Procurador recebia mesada de R$ 50 mil de advogado da JBS, diz delator
Fabio Victor/Folhapress | ||
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Sede da JBS na capital paulista |
O empres�rio Joesley Batista, dono do grupo J&F, disse, em seu acordo de dela��o premiada, que um advogado contratado por ele contou ter pago uma "ajuda de custo" de R$ 50 mil mensais ao procurador �ngelo Goulart Vilella, que fazia parte da for�a tarefa da Opera��o Greenfield, que investiga um esquema de uso irregular de dinheiro de fundos de pens�o. Villela foi preso na quinta (18) por suspeita de vazar informa��es sigilosas a investigados.
Segundo Joesley, ele conheceu o procurador por meio do advogado Willer Tomaz, contratado para defender a Eldorado, empresa da J&F que � alvo na Greenfield.
O advogado disse ser amigo de Vilella, que trabalhava no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), mas estava prestes ir para a for�a tarefa da Greenfield, o que de fato aconteceu.
Joesley foi avisado por mensagem de WhatsApp quando o procurador foi incorporado � investiga��o, inclusive com o envio da c�pia da portaria nomeando Vilella para a Greenfield. Imediatamente, segundo o delator, o procurador passou a fornecer informa��es sigilosas da Greenfield para Joesley por meio do advogado.
"Olha, o �ngelo teve a primeira semana de trabalho dele. Coincidentemente foi justamente o depoimento que o Mario Celso, ex-funcion�rio da JBS, teve com o procurador Anselmo (Anselmo Cordeiro Lopes, procurador respons�vel pela Greenfield). Que o �ngelo teria gravado e mandado para o Willer Tomaz (por whatsapp) toda a audi�ncia", diz trecho do documento da dela��o. �ngelo Vilella participou do depoimento de Mario Celso.
Tomaz marcou um encontro em seu escrit�rio onde apresentou Vilella aos delatores da JBS. Na ocasi�o foram entregues documentos sigilosos da Greenfield.
Joesley contratou o escrit�rio do advogado Willer Tomaz por R$ 8 milh�es, sendo R$ 4 milh�es de pagamento inicial e mais R$ 4 milh�es ap�s o �xito da a��o, que significaria o arquivamento da investiga��o. Tomaz, segundo o delator, disse que dava uma "ajuda de custo" de R$ 50 mil para Vilella em troca de informa��es. O empres�rio disse n�o saber se realmente o dinheiro foi repassado.
O diretor do departamento jur�dico da J&F, Francisco de Assis e Silva, tamb�m delator, confirma a hist�ria. Diz que conversou com Tomaz e perguntou sobre os repasses para o procurador. "Eu fa�o uma pergunta para ele (Tomaz) assim: vem c�, esse neg�cio do �ngelo, est� claro para ele que ele tem uma remunera��o por isso? E ele responde: est� claro sim. Eu fa�o essa pergunta", diz Silva.
Joesley Batista foi at� o procurador Anselmo Cordeiro Lopes para relatar que havia um membro de sua equipe vazando informa��es aos investigados. Disse que no in�cio ficou receoso, mas depois de conhecer melhor Lopes adquiriu confian�a.
Em junho do ano passado, o procurador da Rep�blica �ngelo Goulart Vilella discursou no plen�rio da C�mara dos Deputados defendendo o projeto das "10 medidas contra a corrup��o", idealizado por procuradores da for�a-tarefa da Lava Jato.
Ele defendeu mudan�as na lei eleitoral e o endurecimento no combate ao caixa dois de campanha. Fez duras cr�ticas aos esquemas de corrup��o perpetrados por pol�ticos e doadores de campanha.
OUTRO LADO
Em comunicado em seu site o escrit�rio Willer Tomaz Advogados Associados "confirma o cumprimento de medida de busca e apreens�o em Bras�lia. Quanto ao ocorrido, esclarece que a advocacia � uma profiss�o que visa a proteger o Estado de Direito e por estar relacionado com combate para assegurar garantias individuais dos cidad�os est� sujeita a acusa��es injustas", diz a mensagem. "Os fatos noticiados na m�dia hoje ser�o devidamente esclarecidos no curso das investiga��es. Atesta, ainda, que n�o foram comprometidos documentos dos clientes, pois a medida foi restrita a poucos arquivos relacionados com as investiga��es."
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