Segovia admite d�vidas sobre PF e fala em 'triste' disputa com PGR
O novo diretor-geral da Pol�cia Federal, Fernando Segovia, admitiu nesta segunda-feira (20) haver um "vendaval de d�vidas" sobre os destinos da corpora��o e prometeu manter como prioridade o combate � corrup��o no pa�s.
Em seu discurso de posse, no Minist�rio da Justi�a, ele disse que as grandes opera��es da corpora��o que miram pol�ticos v�o continuar em curso.
"Nesse vendaval de d�vidas e questionamentos [em] que se encontra a na��o quanto ao futuro da PF, gostaria de reafirmar que a minha postura como tradi��o � a de obedecer sempre, estritamente, as leis e a Constitui��o", declarou.
Segovia foi nomeado para o cargo com o apoio de caciques do PMDB, entre eles o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, investigado na Lava Jato.
O novo chefe da PF disse que "buscar� o combate incans�vel � corrup��o". "Continuar� sendo agenda priorit�ria da PF, tendo como a premissa a continuidade de opera��es especiais, tais como Lava Jato, Cui Bono!, Cadeia Velha, Lama Asf�ltica e tantas outras que tramitam nos inqu�ritos do Supremo Tribunal Federal e nas varas da Justi�a Federal Brasil afora."
A posse foi acompanhada pelo presidente Michel Temer, que n�o discursou, e por autoridades como o presidente do Senado, Eun�cio Oliveira (PMDB-CE), tamb�m alvo da Lava Jato.
Segovia pregou uma nova rela��o da PF com o MPF (Minist�rio P�blico Federal). As duas corpora��es tiveram diverg�ncias nos �ltimos anos, nas gest�es do ex-procurador geral da Rep�blica, Rodrigo Janot, e do ex-diretor geral da PF Leandro Daiello. Um dos pontos de atrito � a possibilidade de policiais fecharem acordos de dela��o premiada com investigados, caso que est� sendo analisado pelo Supremo.
Segovia afirmou que o �nico que ganha com os embates � o "crime organizado".
"H� hoje uma infeliz e triste situa��o de uma disputa institucional de poder entre a PF e o MPF. Confio muito no esp�rito de maturidade institucional e profissional dos membros dessas institui��es, que neste momento t�m a oportunidade de escrever um novo capitulo de sua hist�ria, deixando de lado a vaidade e a sede de poder", comentou.
No evento, o ministro Torquato Jardim (Justi�a) adotou linha semelhante a de Segovia e disse que "n�o h� lugar para o talvez ou para o quem sabe" na Pol�cia Federal.
Em uma cr�tica indireta � PGR (Procuradoria-Geral da Rep�blica), disse que n�o se pode permitir a "ila��o especulativa" e que n�o cabe nem a "vaidade fruto da ambi��o" nem "prop�sitos ocultos nos desv�os do processo".
"N�o se pode admitir a ila��o especulativa e n�o se pode convalidar informa��es sem refer�ncias s�lidas nos fatos e nos documentos. N�o cabe a vaidade fruto da ambi��o nem prop�sitos ocultos nos desv�os do processo. Os preju�zos que causam as condutas desviadas do sentido �tico da lei agridem e agridem sempre a sociedade muito mais que o indiv�duo", disse.
Segundo ele, essa conduta "gera a d�vida coletiva sobre a isen��o" de quem atua em nome do poder p�blico. Ele ressaltou que a obedi�ncia ao conte�do �tico e � norma legal s�o fatos exigidos na postura da Pol�cia Federal.
No discurso, Torquato desejou sorte a Segovia, expressou "irrestrita confian�a" e disse esperar que ele o ajude a repensar o papel da Pol�cia Federal, com maior integra��o federativa e coopera��o internacional.
SURPRESAS
Em sua despedida, Daiello iniciou seu discurso afirmando que o "tempo reserva algumas surpresas" e reconheceu que enfrentou dificuldades nos quase sete anos � frente do cargo.
No comando da Pol�cia Federal desde o in�cio da Opera��o Lava Jato, ele citou que a carreira policial enfrenta amea�as e riscos e que ele tentou fazer "o que era para ser feito" e que "cumprimos nossa miss�o".
"A carreira policial n�o � f�cil e n�o garante uma vida f�cil, mas � um privil�gio servir", disse. "N�s resolvemos problemas, enfrentamos dificuldades e superamos limites", acrescentou.
Ele tamb�m disse que, apesar de ter se aposentado, continuar� a servir � Pol�cia Federal se for solicitado e desejou "o mais absoluto �xito" ao seu sucessor.
"N�s fizemos o que era para ser feito e, quando olharmos para tr�s, veremos que cumprimos nossa miss�o", disse.
A aposentadoria de Daiello foi publicada nesta segunda-feira (20) no "Di�rio Oficial da Uni�o". Ele foi aplaudido de p� pela plateia de convidados e servidores ap�s o discurso.
"Na verdade, o nosso grande patrim�nio s�o os servidores, que acreditam na Pol�cia Federal forte e republicana", disse.
O ministro da Justi�a queria manter Daiello no cargo, mas o presidente Michel Temer decidiu troc�-lo, o que criou d�vidas sobre o trabalho da Pol�cia Federal no �mbito da Opera��o Lava Jato.
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