Alicia Vikander nunca havia pensado em sair da Su�cia, seu pa�s natal. Nascida e criada na portu�ria Gotemburgo, mudou-se para a capital Estocolmo quando fez 15 anos para estudar na Escola Real de Bal�. Ao encenar uma vers�o natalina de "As S�lfides", a adolescente percebeu que seu futuro n�o estava na dan�a, mas na atua��o.

Menos de dez anos depois, Alicia j� protagonizava seu primeiro filme fora das fronteiras suecas, "O Amante da Rainha" (2012), de Nikolaj Arcel, indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro pela vizinha Dinamarca. "Pensei comigo mesma: 'Uau, agora sou uma atriz internacional'. Mesmo que pudesse pegar um metr� e descer na Su�cia", brinca a atriz.

	An Rong Xu

Mal sabia Alicia que a Escandin�via logo ficaria pequena para ela. Aos 27 anos, a jovem se transformou em uma das maiores revela��es do cinema atual.

Vers�til, foi indicada ao �ltimo Globo de Ouro pela fic��o cient�fica independente "Ex-Machina: Instinto Artificial", de Alex Garland, e por "A Garota Dinamarquesa", de Tom Hooper, que tamb�m lhe rendeu a indica��o ao Oscar 2016 na categoria de melhor atriz coadjuvante.

Uma injusti�a, por sinal. No papel ver�dico da artista pl�stica dinamarquesa Gerda Wegener (1886-1940), Alicia Vikander em muitos momentos obscurece seu colega Eddie Redmayne.

Ele interpreta o pintor Einar Wegener (1882-1931), marido de Gerda que passa por uma das primeiras cirurgias de troca de sexo -e muda o nome para Lili Elbe. A Universal, no entanto, decidiu indicar a atriz como coadjuvante por acreditar que ela teria mais chances do que na categoria principal.

"Ainda sou muito nova nessa ind�stria para entender tudo isso, mas n�o escolho projetos por apelo nas premia��es. O que estou vivendo est� a anos-luz de tudo que vislumbrei para minha vida", conta a atriz que, na cerim�nia do Globo de Ouro, neste m�s, sentou-se ao lado do ex, o ator Michael Fassbender, despertando rumores da volta do casal.

Para viver Gerda Wegener, pulou de cabe�a no livro "A Garota Dinamarquesa", de David Ebershoff. "Tamb�m vasculhei suas pinturas, fotos dela. Uma mulher impressionante, bastante � frente do seu tempo. Imagine uma mulher trabalhando com arte nos anos 1920. J� era impressionante apenas por isso, mas havia muito mais."

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"Ela tinha uma for�a interior inabal�vel e um amor incondicional por Einar. Foi nisso que procurei me identificar: na luta contra o medo de perder algu�m que se ama." A atriz tamb�m entrou em contato com fam�lias que viveram experi�ncias similares. "Precisamos entender que nem todo mundo passa pela cirurgia. Ser transg�nero � o que algumas pessoas sentem por dentro. O exterior � uma decis�o m�dica, pessoal, e n�o dita o g�nero."

O discurso do filme sobre o assunto foi chamado de "reducionista" por algumas mulheres trans, mas Alicia Vinkander escapou inc�lume pela exigente comunidade, que hoje se v� nas telas de TV com mais realismo em "Transparent" (Amazon), "Orange Is the New Black" e "Sense8" (Netflix).

"A generosidade de todo mundo que encontrei foi impressionante. V�rios se abriram comigo em duas horas de conversa ou at� mesmo com apenas um telefonema. Alguns falaram como foi dif�cil ver os parceiros mudando e n�o ter ningu�m para entender que eles tamb�m estavam passando por uma transi��o, mas sem apoio nenhum." "A Garota Dinamarquesa", que concorre em outras tr�s categorias do Oscar, estreia no Brasil no dia 11/2.

Depois de Gerta, Alicia Vikander incorpora a "protagonista feminina" -como seu agente gosta de chamar- da franquia "Bourne", que volta aos cinemas em julho com Matt Damon e dire��o de Paul Greengrass. "N�o posso falar nada. S� que encontrei o Paul e, quando pisei no set de filmagens, pensei: 'Isso sim � uma superprodu��o de Hollywood. E estou aqui?'." Sim. E, pelo visto, por muito tempo.