Serafina
Vers�o tecnol�gica de 'Mogli' conta com parte da equipe de 'Avatar'
Jon Favreau � um dos cineastas mais simp�ticos de Hollywood. Sempre disposto a conversar, esconde por tr�s do jeito bonach�o um grande talento e uma enorme ambi��o. Ele participou do movimento do cinema independente dos anos 1990 ao assinar o roteiro e protagonizar "Swingers: Curtindo a Noite" (1996), reinventou-se como diretor de grandes espet�culos para a fam�lia em "Um Duende em Nova York" (2003) e, em "Homem de Ferro" (2008), criou o modelo do que � o universo Marvel, hoje a franquia mais poderosa da ind�stria.
Agora, prestes a completar 50 anos, o cineasta encarou o maior desafio de sua carreira: a adapta��o de "Mogli - O Menino Lobo", inspirado no fen�meno da Disney de mesmo nome, de 1967. O desenho, por sua vez, � baseado no cl�ssico da literatura infantil "O Livro da Selva", de Rudyard Kipling (1865-1936).
Manuela Eichner/Z� Vicente | ||
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"Mogli - O Menino Lobo", o desenho, foi o �ltimo produzido pessoalmente por Walt Disney, que morreu em 1966, sem ver o resultado final. Foi um enorme sucesso no mundo inteiro, e rendeu o que equivaleria hoje a US$ 650 milh�es.
Por tudo isso, Favreau n�o quis apenas adaptar o livro ou o filme, mas transformar a hist�ria do menino criado por lobos em uma obra-prima da tecnologia, na qual apenas o protagonista, o ator mirim Neel Sethi, � de carne e osso.
Como os bichos falam na trama, a cria��o deles exigiu uma s�rie de t�cnicas, a come�ar pelo uso de imagens reais de animais. Depois, os atores e dubladores entraram em est�dio, ligados a centenas de pontos colados � face e ao corpo, para a chamada "captura de performance". A t�cnica colhe olhares, movimentos dos l�bios, respira��o e gestos.
Tudo gravado com c�meras especiais, a laser. Entraram em cena, ent�o, os efeitos especiais digitais, que completaram os detalhes de cada tomada. Por fim, foi gravada a atua��o do garoto, com c�meras 3D. "'Avatar' � o meu modelo", conta o diretor. "Usamos as mesmas c�meras, o mesmo supervisor de efeitos visuais e outros membros da equipe."
A evolu��o almejada por Jon Favreau � n�tida nas sequ�ncias exibidas para um pequeno grupo de jornalistas do mundo inteiro, do qual Serafina participou.
Na sequ�ncia inicial, a pantera Baguera (voz de Ben Kingsley) explica a Mogli (Sethi) que a selva indiana est� sofrendo com uma grande seca e, por isso, todos os animais est�o concentrados na Pedra da Paz, um lago que serve como fonte de sobreviv�ncia local.
O n�vel de realismo � quebrado com a apari��o magistral e amea�adora do tigre Shere Khan (voz de Idris Elba): "N�o busquei o tigre realista de 'As Aventuras de Pi' em Khan porque acho que precis�vamos ter um elemento de fantasia na adapta��o", conta o cineasta.
O filme acompanha Mogli em uma jornada rumo � aldeia dos homens, ciceroneado pela pantera Baguera. O garoto ainda encontra e se conecta com o urso Balu (Bill Murray), com a serpente Kaa (Scarlett Johansson) e com o macaco Rei Louie (Christopher Walken), levemente alterado nesta adapta��o. "N�o existem orangotangos na �ndia, esp�cie do Rei Louie do livro e do desenho. Quebramos a cabe�a para encontrar algo e acabamos descobrindo o Gigantopithecus, j� extinto e pr�ximo dos orangotangos, que viveu na �ndia", afirma.
Alcan�ar o grau de realismo desejado no longa-metragem n�o foi f�cil. "Passei dois anos trancado numa torre at� que criamos a primeira imagem: um animal virando o rosto. Pensei que nunca conseguir�amos fazer o filme", diz.
Em novembro de 2013, quando topou o desafio de misturar efeitos especiais com uma crian�a real, o diretor sabia que teria um filme para entregar. Mas n�o esperava que seriam tr�s. "Primeiro, fizemos uma vers�o animada da hist�ria. Em seguida, uma segunda, para a captura de performance; ent�o, finalmente, filmamos o menino."
Mogli � interpretado por Neel Sethi, um garoto de 12 anos de ascend�ncia indiana, nascido em Nova York e escolhido em testes com mais de 2.000 concorrentes. Ele come�ou a filmar em 2014, aos dez anos, em um est�dio de Los Angeles, em frente a um enorme cen�rio azul que seria substitu�do por efeitos especiais na p�s-produ��o.
Favreau o dirigia observando o monitor –j� com as imagens animadas da selva e dos bichos inseridas. Assim, conseguiu controlar ilumina��o, jogos de c�meras e cenas de a��o. "� muito complexo. Precisava estar perfeito, uma cena ruim levaria o filme todo esgoto abaixo."
A ideia do diretor era misturar truques das antigas com alta tecnologia, para deixar o p�blico confuso em rela��o ao que est� na tela. A mesma sensa��o foi provocada em Fravreau ao assistir ao longa "Gravidade" (2013), de Alfonso Cuar�n. "Vi com meu filho e ele ficava me perguntando como haviam feito aquilo. Normalmente, sei dizer, mas esse filme me deixou perdido", afirma. "Fizemos algo parecido, utilizamos ferramentas para melhorar tudo o que j� vimos no cinema em termos de efeitos especiais."
Mas o diretor sabe que o esfor�o n�o vale se o espectador n�o se conectar com a alma de "Mogli", com estreia prevista para 14 de abril. "Uma das raz�es de n�o termos ido para uma floresta de verdade � porque n�o conseguiria recriar a magia da anima��o de 1967. O desenho ainda � um marco por causa dos personagens e das m�sicas. Quis preservar isso", lembra o diretor.
Tanto que fez Bill Murray cantar e chamou Richard Sherman, compositor das can��es do original e de obras como "Mary Poppins" (1964), para ajudar nas novas m�sicas. "� preciso honrar a mem�ria das pessoas que cresceram com a anima��o", diz Favreau.
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