Serafina
Fora da sele��o, Ronaldinho tem que matar um le�o por dia se quiser jogar Copa de 2014
Olhe bem para Ronaldinho.
Ele n�o parece um jogador de futebol.
Ele mais parece um ET.
O mundo j� esteve sob seus p�s e n�o apenas uma vez, mas duas.
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A primeira, em 2004, eleito o melhor jogador do planeta.
A segunda, no ano seguinte, reeleito o melhor jogador da Terra.
Estava no Barcelona e mandava e desmandava na Catalunha.
Comandara o time na conquista da Liga dos Campe�es da Europa, olhando para um lado, mandando a bola para o outro.
Havia at� quem dissesse que ele olhava mesmo era para o tel�o do est�dio, para se ver em tamanho gigante, como o de sua arte.
Havia muito tempo que deixara de ser o irm�o de Assis, seu �dolo e procurador, que surgira no Gr�mio como uma das melhores promessas do nosso futebol.
Assis n�o p�de cumprir, Ronaldinho cumpria.
At� campe�o mundial j� era, pela sele��o brasileira, em 2002, quando fez um gol t�o improv�vel contra a Inglaterra que ningu�m acreditou que tivesse sido de prop�sito.
Injuriado com a descren�a, tratou de ser expulso em seguida, como se dissesse: "Virem-se sem mim".
Mas ele continuava n�o se parecendo com um atleta.
Pagodeiro por gosto, baladeiro pelas circunst�ncias da vida de "pop star".
O futebol foi virando hobby, curtir era preciso, jogar n�o era preciso.
O menino ga�cho, que ficou �rf�o de pai muito cedo, aos oito anos, parecia querer compensar o trauma que a piscina da casa dada pelo irm�o causara. E afogava seu drama como se soubesse que viver � muito perigoso, uma experi�ncia, �s vezes, t�o curta que o obrigava a aproveitar cada momento.
Voltou ao Brasil, depois de passar pelo Milan, para jogar no Flamengo, rejeitando o Gr�mio que o revelara.
Virou rei do Rio, mais da noite que do Maracan�.
Acabou indo embora porque, se a vida seguia sendo engra�ada, trabalhar de gra�a n�o dava. E virou aposta do Galo, em Belo Horizonte, como Porto Alegre, sem banho de mar ou futev�lei na praia.
Ronaldinho Ga�cho se transformou.
Seguiu n�o parecendo ser um jogador de futebol, dentu�o, faixa na cabe�a, rabo de cavalo.
Mas se transformou em Ronaldinho Galucho.
O Atl�tico Mineiro � maneiro, e o novo est�dio Independ�ncia, seu poleiro, palco ideal para, aos 33 anos, desfilar o talento jamais posto em d�vida, apenas esquecido em alguma madrugada catal�, milanesa ou carioca.
O R10 est� de volta.
N�o ainda, � verdade, para liderar o time brasileiro na Copa das Confedera��es, mas, muito provavelmente, se seguir matando um le�o por jogo no Galo, na Copa do Mundo, que � a que vale.
Olhando para um lado, mandando a bola para o outro.
Honrando a imagem de extraterrestre.
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