Hotel em Foz do Igua�u acomoda h�spedes a poucos passos de mirante das cataratas

O dia amea�a clarear e um rumor lembra o barulho do mar. Voc� sai do quarto, d� 232 passos e abre bem os olhos. N�o � o mar, mas toneladas de �gua que despencam � sua frente no primeiro mirante das cataratas do Igua�u, no parque nacional de mesmo nome, em Foz do Igua�u, no Paran�.

Sem mochila, sem carteira, sem nem sapatos. Nada disso � necess�rio. Seu hotel est� logo �s suas costas, encravado na ponta de terra ao redor da qual o rio Igua�u faz uma volta pregui�osa de 180 graus e despeja 1,5 milh�o de litros d'�gua nas cataratas mais famosas do mundo -patrim�nio natural da Unesco desde 1986 e a �nica queda d'�gua entre as sete maravilhas naturais.

A atra��o recebe 5.000 visitantes/dia, mas voc� n�o v� -nem ouve- ningu�m ao seu redor. S�o 7h, a lua quase cheia est� se pondo no horizonte, e os port�es do parque s� se abrem para o p�blico dali a duas horas.

Antes das 9h e depois das 17h, o maior trecho remanescente da floresta atl�ntica do Sul do Brasil � quintal exclusivo de quem se hospeda ali dentro.

Administrado desde 2007 pela rede Belmond, a mesma do Copacabana Palace e do trem de luxo Expresso Oriente, o Hotel das Cataratas j� mostra resultados de investimentos de US$ 60 mi (R$ 226 mi, aproximadamente, em valores atuais) feitos desde ent�o.

Os quartos s�o confort�veis para al�m da charmosa decora��o colonial portuguesa, os banheiros -que no passado tiveram at� cortinas de pl�stico- ficaram elegantes e espa�osos, o servi�o � inteligente e simp�tico e, embora a reforma em curso ainda seja percept�vel, o futuro parece promissor.

Uma das promessas � o chef peruano Jean Paul Barbier, que comandava em Lima o restaurante Tragaluz, do Belmond Miraflores. Barbier � respons�vel pelo card�pio dos dois restaurantes: um em sistema de buf� e um � la carte, mas � nesse segundo, o Itaipu, que aparecem mais claramente os frutos de suas tentativas de usar ingredientes locais na culin�ria de influ�ncia peruana.

O resultado vai al�m do ceviche, no qual Barbier tem conseguido adaptar esp�cies de pescados locais. H� ensaios de texturas e sabores que fazem valer a pena o pre�o salgado do card�pio sabiamente enxuto, com 9 entradas e 13 pratos principais.

A gastronomia � uma das principais apostas para segurar os h�spedes no hotel mais que os dois ou tr�s dias necess�rios para esgotar as atra��es naturais do local.

Uma vez por m�s, o Cataratas recebe um chef -neste, ser� o holand�s Michel van der Kroft, do 't Nonnetje, que recebeu estrelas Michelin em 2008 e 2015. Em setembro, o hotel far� seu segundo festival gastron�mico. Dez chefs de restaurantes nacionais e internacionais cuidar�o dos pratos, de olho, principalmente, nos h�spedes paulistas.

Em 2017, vieram de S�o Paulo mais da metade dos brasileiros, que representam 4 em cada 10 h�spedes.

A fatia crescente de paulistas fez o hotel alterar alguns procedimentos: o bar Tarob�, por exemplo, passou a funcionar at� mais tarde. No p�r do sol, � um dos locais preferidos de estrangeiros, e a cacha�a � o carro-forte, apesar da concess�o � moda do gim-t�nica (s�o 17 r�tulos diferentes).

Mas, enquanto australianos, alem�es e canadenses v�o jantar e dormir, os brasileiros mant�m acesas at� bem depois das 23h as luzes do balc�o de drinques. Outras provid�ncias para atender aos paulistas foram a sala para crian�as, a �rea no jardim com pula-pula e quadra de esportes.

Mas o Cataratas tem conseguido resistir a demandas como m�sica mais alta na piscina, para alegria dos outros h�spedes: o sil�ncio nos corredores e nos arredores � um dos principais ativos do lugar.

Sil�ncio humano, diga-se, pois o hotel est� cercado de animais. S�o tucanos, papagaios, gavi�es, quatis, macacos, lagartos e veados, � vista nas estradas e trilhas com bastante frequ�ncia -e �s vezes at� mesmo dentro do hotel, como no caso de Godzilla e Sem Rabo, dois r�pteis que habitam uma toca sob a escada da piscina.

