Pimentel carregou R$ 800 mil de caixa dois em jatinho, diz delatora
Zanone Fraissat - 23.fev.2016/Folhapress | ||
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Jo�o Santana e sua mulher M�nica Moura no aeroporto de Guarulhos, em SP |
A mulher do marqueteiro Jo�o Santana, M�nica Moura, afirmou em dela��o premiada que o hoje governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), carregou R$ 800 mil em dinheiro vivo de caixa dois em uma maleta em S�o Paulo e depois em um jatinho para Belo Horizonte.
A quantia era referente a pagamentos da campanha de Patrus Ananias (PT) � prefeitura da capital mineira, em 2012.
O valor cobrado pelo casal para fazer o trabalho ao candidato foi de R$ 12 milh�es: R$ 8 milh�es declarados e R$ 4 milh�es por fora.
� �poca, Pimentel era ministro do Desenvolvimento, Ind�stria e Com�rcio Exterior do governo de Dilma Rousseff.
"Deste valor pago de maneira n�o oficial, M�nica Moura recebeu alguns pagamentos em esp�cie, na produtora onde funcionava o marketing, em Belo Horizonte", consta no resumo da dela��o do casal, que se tornou p�blica nesta quinta (11).
"Depois de muitos atrasos nos pagamentos, e sempre cobrado por M�nica, Fernando Pimentel, em uma ocasi�o, levou pessoalmente cerca de R$ 800 mil em esp�cie, em uma mala para M�nica em S�o Paulo, que a recebeu em m�os Mas M�nica ponderou, com Pimentel, que n�o tinha meio seguro de transportar este dinheiro para Belo Horizonte, onde tinha pagamentos da campanha a saldar", ainda diz o documento.
A DELA��O DO CASAL - Acusa��es de Jo�o Santana e M�nica Moura ao Minist�rio P�blico Federal
De acordo com os relatos de M�nica ao Minist�rio P�blico, Pimentel se disp�s a transportar o dinheiro para Belo Horizonte em um avi�o particular –e fez a entrega em uma produtora na cidade. O epis�dio ocorreu por volta do m�s de agosto, segundo ela
"Cheguei no hotel e comecei a pensar: como eu vou levar R$ 800 mil? Minhas d�vidas eram em Belo Horizonte. A� chamei ele [Pimentel] para conversar e disse: 'o senhor n�o pode me entregar esse dinheiro aqui, como eu vou fazer?'. [] Pimentel disse que iria de jatinho a Belo Horizonte e levava. [] E ele levou pra gente esse dinheiro at� Belo Horizonte. Essa malinha dele, ele levou de volta. [] Uma funcion�ria da produtora recebeu e pagou as d�vidas", diz M�nica.
Andr� Santana, funcion�rio da ag�ncia do marqueteiro, tamb�m tratou do tema em sua colabora��o, informando ter recebido de M�nica Moura uma maleta com R$ 800 mil.
Ele disse ainda que a entregou ao atual governador de Minas na recep��o do Hotel Grand Mercure, em S�o Paulo.
Questionada sobre a origem dos R$ 800 mil, M�nica diz n�o saber.
"Eu n�o perguntei a ele: 'ministro de onde � que vem esse dinheiro?'. N�o cabia perguntar. Eu s� recebia o dinheiro. Como eu recebi da Odebrecht e n�o perguntava a eles de onde � que vinha o dinheiro deles. Como eu recebia do Eike e n�o perguntei de onde vinha", afirmou.
D�VIDA
Ainda conforme vers�o de M�nica, cerca de R$ 2 milh�es do caixa dois n�o haviam sido pagos ao final da campanha e Pimentel "evaporou".
Santana, ent�o, procurou a ent�o presidente Dilma, de quem recebera o pedido de fazer a campanha de Ananias.
Segundo M�nica, a ex-presidente Dilma tinha muito boa rela��o com Ananias e Pimentel.
"Pimentel sempre foi de muita confian�a da Dilma desde a ditadura. Ele era o chefe de campanha informal, que ele era ministro, ent�o n�o podia ter papel formal", diz M�nica.
Dilma, por sua vez, orienta o marqueteiro a buscar o ex-ministro Ant�nio Palocci, interlocutor junto do PT na Odebrecht, para saldar a d�vida.
A empreiteira quitou o valor por meio de dep�sitos na conta do casal na Su��a no ano seguinte.
OUTRO LADO
Procurado pela reportagem, o advogado Eug�nio Pacelli, defensor de Pimentel, afirmou que desconhece os termos da dela��o. "N�o comentamos mais as tentativas exitosas de delatores em se verem livres de suas responsabilidades por meio de mentiras desprovidas de qualquer elemento de prova", disse.
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