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Artista que 'deformou' cart�o-postal argentino exp�e obra em S�o Paulo

No final do ano passado, o obelisco -principal emblema de Buenos Aires- perdeu sua ponta. Ela (aparentemente) desceu do topo de sua base de cerca de 60 metros de altura e se deslocou por quatro quil�metros at� a esplanada do Malba, o Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires.

A interven��o foi feita pelo artista pl�stico argentino Leandro Erlich, 43, a convite do museu, que celebrava seus 14 anos. O trabalho fez com que Erlich se reencontrasse com o objeto central do seu primeiro projeto de instala��o.

Xavier Martin
O artista argentino Leandro Erlich que usa a ilus�o de �tica em suas obras e instala��es
O artista argentino Leandro Erlich que usa a ilus�o de �tica em suas obras e instala��es

O argentino come�ou a trabalhar pintando quadros -aos 18 fez sua primeira exposi��o. Dois anos depois, abandonou as tintas e caminhou em dire��o �s instala��es urbanas.

"Mudei paulatinamente. Comecei com um primeiro projeto no obelisco, um trabalho que me tomou um ano.

Quando o conclui, era muito tarde para voltar a pintar. Havia entendido melhor meus interesses."

Seus interesses estavam relacionados a sua hist�ria e ao ambiente em que cresceu. Erlich � filho, irm�o e sobrinho de arquitetos e sempre viveu rodeado por pessoas que criavam espa�os.

Na sua primeira intera��o com o Obelisco, em 1994, projetou construir uma r�plica com as mesmas dimens�es do original no bairro oper�rio de La Boca, na capital argentina. A ideia era acabar com a unidade do �cone portenho, duplicando-o. O plano foi apresentado � Prefeitura de Buenos Aires, mas, sem a aprova��o do governo, ficou no papel.

No ano passado, o artista voltou ao cart�o-postal. "� um s�mbolo que todo mundo conhece, mas ningu�m esteve em seu interior. Para que as pessoas pudessem subir, trouxe o pico para baixo." A ponta recriada diante do Malba (a verdadeira continuou no monumento, escondida por um jogo de espelhos) tinha janelas que mostravam, por v�deos, a vista que se tem da cidade l� de cima.

As obras do argentino costumam alterar a realidade cotidiana. "Quero que as pessoas reconhe�am, pela minha obra, que a realidade � um conceito muito r�gido criado pelos seres humanos, pela sociedade, pela hist�ria do homem. Por isso me interessa a arquitetura, porque � um exemplo clar�ssimo de que somos n�s que fabricamos a realidade f�sica."

Com essa inten��o, Erlich j� colocou alguns observadores de suas instala��es dentro de uma piscina e os fez sa�rem secos dela (a piscina tinha �gua apenas entre duas l�minas de vidro dispostas em sua parte superior).

Tamb�m fez outros se pendurarem em paredes, janelas e telhado de uma casa (a fachada estava pintada no ch�o, mas um espelho fixado em um �ngulo de 45 graus dava a impress�o de verticalidade).

Agora, ele envia ao Brasil o trabalho "Changing Rooms". Nele, o visitante entra em um provador de loja que se multiplica infinitamente por meio de portas abertas e espelhos. "Voc� passa por aqui [uma porta] e depois por ali, at� que, em um fragmento de segundo, voc� acredita que o outro � teu reflexo. Essa ideia de que o outro possa ser voc� me parece interessante."

"Changing Rooms" ser� exibido no shopping Iguatemi, em S�o Paulo, entre 7 de junho e 10 de julho, como parte das comemora��es dos 50 anos do local. Muitos artistas poderiam torcer o nariz para a ideia de colocar uma instala��o em um centro de compras. Erlich n�o tem preconceitos. "A primeira coisa que algu�m pensa � que, em um shopping, perde-se a solenidade. Mas n�o me importa a solenidade. O que me importa � o contexto. Acho que sempre existe um projeto poss�vel para cada lugar", diz.

Como costuma ocorrer com suas instala��es, "Changing Rooms" deve atrair visitantes, celulares e flashs. As pessoas costumam entrar nos mundos paralelos criados pelo artista sedentas por fotos, postadas em seguida em redes sociais. Novamente, Erlich n�o se incomoda e incorpora o h�bito.

"O que fa�o costuma ter um aspecto acess�vel ao p�blico. Me d� um grande prazer ver que minha obra est� em sintonia com a nossa gera��o e tenho uma vis�o bastante otimista sobre a humanidade. Acredito que as pessoas tenham capacidade de serem cr�ticas e desenvolver [a partir da observa��o da arte] ideias pr�prias."

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