Segundo o parque, h� ali 257 esp�cies de borboletas, 18 de peixes, 12 de anf�bios, 41 de cobras, 8 de lagartos e 45 de mam�feros.

Para aproveitar os momentos em que o parque � territ�rio exclusivo de seus h�spedes, o Cataratas desenvolveu um passeio ao nascer do sol para observar parte da fauna e da flora -um conv�nio com a fabricante de c�meras e produtos �ticos Leica p�e � disposi��o bin�culos para os amantes da natureza.

No parque, h� ainda on�as pintadas, o maior felino das Am�ricas. A reprodu��o dos oito exemplares catalogados h� cerca de dez anos j� ampliou a popula��o para cerca de 50 animais. Programas de manejo procuram ampliar o n�mero -a Belmond, que patrocinou o projeto como parte das condi��es impostas pela licita��o, j� decidiu manter o apoio mesmo depois de superado o prazo contratual.

Em tese, existe a possibilidade de um visitante se deparar com um desses carn�voros de at� 1,90 metro de comprimento, 80 cent�metros de altura e 135 kg de for�a selvagem. Funcion�rios j� as fotografaram na via que leva ao hotel � noite -per�odo em que elas est�o acordadas e costumam circular pelo parque. Embora n�o haja at� hoje registro de incidente envolvendo on�as, cartazes por todo lado d�o instru��es para minimizar os riscos em um eventual encontro: n�o abaixe, n�o grite, n�o corra (e tor�a para que ela continue encontrando outros alimentos de menor porte e mais f�ceis de digerir).

Outra recomenda��o b�sica � evitar caminhar sozinho pelas �reas mais isoladas do parque, principalmente depois do p�r do sol. Caminhar em grupo, por outro lado, � altamente incentivado em noites de lua cheia -e uma das experi�ncias mais sensacionais do Cataratas. Depois de rodadas de espumante, os h�spedes recebem lanternas e, perto da meia-noite, caminham os 500 metros que separam o hotel do principal mirante das cataratas -uma passarela sobre as �guas do rio Igua�u, que termina em frente � Garganta do Diabo.

L�, sob um c�u sem nuvens, o encontro inesperado das milh�es de gotinhas d'�gua com o auge do luar forma um imenso arco-�ris prateado, uma imagem que dificilmente deixar� de acompanhar as mem�rias do viajante felizardo.

A jornalista viajou a convite do Belmond Hotel das Cataratas

-

Aprenda a fazer o drinque Garganta do Diabo
Coquetel de cranberry e xarope de pimenta

Ingredientes
→ 50 ml de cacha�a envelhecida
→ 20 ml de Campari
→ 20 ml de suco de lim�o
→ 20 ml de suco de cranberry
→ 20 ml de xarope de pimenta (ver ao lado)

Modo de preparo
→ Bata na coqueteleira e sirva em ta�a de Martini, decorado com uma pimenta-dedo-de-mo�a

Ingredientes para o xarope de pimenta
→ Xarope de pimenta
→ 100 g de pimentas dedo-de-mo�a cortadas
→ 1 kg de a��car
→ 1 litro de �gua

Modo de preparo
→ Bater no liquidificador
→ Cozinhar por 30 minutos
→ Ap�s resfriar, coar e guardar na geladeira

-

FESTA GASTRON�MICA
Dez chefs cuidar�o dos pratos no segundo festival gastron�mico de Foz do Igua�u, no Hotel das Cataratas. Entre eles, est�o dois comandantes de restaurantes com duas estrelas Michelin: Ricardo Costa, do portugu�s Yeatman, e Ivan Ralston, do paulistano Tuju. O evento, que acontece de 6 a 9 de setembro e ser� aberto tamb�m a n�o h�spedes, ter� aulas, jantares e degusta��es.


Quanto: a partir de R$ 120 almo�os e R$320 jantares
Informa��es pelo tel. (45) 2102-7000
festivalfozgastronomico.com.br

-

QUEM LEVA
Belmond Hotel das Cataratas
Di�rias a partir de R$ 1.139 para o casal, com caf� da manh�
Tel. (21) 2545 8878

*

CVC
A partir de R$ 975, com a�reo, traslado, 3 noites no Cataratas Park Hotel, com caf�
Tel. 3003-9282

*

RCA TURISMO
A partir de R$ 718, com a�reo, traslado, 4 noites no Luz Hotel, com caf�
Tel. 3017-8700

Publicidade
Publicidade