N�o sabia que Marisa visitou tr�plex, diz Lula em depoimento; veja v�deos
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Lula presta depoimento ao juiz Sergio Moro, nesta quarta (10) |
O juiz Sergio Moro deu in�cio � audi�ncia, na tarde desta quarta (10), em Curitiba, assegurando que o ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva (PT) iria ser "tratado com o m�ximo respeito, como qualquer acusado, igualmente pela condi��o do cargo que o senhor ocupou no passado, o senhor ex-presidente pode ficar absolutamente tranquilo quanto a isso".
Enquanto Lula apenas assentia com a cabe�a, Moro procurou "tranquilizar" Lula que ele n�o teria possibilidade de ser preso no depoimento.
Lula foi ouvido por quase cinco horas em audi�ncia fechada. Nesse processo, em que � r�u, o ex-presidente � acusado de receber propina da empreiteira OAS em troca de benef�cios � empresa na Petrobras nos governos petistas.
"Queria deixar claro que, em que pesem algumas alega��es nesse sentido, de minha parte n�o tenho qualquer desaven�a pessoal em rela��o ao senhor ex-presidente, certo? O que vai determinar ao final v�o ser as provas que v�o ser colecionadas e a lei. Tamb�m vamos deixar claro que quem faz a acusa��o nesse processo � o Minist�rio P�blico, n�o o juiz", afirmou Moro.
Em resposta � fala de Moro sobre eventuais "perguntas dif�ceis", que n�o consistir�o em afirma��es. "N�o tem pergunta dif�cil, doutor, quando algu�m quer falar a verdade, n�o tem pergunta dif�cil", interveio o ex-presidente.
Assista:
No depoimento, o ex-presidente foi questionado por Moro sobre troca de mensagens de executivos da OAS que tratam das reformas no s�tio e no tr�plex. "Eu n�o sou obrigado a responder mensagens de duas pessoas alheias a mim", disse Lula, em tom de irrita��o. "Eu vim aqui preparado para responder tudo o que perguntarem e pra n�o ficar nervoso. Se tem uma coisa que eu me preparei � pra n�o ficar nervoso".
O petista afirmou s� ter tratado do tr�plex em Guaruj� com L�o Pinheiro, da OAS, em uma visita do s�cio da empresa ao Instituto Lula e no dia em que o petista foi visitar o pr�dio. "Nunca mais tratei de tr�plex, nem de 'quatruplex'", disse.
O ex-presidente tamb�m foi questionado sobre contatos telef�nicos entre Pinheiro e Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula, que antecederam visita do s�cio da OAS � entidade que leva o nome do petista.
Sobre os contatos, disse que "os dois s�o vivos, pode perguntar para eles", rindo. O petista afirmou ainda que "o L�o n�o tratava de tr�plex, o L�o tratava de empresa, o L�o tratava de economia".
Moro perguntou se houve alguma conversa sobre o pre�o do apartamento com o L�o Pinheiro.
"Houve. Em 2013, no Instituto, estava comigo o companheiro Paulo Okamotto, e o L�o come�ou a mostrar a ideia do apartamento. O Okamotto perguntou quanto era o metro quadrado, e o L�o respondeu um valor que eu n�o me lembro qual, e o Okamotto s� falou: 'voc� sabe, L�o, que o pre�o tem que ser o de mercado, mas eu sou contra o Lula comprar'. Foi s� isso"
O juiz citou o valor que a OAS teria desembolsado com as reformas supostamente feitas para Lula no apartamento —segundo a investiga��o, Lula foi beneficiado com R$ 2,3 milh�es com a reserva do im�vel e a obra. Perguntou se ele alguma vez conversou sobre isso.
"N�o. At� porque nunca falei de reforma. Como eu considero esse processo ileg�timo e a den�ncia uma farsa, eu estou aqui em respeito � lei, � nossa constitui��o, mas com muitas ressalvas aos procuradores da Lava Jato", disse Lula.
Assista:
VISITAS AO TR�PLEX
Moro questionou Lula sobre uma visita ao tr�plex da ex-primeira-dama Marisa Let�cia, em agosto de 2014, �poca em que Lula diz que j� havia desistido da compra do im�vel.
Lula disse: "Eu n�o sabia que tinha tido visita. N�o sei o senhor tem mulher, mas nem sempre ela pergunta para a gente o que vai fazer."
O petista afirmou que Marisa esteve no apartamento uma segunda vez com o filho Fabio, mas que ele s� soube depois. N�o soube dizer quanto tempo depois veio a saber.
"Certamente ela ia dizer que eu n�o queria mais o apartamento, porque, quando fui ao apartamento, eu percebi que era praticamente inutiliz�vel por mim pelo fato de eu ser, independentemente da minha vontade, uma figura p�blica e eu s� poderia ir naquela praia ou segunda-feira ou Quarta-Feira de Cinzas", afirmou o ex-presidente.
Lula, ent�o afirma que descartou imediatamente a compra do triplex, mas que sua mulher ainda tinha d�vidas. "Eu n�o ia ficar com o apartamento, mas a Dona Marisa ainda tinha d�vida se ia ficar para fazer neg�cio, ou n�o."
Moro perguntou se ela decidiu n�o ficar. "N�o discutiu comigo mais", ele respondeu.
Lula afirmou que "n�o sei por que, mas n�o comuniquei" a L�o Pinheiro que n�o ia ficar com o apartamento.
Assista:
O juiz questionou o petista sobre testemunhas que disseram que o apartamento estava sendo preparado para o ex-presidente. O advogado de Lula fez uma interven��o e pediu que Moro especificasse quais testemunhas. Lula, ent�o, interv�m: "Eu posso falar? Eu quero evitar que o senhor brigue muito com o meu advogado".
