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Sem chance de tentar vaga, meninas do h�quei v�o assistir � Olimp�ada pela TV

Em 5 de agosto de 2016, centenas de atletas brasileiros ter�o um dos momentos mais importantes de suas vidas ao celebrarem o in�cio da Olimp�ada do Rio. �s jogadoras da sele��o de h�quei sobre grama restar� ligar a televis�o.

Elas devem ser as �nicas que n�o poder�o representar o pa�s nas 42 modalidades dos Jogos. "� uma pena", reclama Bruna Ferraro, 25.

A jovem est� entre as mulheres que batalharam para erguer o h�quei sobre grama no pa�s ao longo de quase uma d�cada. "O que temos aqui � um grupo que joga por amor." Mas afei��o e esfor�o n�o bastam: o esporte ainda � incipiente e com baixo n�vel t�cnico.

Desde 2013, a modalidade recebeu R$ 5,1 milh�es em verba das loterias para se desenvolver. Mas a sorte grande sorriu somente para os homens.

O Brasil tem vaga autom�tica em quase todas as modalidades da Rio-2016 por ser pa�s-sede. Mas, em algumas delas, os atletas precisavam atingir um resultado m�nimo em n�vel internacional. Foi o caso do h�quei sobre grama.

O time masculino teve sua prepara��o privilegiada e obteve a vaga ao ficar em quarto lugar no Pan de Toronto-2015.

"Quer�amos levar as duas sele��es, mas a masculina tinha mais chance. Infelizmente, tivemos que focar o investimento", afirma Javier Rubin, diretor de comunica��o da confedera��o de h�quei.

Na �poca do Pan do Rio, em 2007, o Brasil tamb�m era pa�s-sede e tinha o mesmo direito de disputar todas as modalidades. �quela altura, por�m, o h�quei n�o possu�a nem sequer base de atletas.

Para atrair jogadores, os dirigentes visitaram escolas. Apresentavam o taco e a bolinha, explicavam o jogo e torciam para que surgissem interessados.

As regras eram familiares aos estudantes: uma bola, 11 jogadores e a busca do gol. Mas, em vez de usar os p�s, os atletas precisam do taco para acertar uma bola de 3 cm de di�metro.

"Nunca tinha ouvido falar de h�quei, mas sempre gostei de esporte. Ent�o, decidi tentar", diz La�s Bernardino, 26.

Os dois principais times do Brasil ficam em Florian�polis. Sem local adequado para treino, os grupos jogam em campos de futebol society. O primeiro campo oficial do pa�s —e at� hoje �nico— foi constru�do para o Pan-2007, no Rio.

Lisandra Souza, 32, ri ao se lembrar de sua primeira experi�ncia naquela arena. Jogava havia cinco meses. Estreou contra a favorita Argentina. Mais ou menos como um time da S�rie C enfrentar a sele��o de Messi. As argentinas ganharam a prata em Londres-2012. "N�o fazia ideia de como elas eram boas e de qu�o diferente era jogar em um campo oficial", relembra Lisandra.

O jogo foi 21 a 0. As brasileiras terminaram o Pan de 2007 na �ltima coloca��o, sem ter marcado nem sequer um gol.

O time que disputou o campeonato no Rio, no entanto, n�o era o mesmo formado anos antes. �s v�speras do evento, as jogadoras entraram em greve por discordar da administra��o da confedera��o e do ent�o t�cnico do time, Cl�udio Rocha. A equipe masculina aderiu ao protesto. Com a debandada, os dirigentes usaram at� redes sociais para procurar novos praticantes.

"Os treinos eram fracos, e ele nos tratava mal. Fazia o que queria. A situa��o ficou insustent�vel", diz Alessandra Lopes Flores, 26. "Rocha j� n�o est� no time feminino h� anos. E sempre se defendeu dessas acusa��es. � um assunto superado", afirma o diretor de comunica��o da confedera��o de h�quei.

Nada foi pior para as atletas, no entanto, do que ficar fora da Rio-2016. "Foi descaso. Seria dif�cil obter a classifica��o, mas poder�amos conseguir. N�o pudemos nem tentar", diz La�s.

Agora, a pouco menos de um ano dos Jogos, o h�quei feminino tenta se reerguer sonhando com a Olimp�ada de 2020, em T�quio. O t�cnico argentino Ign�cio Lopez acaba de ser anunciado como respons�vel pela equipe. "Vamos recome�ar praticamente do zero", declara Javier Rubin, diretor de comunica��o.

A nova sele��o ser� montada ap�s testes f�sicos e t�cnicos. Muitas das antigas jogadoras, em desarcordo com os dirigentes do esporte, n�o participar�o.

Algumas veem como sa�da o aeroporto. Bruna Ferraro, que j� jogou na B�lgica e na Fran�a, vai para Buenos Aires, estudar e jogar em campos portenhos.

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