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Seedorf frequenta jantares da 'high-society', n�o fuma, n�o bebe e tem uma miss�o

O holand�s Clarence Seedorf mora h� quase um ano no Leblon, na quadra da praia. S� uma vez entrou no mar. Ainda assim, por raz�o m�dica: o joelho do�a, e ele achou que seria uma boa coloc�-lo naquela �gua gelada.

"Seedorf � t�o diferente que � o �nico jogador de futebol que, no Carnaval, leva a pr�pria mulher pro camarote do samb�dromo", tasca o botafoguense Helio de La Pe�a. Torcedor fan�tico do alvinegro, o comediante do "Casseta & Planeta" era um dos convidados de um recente jantar da alta-roda carioca em homenagem ao craque holand�s.

O convescote aconteceu no apartamento do cineasta Jo�o Moreira Salles e transformou-se em venera��o: convidados sacavam suas camisetas do Botafogo pedindo ao jogador que as autografasse. Os desprevenidos n�o ficaram na m�o: Moreira Salles ofereceu pe�as de sua cole��o pessoal. Seedorf era o �nico de blazer.

Companheiro de time, com passagem pela Europa, o uruguaio Lodeiro decreta: "Ele � muito profissional, e isso faz bem ao futebol brasileiro".

Seedorf � mesmo diferente.

O meio-campista treina nas f�rias, sua bebida preferida � suco de frutas e est� lendo a biografia de Colin Powell, ex-secret�rio de Estado dos EUA. Abre um sorriso escancarado quando confrontado com esses fatos. Considera o "ser diferente" um elogio. "Aceito como est�mulo para manter o padr�o que eu sempre tive na Europa", diz, em voz baixa e bom portugu�s, no Copacabana Palace, local escolhido por ele para a entrevista e fotos para a Serafina.

Nunca um jogador estrangeiro com tanto curr�culo havia atuado em um clube brasileiro. Nascido no Suriname h� 37 anos, naturalizou-se holand�s ainda adolescente, quando come�ou a atuar pelo Ajax. De l�, foi para a Sampdoria, da It�lia. Passou pelo espanhol Real Madrid e voltou � It�lia, onde jogou na Inter de Mil�o e foi �dolo no rival Milan, entre 2002 e 2012.

� o �nico com quatro t�tulos da Copa dos Campe�es por tr�s clubes diferentes: Ajax, em 1995, Real Madrid, em 1998, e Milan, em 2003 e 2007.

Tudo isso para acabar chorando de emo��o em Maca�. Aconteceu em fevereiro, ap�s marcar todos os gols do Botafogo no 3 a 1 sobre o time local.

"Dedico essa vit�ria para minha av�, que faleceu dez dias atr�s. E para minha fam�lia toda", disse, na sa�da do gramado. Fam�lia � coisa s�ria. � o motivo de estar no Brasil, de trocar est�dios imponentes e gramados perfeitos da Europa por Bangu, Nova Igua�u, Maca�.

SURINAME

Criada em Realengo, na zona norte do Rio, sua mulher, Luviana, era passista de um grupo de samba em excurs�o pela It�lia quando conheceu Seedorf. Casaram e tiveram quatro filhos, as meninas Jusy, Darjaene e Jaysyley, e o ca�ula, Denzel (aqui ele seguiu a tradi��o dos futebolistas brasileiros).

E foi por Luviana que Seedorf deixou Mil�o e acertou com o Botafogo, no ano passado. Ela queria voltar ao Brasil, ele veio junto. Est� gostando: "O Rio � uma cidade muito particular. Tem todos esses aspectos da natureza, as pessoas cariocas s�o simp�ticas, essa coisa de estar na rua. Casa � para dormir, tomar banho e ver TV. As pessoas vivem fora de casa".

Seedorf n�o fuma, n�o bebe. E, at� por isso, foi escolhido por Nelson Mandela como um "Legacy Champion", t�tulo dado pela funda��o do ex-presidente da �frica do Sul a pessoas que contribuem para a continua��o de seu legado. � para poucos: o grupo � formado por mais cinco ilustres, entre eles o ex-presidente dos EUA Bill Clinton e o bilion�rio David Rockefeller.

"Todo mundo tem suas ideias, seus objetivos. Eu sinto que tenho uma miss�o, a miss�o de melhorar esse mundo um pouquinho. Eu tinha sete ou oito anos quando comecei a sentir essa vontade de ajudar. H� v�rias maneiras de fazer isso. Tenho talento no campo, ent�o estou usando isso para tentar passar coisas boas", diz. Em 2009, ele deu um est�dio para o Suriname. "Foi quase um presente para o povo, para elevar a autoestima. Tenho orgulho de falar que nasci l�. A estrutura � para ser usada pela popula��o, mas � claro que n�o depende s� de mim."

� esse o caminho que escolheu para quando encerrar a carreira. Ele n�o sabe como, mas o que quer � cumprir o que chama de "miss�o". Um dos meios pode ser a televis�o. Ele gostou de ter atuado como rep�rter e comentarista da BBC na Copa da �frica do Sul, em 2010.

N�o descarta continuar no futebol como t�cnico ou dirigente, e j� chegou a usar folgas para conversar com atletas dos times de base do Boavista e do Nova Igua�u.

Fluente em holand�s, espanhol, ingl�s, italiano e portugu�s, s� n�o decidiu de onde tocar� essa miss�o. "Eu sempre volto para os lugares por onde passei. � dif�cil ficar aqui para sempre, porque tenho interesses tamb�m na Europa. Mas tenho uma conex�o forte com o Brasil, ent�o, saindo daqui ou ficando, isso vai continuar."

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