Moro respondeu: "� o seu advogado que est� brigando, eu estou tentando fluir com a audi�ncia". Lula e o advogado d�o risada, em um momento de descontra��o.
Lula mencionou a morte de Marisa, em fevereiro. "Eu s� queria, dr. Moro, pedir uma coisa: � muito dif�cil para mim toda hora que o senhor cita minha mulher sem ela poder estar aqui para se defender", afirma Lula.
"Eu n�o estou acusando ela de nada, senhor ex-presidente", respondeu o juiz.
"Eu sei que n�o, mas o sr. pergunta coisa, se eu vi, se eu n�o vi. � uma pena... E uma das causas que ela morreu foi a press�o que ela sofreu", afirmou o petista.
Assista:
'M�S LULA''
Lula afirmou que este per�odo ser� conhecido como "m�s Lula".
"O que aconteceu nos �ltimos 30 dias vai passar para a hist�ria como o m�s Lula. Porque foi o m�s em que voc�s trabalharam, sobretudo o Minist�rio P�blico, para trazer todo mundo para falar uma senha chamada Lula. O objetivo era dizer Lula. Se n�o dissesse Lula, n�o valia."
"O senhor entende que existe uma conspira��o contra o senhor?", questiona Moro.
"N�o, eu entendo e acompanho pela imprensa, que pessoas como L�o Pinheiro, que est� j� h� algum tempo querendo fazer dela��o. Primeiro ele foi condenado a 23 anos de cadeia. Depois se mostra na televis�o como se vive a vida de nababo dos delatores. [...] Delatar virou quase o alvar� de soltura dessa gente. [...] O contexto est� baseado num Power Point malfeito mentiroso da Opera��o Lava Jato", respondeu.
IRRITA��O
O ex-presidente se irritou ao ser seguidamente questionado pela Procuradoria sobre se havia perguntado a Jo�o Vaccari Neto, ex-presidente do PT, se ele tinha recebido vantagens indevidas em nome do partido, conforme relataram delatores.
Inicialmente, Lula disse que n�o conversava de finan�as do PT porque n�o integrava a dire��o do partido. Ap�s insist�ncias para responder se havia questionado Vaccari, disse: "N�o importa se eu perguntei ou n�o. Ele sempre negou. Negou pela imprensa, negou publicamente". Depois, disse que "n�o interessa se eu perguntei ou n�o".
Como o procurador insistia na pergunta, Lula disse: "Para acabar com a nossa pol�mica aqui, vamos dizer. Eu perguntei e ele disse que n�o. (...) T� bem assim? Porque voc� precisava de qualquer jeito uma resposta e ent�o eu estou dando a resposta. Ia ficar nesse trocadilho entre o procurador e um ex-presidente, ent�o eu quero resolver isso. (...) Espero que n�o seja por essa resposta minha que eu seja condenado".
Ap�s o fim das perguntas da Procuradoria, o ex-presidente pediu um intervalo antes de seguir para perguntas de advogados. "Vamos fazer um intervalo de dois minutos? Eu sou o �nico velhinho aqui, gente."
Assista:
IMPEACHMENT
Moro tamb�m perguntou a Lula sobre a nomea��o de Paulo Roberto Costa para uma diretoria da Petrobras com o apoio do Partido Progressista.
"O presidente da Rep�blica n�o toma conta de todos os cargos do governo, nem � poss�vel. Se um presidente da Rep�blica tem confian�a, e quando ele comp�e o minist�rio ele comp�e com pessoas que ele confia, ele delega."
O ex-presidente falou que o contato com a base era constante. "Eu fazia reuni�es sistem�ticas com os l�deres de partido. Se a presidente Dilma tivesse me seguido, n�o teria tido impeachment", disse Lula.
CR�TICAS A MORO
Ao final de seu depoimento, Lula fez refer�ncia � famosa apresenta��o em Power Point feita pela for�a-tarefa da Lava Jato. "Estou sendo julgado pela constru��o de um Power Point mentiroso. Aquilo � ila��o pura. Aquilo deve ter sido um ou alguns cidad�os, com todo respeito, que, desconhecendo a pol�tica, fizeram um Power Point porque j� tinham a tese anterior de que o PT era uma organiza��o criminosa e que o chefe era o Lula e que o Lula montou o governo pra roubar"
O petista fez uma declara��o a Moro.
"Estou sendo v�tima da maior ca�ada jur�dica que um pol�tico brasileiro j� teve. Eu quando fui eleito, eu tinha um compromisso de f�. Eu me espelhava no [Lech] Walesa na Pol�nia, que depois de ter sido presidente tentou se reeleger e teve apenas 0,5%"
Lula conclui sua fala criticando Moro por decis�es tomadas por ele, como o fato de ter sido alvo de condu��o coercitiva e o vazamento de grava��es envolvendo sua mulher, Marisa.
"O senhor sem querer talvez entrou nesse processo, porque o vazamento de conversas da minha mulher e com meus filhos, foi o sr. que autorizou. Eu n�o tinha o direito de ter minha casa molestada sem que eu fosse intimidado para uma audi�ncia, doutor. Ningu�m nunca me convidou. De repente, eu vejo um pelot�o da PF, levantaram at� um colch�o da minha casa achando que eu tinha dinheiro, doutor", disse Lula.
Ele tamb�m fez tamb�m um alerta a Moro:
"Eu queria lhe avisar uma coisa, esses mesmos que me atacam hoje, se tiverem sinais de que eu serei absolvido, prepare-se, porque os ataques ao sr. v�o ser muito mais fortes", afirmou.
Moro respondeu: "Infelizmente, eu j� sou atacado por bastante gente, inclusive por blogs que supostamente patrocinam o senhor. Ent�o, pade�o dos mesmos males em certa medida", declarou o juiz.
Assista:
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