa��o f�sica. Foi ele quem disse que eu tinha talento e precisava ir para um clube grande", diz o atleta de 22 anos. Inspirado pelo sucesso de Daiane dos Santos, campe� mundial no solo em 2003, o garoto decidiu insistir, mesmo sem a aprova��o de Roberto. A separa��o dos pais facilitou a escolha, j� que ele continuou morando com a m�e. O ginasta, no entanto, ansiava pela aprova��o do pai, que, aos poucos, entendeu sua voca��o.

"No come�o, ele achava que a gin�stica n�o dava futuro. Depois, conversou com meu t�cnico e minha psic�loga [no Pinheiros], viu meus resultados e, pouco a pouco, passou a me apoiar", relembra Arthur. "Hoje, ele tem orgulho."

Aos 14, foi campe�o brasileiro infantil. No Mundial do ano passado, confirmou que pode, sim, sonhar com voos mais altos: tornou-se o primeiro brasileiro a chegar � final da barra fixa. Terminou em quarto lugar, coloca��o in�dita para um atleta do pa�s. "Esse resultado abriu a nossa cabe�a [sobre a chance de disputar medalha]. Queremos fazer a melhor apresenta��o poss�vel no Rio", diz cheio de esperan�a o t�cnico Cristiano Albino

psicol�gico

O resultado de 2015 teve um sabor de supera��o. Em fevereiro, Arthur havia passado por uma cirurgia no menisco. Em maio, envolveu-se em uma pol�mica sobre racismo. Publicou em uma rede social um v�deo em que ele e mais dois ginastas faziam piadas racistas direcionadas ao colega Angelo Assump��o, que � negro.

O trio foi suspenso por 30 dias e gravou um depoimento pedindo desculpas. Assump��o j� disse em entrevistas que a ferida est� cicatrizada. Desde ent�o, quando questionado, Arthur afirma que n�o toca mais no assunto.

O trabalho com a psic�loga Carla Ide, que o acompanha desde 2010, foi essencial para superar os dois momentos mais dif�ceis de sua carreira. Mas n�o s� eles.

O ginasta hoje n�o se apavora com fases ruins. Na v�spera das competi��es, mentaliza a s�rie de exerc�cios que ir� executar. No dia a dia, encara o espelho ao acordar e diz que ser� campe�o ol�mpico.

O preparador f�sico Fernando Millar� tamb�m faz as vezes de conselheiro. "Eu brinco que ele tamb�m � meu psic�logo. Ele consegue me fazer ficar bem mais confiante", diz o atleta.

f�sico

O corpo de Arthur sofre. Ele � o que os treinadores chamam de ginasta generalista: atua nos seis aparelhos (solo, barra fixa, paralelas, cavalo com al�a, salto sobre a mesa, argolas) e disputa a competi��o individual geral -vence quem atingir a maior soma de pontos em todos eles.

No in�cio do ano, Arthur sofreu uma les�o no ombro e ficou dez dias sem treinar. "Ginasta tem les�o no corpo todo, mas o ombro dele � um pouco mais delicado. Tem movimentos que precisamos evitar �s vezes", conta o t�cnico Albino.

O atleta treina, em m�dia, seis dias por semana, seis horas por dia. "Todo mundo odeia segunda-feira. Eu adoro. Porque no dia anterior tive folga e chego para o treino descansado e sem dor", diz.

O peso � outra preocupa��o. Arthur tem 1,69 m e 70 kg e n�o pode ficar muito forte. M�sculos demais podem atrapalhar sua performance nos aparelhos. Ele tem acompanhamento de nutricionista e s� costuma sair da linha por um pudim.

"O corpo dele tem que ser mais leve do que o do especialista [em um aparelho]. Se fica muito forte, atrapalha no cavalo com al�as e nas paralelas", explica Albino.

panorama

No Rio, o atleta integra a primeira equipe brasileira masculina de gin�stica que disputar� os Jogos Ol�mpicos. Em outras ocasi�es, os ginastas s� conseguiram classifica��es pontuais.

A sele��o tem nomes de peso como Arthur Zanetti, Diego Hypolito, S�rgio Sasaki, Francisco Barretto J�nior e, claro, Arthur Nory Mariano. Caio Souza e Lucas Bitencourt s�o os reservas. Os atletas competiram entre si pela vaga em uma s�rie de apresenta��es para t�cnicos e ju�zes. A avalia��o era constante. Os resultados em competi��es tamb�m foram levados em conta.

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