Campanha de Lula teve dinheiro pago em caixas de sapato, diz delatora
Paulo Lisboa/Folhapress | ||
M�nica Moura, mulher do marqueteiro Jo�o Santana, deixa PF em Curitiba (PR) em agosto de 2016 |
A mulher do marqueteiro Jo�o Santana, M�nica Moura, contou em seu acordo de dela��o premiada que recebeu cerca de R$ 5 milh�es em esp�cie em caixas de sapato e de roupas em uma loja de ch� do Shopping Iguatemi, em S�o Paulo.
Os pagamentos, segundo ela, eram referentes aos servi�os prestados por Santana � campanha de reelei��o do ex-presidente Lula, em 2006, e se estenderam pelo ano eleitoral e tamb�m por 2007. O teor da dela��o foi tornado p�blico nesta quinta (11) pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal).
As entregas, segundo a delatora, foram operacionalizadas pelo ex-ministro Antonio Palocci e feitas por Juscelino Dourado, ex-chefe de gabinete do petista.
M�nica contou que os repasses ocorriam na casa de ch� Tee Gschwendner, no Shopping Iguatemi e que viajava para S�o Paulo especialmente para pegar o montante.
"Dourado entregava sacolas com valores em dinheiro acondicionados em caixas de roupas, de sapatos, etc. Foram pagos desta maneira, de forma parcelada, cerca de R$ 5 milh�es", diz o anexo que cont�m o relato de M�nica.
O dinheiro fazia parte dos cerca de R$ 10 milh�es pagos por fora a Santana. Os outros R$ 5 milh�es repassados de maneira il�cita, segundo M�nica, foram pagos pela Odebrecht na conta da offshore Shellbill tamb�m entre 2006 e 2007.
A mulher de Santana contou que, ao todo, foram pagos aproximadamente R$ 24 milh�es ao casal, incluindo a parte que foi declarada.
FLAT PARA RECEBER DINHEIRO
J� na campanha de Marta Suplicy, na �poca filiada ao PT, para a prefeitura de S�o Paulo em 2008, M�nica contou que alugou um flat em Pinheiros, na capital paulista, somente para receber dinheiro em esp�cie.
"Saliente-se que o flat foi alugado apenas para receber os valores pagos de forma n�o oficial, diante da expressiva quantia paga em dinheiro. O aluguel durou tr�s meses", diz o anexo da dela��o de M�nica.
Tamb�m houve entregas em dinheiro em locais p�blicos, segundo M�nica.
Ela relata que a campanha de Marta custou em torno de R$ 18 milh�es, sendo que R$ 7,6 milh�es foram pegos oficialmente.
OUTRO LADO
Procurada, a defesa de Lula disse desconhecer as declara��es de M�nica Moura e que, " como foram prestadas em uma dela��o, elas nada provam".
"Dela��es s�o negocia��es que o Minist�rio P�blico Federal faz com pessoas que confessam a pratica de crimes e desejam sair da pris�o ou obter outros benef�cios", diz a nota enviada pelo advogado do ex-presidente, Cristiano Zanin Martins.
Ele afirmou que a imprensa tem denunciado que a For�a-Tarefa da Lava Jato passou a exigir refer�ncias a Lula como condi��o para aceitar dela��es. "O assunto foi oficialmente levado ao Procurador-Geral da Rep�blica para que seja investigado com isen��o, mas at� o momento desconhecemos qualquer provid�ncia nesse sentido."
Procurada, Marta disse estar "indignada".
"� uma mentira deslavada", respondeu a senadora, em nota enviada � imprensa. "[�] certamente motivada para envolver o maior n�mero de pessoas com um �nico objetivo: ter o que barganhar para obter impunidade nos crimes em que s�o acusados. Jamais participei ou tive conhecimento de negocia��es ilegais. Minha conduta sempre foi e est� baseada nos princ�pios �ticos que norteiam toda a minha vida."
Advogado de Palocci, Jos� Roberto Batocchio disse que a declara��o de Jo�o Santana tem de ser recebida com "extrema reserva" porque � "fruto de uma compuls�o psicol�gica".
"As pessoas t�m sido encarceradas e submetidas a press�o psicol�gica de tal forma que para obter a liberdade tenham de fazer essas declara��es."
Batocchio disse tamb�m que que seria "temer�rio fazer um pronunciamento assertivo" sem conhecer em min�cias o conte�do da declara��o.
"N�o se conhece com precis�o o exato teor dessa suposta dela��o. Independentemente disso, � certo que nessas 'dela��es � la carte' o card�pio que se apresenta para se oferecer liberdade � sempre o nome do ex-presidente e daquele que foi o principal ministro da economia do nosso pa�s. � o pre�o que est� sendo cobrado pela liberdade impune."
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