O Rio de Janeiro traz boas lembran�as para Lais Nunes de Oliveira. Foi l� que, aos 13 anos, pouco depois de come�ar a treinar luta ol�mpica, a menina de Barro Alto, cidade com cerca de 10 mil habitantes do interior de Goi�s, foi campe� na primeira competi��o que disputou.

Dez anos depois daquela vit�ria, tamb�m � l� que Lais, agora com 23 anos, quer marcar seu nome ao ser a primeira atleta do pa�s a conquistar uma medalha na modalidade.

"Sei que � dif�cil, mas n�o imposs�vel", afirma a 17� colocada no ranking mundial em sua categoria (at� 63 kg), que escolheu a frase como seu lema.

Filha de uma empregada dom�stica e de um cortador de cana, Lais trabalhou para ajudar a fam�lia. Ainda crian�a, sua brincadeira era ajudar o pai na ro�a.

"Trabalhei em padaria, em lan house, cuidando de crian�a... ", lembra. O esporte entrou na sua vida aos 13 anos, quando um professor convidou os alunos da sua escola para aprender jud�.

Como n�o havia dinheiro para comprar kimonos para todas as crian�as, o projeto aos poucos mudou para o ensino de luta ol�mpica.

"No come�o � muito esquisito. Eu n�o me sentia muito confort�vel para usar a malha. Mas faz parte do esporte, � uma tradi��o", conta Lais. A roupa colada estava longe de ser sua maior preocupa��o.

"Com a luta, comecei a ficar forte. J� tem um certo preconceito por voc� ser mulher e estar lutando. As pessoas acham que voc� � homem. Me chamavam de traveco, umas coisas meio nada a ver", lembra.

Preserva os bra�os bojudos e o trap�zio alto que lhe d�o for�a, mas deixou o m�sculo da inseguran�a mirrar. "Quantas vezes eu j� ca�, literalmente. Mas em todas elas, eu me levantei."

Os resultados internacionais come�aram a aparecer a partir de 2009, quando foi campe� pan-americana, t�tulo que ela conquistaria tamb�m em 2011 e 2012.

Os sucessos mais recentes foram o ouro no Pan-Americano deste ano e a prata no torneio pr�-ol�mpico, que deu a ela a vaga na Olimp�ada do Rio, ambos disputados nos EUA.

Menos de um m�s depois das conquistas, por�m, sofreu uma pequena derrota: a bolsa com as duas medalhas foi furtada na Rodovi�ria do Tiet�.

"Comprei de novo as coisas de valor, fiz novos documentos e a federa��o americana me mandou novas medalhas. A �nica coisa que ainda me deixa triste � que meu HD externo estava l�, com todas as fotos da minha vida", diz Lais.

A tristeza dura pouco tempo e ela logo volta a colocar em pr�tica a filosofia aprendida com a luta. "Agora � hora de construir outras hist�rias, fazer mais fotos, ir por outros caminhos."