M�rcio Fran�a n�o poder� confundir governo e elei��o, diz Cau� Macris
Jorge Araujo/Folhapress | ||
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O deputado estadual Cau� Macris (PSDB), presidente da Assembleia Legislativa de S�o Paulo |
O vice-governador de S�o Paulo, M�rcio Fran�a (PSB), n�o pode fazer confus�o entre dar continuidade ao governo de Geraldo Alckmin (PSDB) e seu projeto de reelei��o no ano que vem, sob pena de enfrentar dificuldades na Assembleia Legislativa do Estado.
A afirma��o � do presidente da Casa, Cau� Macris (PSDB), que ser� o primeiro na linha sucess�ria quando Alckmin deixar o Pal�cio dos Bandeirantes para disputar o do Planalto —se tudo correr como o previsto na sigla.
"Serei um limitador, na defesa do legado do PSDB", disse Macris, 34, durante entrevista em seu gabinete na quarta (13). Um primeiro tiro de advert�ncia j� foi dado: na ter�a (12), a Casa aprovou em primeiro turno proposta que torna o pagamento de emendas parlamentares obrigat�rio, mecanismo chamado or�amento impositivo.
A aprova��o foi consensual e nesta quinta-feira (14) foi ratificada em segundo turno, garantindo aproximadamente R$ 4,8 milh�es para cada deputado em 2018. Hoje, a m�dia � de R$ 4 milh�es, mas de execu��o vari�vel.
Com isso, o uso de emendas em busca de apoios regionais ser� limitado, embora o governador possa ditar o ritmo das libera��es. Com o poder sobre a pauta da Assembleia e a caneta de nomea��es, estima-se que Macris exer�a influ�ncia direta sobre cerca de 70% da Casa.
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Folha - O ano que vem ser� muito diferente na pol�tica paulista, com o atual vice buscando a reelei��o. Qual ser� a posi��o da Assembleia?
Cau� Macris - Primeiro, o M�rcio Fran�a tem uma lealdade muito expl�cita em rela��o ao governador. Portanto, temos uma expectativa de que ele v� dar continuidade ao governo. N�s confiamos no bom senso, que ele n�o fa�a confus�o entre governo e projeto de poder.
N�s estaremos no campo oposto no campo eleitoral. Se ele continuar o governo, n�s lhe daremos estabilidade para governar. Mas no plano eleitoral, o PSDB vai ter candidato ao governo de S�o Paulo. A gente espera que ele tenha essa clareza de separar bem governabilidade de projeto eleitoral.
O sr. v� qual das candidaturas do PSDB no Estado [hoje Jo�o Doria, Jos� Serra, Luiz Felipe D'�vila, Floriano Pesaro e Jos� An�bal] como mais vi�vel?
Definimos o governador como presidente do partido, e ele deve ser elevado em breve ao posto de candidato a presidente. A partir da� � que s�o definidos os palanques estaduais. O momento � positivo para o PSDB, porque h� diversos nomes com experi�ncia e nomes novos.
Qual agregaria mais ao palanque nacional?
Acho que todas t�m boas caracter�sticas. � preciso ter a tranquilidade de ver qual delas tem mais condi��es de agregar aliados, para garantir um bom tempo de televis�o.
Especula-se que, uma vez governador, Fran�a poderia cooptar apoios usando as regras do jogo, como libera��o de emendas. O or�amento impositivo acaba de passar. Ele � um instrumento contra isso?
Acho que � leg�timo cada deputado defender sua regi�o e seus eleitores. A discuss�o do or�amento impositivo � antiga, e pela primeira vez n�s tivemos unanimidade em favor da proposta. Todos, do governo ao l�der da oposi��o, acharam conveniente fazer essa pauta caminhar. Claro, isso aumento a autonomia do Legislativo.
Que papel a Assembleia dever� cumprir no ano que vem?
Eu, como presidente, vou trabalhar para ser um limitador, na defesa do legado do que o PSDB construiu nos �ltimos 24 anos no Estado. � a responsabilidade que tenho de ocupar esse cargo.
Muitos jovens da minha gera��o talvez n�o lembrem, mas quando M�rio Covas assumiu em 1994, S�o Paulo era o que o Rio de Janeiro � hoje. Tudo o que o PSDB fez, fez para ajudar o Estado a ser a pot�ncia que � hoje. � devido as que passaram pelo governo e foram obstinados pela responsabilidade fiscal.
Al�m dessa defesa, quais as prioridades da Casa para 2018? O andamento do processo legislativo estadual � algo distante do p�blico.
O Legislativo estadual n�o � comentado pela sociedade e pela m�dia porque trabalhamos no m�dio e longo prazo, poucas a��es s�o imediatas.
O mais importante � garantir a continuidade dos grandes programas do governo, seja na educa��o, seja na infraestrutura —garantindo recursos necess�rios para o Rodoanel e o Metr�. Tem o trem Intercidades, que est� pronto para sair do forno, com dinheiro tamb�m do governo federal.
O trem ir� para a sua cidade natal, Americana, n�o?
Vai.
O sr. n�o teme que isso seja usado contra o sr.?
Ao contr�rio, a decis�o t�cnica de levar o trem at� Americana � o que o viabiliza, devido � demanda regional. � decis�o t�cnica, n�o pol�tica.
E a oposi��o em S�o Paulo? O PT � uma for�a vi�vel?
Sempre. O PT tem quadros, tem de ser respeitado por todos. Ter� candidatura para buscar a elei��o.
O sr. fica no cargo at� mar�o de 2019. E depois?
Aqui, fazendo meu trabalho no Legislativo.
Existe a hip�tese de Fran�a n�o assumir, sair candidato a outro cargo. Neste caso, o sr. assumiria com 35 anos. Se sente preparado?
Acho dif�cil, acho que o M�rcio ir� assumir. Claro, tenho responsabilidade de assumir se for necess�rio.
No plano federal, o PSB est� se reaproximando do PT, ainda que haja d�vidas sobre Lula.
O M�rcio Fran�a tentou com todas as for�as ser o presidente do partido, mas Pernambuco inviabilizou isso. O PSB tem um papel muito importante no plano nacional, e havia todo interesse do mundo em nos coligarmos.
O mais importante para n�s � que o PSB n�o caminhe com o PT no plano federal. Assim, Alckmin teria dois palanques importantes aqui.
E as pr�vias no PSDB? A posi��o do prefeito Arthur Virg�lio de insistir em disput�-las � prejudicial � sigla?
Sou um defensor da democracia interna. Pr�via � algo positivo, mas tem de saber quem est� buscando um projeto para o pa�s e quem est� buscando holofote. N�s conhecemos o Arthur Virg�lio. Ele est� buscando holofotes. O governador Alckmin � o nome ideal para o pa�s nesse momento de extremismos.
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RAIO-X
Idade
34
Fam�lia
� filho do deputado federal Vanderlei Macris (PSDB-SP). Casado, tem dois filhos
Carreira
Foi vereador em Americana (2005-2011) e deputado estadual pelo PSDB-SP (2011-presente). � presidente da Assembleia Legislativa de SP (2017)
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