Rejei��o ao trabalho do Congresso atinge recorde
A rejei��o ao trabalho do Congresso Nacional atingiu o seu maior n�mero na hist�ria recente. Pesquisa Datafolha realizada nos dias 29 e 30 de novembro mostra que 60% dos brasileiros consideram ruim ou p�ssimo o desempenho dos atuais 513 deputados federais e 81 senadores.
J� a aprova��o desceu a apenas 5%, tamb�m o pior n�mero j� registrado.
O levantamento foi feito pouco depois de um m�s da vota��o da C�mara dos Deputados que barrou a tramita��o da segunda den�ncia criminal contra Michel Temer, presidente com alta impopularidade.
Os n�meros oscilaram dois pontos percentuais em rela��o � j� reprova��o recorde do Congresso apontada nos dois �ltimos levantamentos do instituto, em dezembro de 2016 e abril de 2017 –58% de rejei��o e 7% de aprova��o–, ficando no limite da margem de erro.
A s�rie de pesquisas do Datafolha sobre o desempenho dos congressistas, iniciada em 1993, permite dizer que a atual legislatura �, na m�dia, a mais mal avaliada de que se tem registro.
O �ndice de reprova��o de 2015 at� agora nunca ficou abaixo de 41%. J� a aprova��o jamais foi maior do que 12%. Nas seis legislaturas anteriores os resultados tamb�m foram em geral negativos, mas nunca com indicadores t�o ruins.
AN�ES DO OR�AMENTO
O momento que mais se aproximou ao atual ocorreu em 1993, �ltimo ano da hiperinfla��o e data do estouro do esc�ndalo dos An�es do Or�amento, grupo de congressistas acusados de desviar recursos p�blicos para os pr�prios bolsos. No segundo semestre daquele ano, 56% da popula��o rejeitava o trabalho dos parlamentares, segundo o instituto.
Nesses �ltimos 25 anos, a �nica vez em que o Datafolha apontou uma avalia��o positiva dos congressistas numericamente superior � negativa foi em dezembro de 2003, primeiro ano da primeira gest�o de Luiz In�cio Lula da Silva no Planalto (2003-2010).
Os deputados e senadores eleitos em 2014 iniciaram o mandato sob a batuta, na C�mara, do pol�mico Eduardo Cunha (RJ).
O deputado do PMDB imprimiu um ritmo acelerado de vota��o, deu maior independ�ncia � Casa em rela��o ao Executivo e bateu de frente com o governo de Dilma Rousseff, se tornando um dos principais l�deres do movimento pol�tico que acabaria aprovando o impeachment da petista em 2016.
Afastado do cargo e do mandato pelo STF (Supremo Tribunal Federal), Cunha hoje est� preso no Paran� em decorr�ncia das investiga��es da Opera��o Lava Jato.
J� sob o governo de Michel Temer, o Congresso aprovou medidas como o congelamento dos gastos federais, uma reforma pol�tica bastante enxuta, distante do que se almejava inicialmente, e a reforma trabalhista.
Atualmente, tenta votar o endurecimento das regras para aposentadoria, proposta que tamb�m amarga consider�vel rejei��o popular.
O esc�ndalo da Opera��o Lava Jato tamb�m atinge em cheio o Legislativo, incluindo os presidentes das duas Casas, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) e o senador Eun�cio Oliveira (PMDB-CE), que s�o alvos no Supremo Tribunal Federal de investiga��es relacionadas ao caso. Ambos negam envolvimento com o esquema.
Devido ao embate entre Cunha e Dilma, o impeachment e a fragilidade do governo Temer, o atual Congresso tem um maior peso na rela��o de for�as com o Executivo, o que n�o foi observado na maior parte das legislaturas anteriores, que em m�dia trabalharam a reboque da agenda do Pal�cio do Planalto.
PERFIL CONSERVADOR
Sua atual configura��o tem perfil conservador do que anteriores, com atua��o relevante das bancadas religiosa, ruralista e da "bala".
A estratifica��o dos dados da pesquisa do Datafolha, realizada com 2.765 entrevistados, mostra que a reprova��o ao trabalho dos parlamentares federais atinge n�meros ainda maiores em alguns segmentos: entre eles, os mais ricos (74%), os com ensino superior (75%), os eleitores do presidenci�vel Jair Bolsonaro (68%) e os que reprovam a gest�o de Michel Temer (69%).
J� uma avalia��o um pouco menos negativa do trabalho do Congresso � observada entre aqueles com ensino fundamental (52%), os de religi�o evang�lica pentecostal (51%) e os que t�m o PMDB como partido de prefer�ncia (42%) ou avaliam positivamente o governo Temer (37%).
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