Empres�ria cadeirante atua colocando pessoas com defici�ncia no mercado
Zanone Fraissat/Folhapress | ||
Tabata Contri, na empresa Talento Incluir, em S�o Paulo |
No r�veillon de 2000 para 2001, Tabata Contri, 36, sofreu um acidente grave de tr�nsito. Ela estava de carona no carro de um amigo, sentada no banco de tr�s -sem cinto de seguran�a. Como consequ�ncia, perdeu os movimentos das pernas.
Quatro anos depois, j� estava dirigindo e havia voltado a trabalhar. Foi gerente de loja, atriz e, por fim, fundou com uma amiga a Talento Incluir, empresa de RH que busca levar pessoas com defici�ncia para o mercado. Ela explica como � esse trabalho.
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Folha - Depois do acidente, voc� passou a tomar cuidados extras no tr�nsito?
Tabata Contri - Na �poca, eu tinha medo de andar de carona, mas nunca de dirigir. Depois de renovar minha habilita��o, j� sa� pegando as marginais. Mas quanto mais confian�a a gente vai ganhando, mais bobagem a gente faz.
Como assim?
Quando chegou o celular, eu me peguei escrevendo mensagem e dirigindo. N�o � porque sofri um acidente de carro que fa�o tudo certinho. N�o me acho um exemplo a ser seguido, mas me policio constantemente. A gente tem que trazer isso para consci�ncia o tempo todo.
Como foi voltar a trabalhar como cadeirante?
Percebi que n�o era a defici�ncia que definia o que eu podia ou n�o fazer. Antes do acidente, eu era gerente de uma loja. Voltei para o mercado na mesma fun��o, s� que para uma marca de cadeiras de rodas e ve�culos adaptados.
Quais problemas enfrentou?
Trabalhar com vendas era tranquilo, mas tive que aprender a lidar com a defici�ncia, como quest�es fisiol�gicas, ligadas ao banheiro. Quando comecei a ganhar dinheiro, fui estudar teatro. Larguei a loja e tentei viver como atriz. Passei fome, n� [risos].
Como surgiu a ideia de uma empresa focada em pessoas com defici�ncia?
Em 2001, durante a reabilita��o, conheci a minha atual s�cia, a Carolina Ignarra. Ela come�ou a trabalhar com inclus�o por volta de 2006 e, dada a dificuldade com a carreira de atriz, me associei a ela. Em 2008, fundamos a Talento Incluir, que busca n�o s� selecionar candidatos mas tamb�m orientar e dar treinamento para gestores.
Quais as maiores dificuldades das pessoas com defici�ncia no mercado?
Primeiro, h� um alto �ndice de desemprego no segmento. Segundo, conforme pesquisa que fizemos, era encontrar vagas de acordo com o perfil e ter oportunidade de carreira nas empresas. Um dos dados mais impactantes foi que 40% reclamaram de discrimina��o no trabalho, como gente imitando um modo de andar.
E no caso do empregador?
As empresas disseram que a maior restri��o era a falta de acessibilidade. N�o � algo muito relevante para quem tem defici�ncia, porque estamos acostumados a isso desde que sa�mos da porta de casa.
Qual a melhor solu��o?
O empregador tem que entender quem est� contratando. �s vezes, acha que o custo da acessibilidade � muito alto sem saber qual a necessidade de quem vem.
Outra resposta comum � que eles n�o encontram profissionais capacitados no mercado, o que � verdade. Se a pessoa com defici�ncia estivesse em p� de igualdade com as outras, n�o seria preciso lei para contratar esse tipo de profissional. Nosso desafio � trazer a pessoa que n�o est� 100% pronta.